As doenças cardiovasculares são a principal causa de mortes no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Para evitá-las, existem uma série de ações recomendadas pelos médicos e ressaltadas pelas diretrizes da American Heart Association em uma lista chamada Life´s Essential 7.
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Até pouco tempo atrás, essas diretrizes eram sete: parar de fumar, comer melhor, se manter ativo, controlar o peso e a pressão arterial, controlar o colesterol e diminuir o açúcar no sangue. Em junho deste ano, porém, a lista ganhou um item: a qualidade do sono.
De acordo com a Associação, ter um sono saudável não apenas contribui para melhorar a disposição e a qualidade de vida, mas também é um fator essencial para manter a saúde cardiovascular. A Life´s Essencial 7 passou a se chamar Life´s Essencial 8, tendo considerado, para tanto, pesquisas que mostraram que a prevenção das doenças cardíacas também passa pela rotina de dormir bem.
Gleison Marinho Guimarães, médico especialista em Pneumologia pela UFRJ e pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), informa que “já existiam sete fatores de risco considerados na lista da American Heart Association e agora a Associação incluiu não apenas os distúrbios do sono, mas as características de qualidade e duração do sono. Isso é muito positivo, porque antes era preciso realizar um exame para checar se o paciente possuía algum distúrbio e, com isso, tinha mais risco cardiovascular. Agora se torna muito mais fácil calcular”, explica.
Para acrescentar o sono na lista de fatores de risco cardiovasculares, a American Heart Association considerou os resultados de uma pesquisa chamada Estudo Multiétnico da Aterosclerose (MESA, em inglês). Foram analisados registros de sono de cerca de 2.000 adultos de meia-idade ou mais velhos, que preencheram questionários e usaram um dispositivo que permitiu que cientistas pudessem observar seu comportamento durante o sono ao longo de sete dias.
A pesquisa mostrou que 63% dos adultos pesquisados dormiam menos de sete horas por noite e 30% dormiam menos de seis horas. O tempo ideal, de acordo com o estudo, seria entre sete e nove horas por noite. Quem dormiu menos de sete horas mostrou que prevaleciam outros fatores de risco para doenças do coração, como diabetes tipo 2, pressão alta e obesidade. “A curta duração do sono está relacionada a outras questões. Um sono ruim aumenta muito o risco cardiovascular”, explica Guimarães.
Além disso, o sono ruim também estaria ligado a uma dieta menos saudável e mais rica em calorias, além de menor prática de atividade física. “Para se ter ideia, a duração curta do sono aumenta o risco de morte ou desenvolvimento de doença coronariana em até 48%. E acrescenta 15% ao risco de acidente vascular cerebral.”, diz.
Na publicação realizada no “Journal of the American Heart Association”, a Associação afirma que o alcance de uma vida saudável está tradicionalmente ligado à dieta e atividade física, mas deveria ser ampliado para comportamentos ao longo do período de 24 horas, inclusive, o ato de dormir. “Os profissionais dos cuidados com a saúde deveriam avaliar os padrões de sono de seus pacientes, os problemas relacionados ao dormir e educá-los sobre a importância de priorizar o sono para promover a saúde cardiovascular”, explica.
Para o Dr. Guimarães, a inclusão da questão do sono na lista da American Heart Association é interessante, pois agrega não somente os distúrbios do sono, mas as questões qualitativas do sono. “É uma visão mais holística com relação a problemas de sono mais leve, por exemplo, em vez de focar só nos distúrbios quando se trata de risco cardiovascular. Eu diria que foi um ganho para a medicina do sono e para a população em geral”, avalia.
Sobre Gleison Marinho Guimarães
É médico especialista em Pneumologia pela UFRJ e pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), especialista em Medicina do Sono pela Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS) e em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB).
Possui certificado de atuação em Medicina do Sono pela SBPT/AMB/CFM, Mestre em Clínica Médica/Pneumologia pela UFRJ, membro da American Academy of Sleep Medicine (AASM) e da European Respiratory Society (ERS). É também diretor do Instituto do Sono de Macaé (SONNO) e da Clinicar – Clínicas e Vacinas, membro efetivo do Departamento de Sono da SBPT. Atuou como coordenador de Políticas Públicas sobre Drogas no município de Macaé (2013) e pela Fundação Educacional de Macaé (Funemac), gestora da Cidade Universitária (FeMASS, UFF, UFRJ e UERJ) até 2016.
Professor assistente de Pneumologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Campus Macaé. Para mais informações, acesse https://drgleisonguimaraes.
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