O câncer de mama é o tipo mais incidente de tumor entre as mulheres brasileiras. Sabe-se que a detecção precoce da doença, por meio de autoexames, de mamografia e por check-ups anuais, é imprescindível para um tratamento eficiente. Historicamente marginalizadas pela sociedade, acompanhantes sexuais se atentam aos cuidados com a saúde.
De acordo com um levantamento exclusivo realizado pela Fatal Model, maior plataforma de anúncio de acompanhantes no Brasil, 44% das profissionais realizam exames preventivos a cada seis meses. Embora 99% considerem importante a realização de consultas preventivas regulares, 18% nunca fizeram nenhum tipo de exame.
“É essencial estarmos atentas aos sinais que nosso organismo nos dá. A prevenção de doenças, como o câncer de mama, deve ser uma prioridade em nossas vidas. Cuidar de nossa saúde é um ato de amor próprio”, afirma Nina Sag, pós-graduanda em Sexologia e diretora de comunicação da Fatal Model.
Há, no entanto, muita desinformação veiculada acerca do tema, o que afasta mulheres de um diagnóstico precoce e as posiciona em um cenário ainda mais nebuloso e preocupante, devido ao aumento de casos de câncer de mama em mulheres abaixo dos 40 anos.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 4% dos casos de câncer de mama ocorrem em mulheres com essa faixa-etária. Além disso, de acordo com o Panorama do Câncer de Mama, entre o período de 2015 a 2022, foram registrados 117.984 novos casos de câncer de mama entre pessoas de 30 a 49 anos.
“A detecção precoce e a informação adequada podem fazer uma grande diferença no tratamento e na recuperação. A alta prevalência do câncer de mama ressalta a importância de campanhas de conscientização e exames regulares. O diálogo aberto, o cuidado das mulheres em se tocar e observar alterações em sua mama são pontos que ajudam a salvar vidas”, destaca Dra Flávia Magalhães, médica formada pela UFMG e com mais de 15 anos de experiência na área da saúde.
Adiante, ressalta-se a importância de haver acompanhamento especializado em ginecologia, respeitando a periodicidade das consultas. “É essencial que a mulher mantenha um acompanhamento ginecológico regular, anualmente, desde a menarca. Além disso, estimula-se que o autoexame se inicie aos 20 anos, enquanto que as mamografias são recomendadas a partir dos 40 anos, quando não há alterações no exame físico”, diz a médica.
Segundo o Instituto, foram estimados 73,6 mil casos de câncer de mama para cada ano do triênio 2023-2025. Entre as profissionais do sexo, 43% afirmaram ter familiares ou amigas próximas que já foram diagnosticados com o tumor, enquanto 11% já enfrentaram a doença ou outras enfermidades relacionadas à saúde da mulher, conforme aponta o estudo da Fatal, que ouviu mais de cinco mil acompanhantes.
Ainda, a saúde sexual é invisibilizada em conversas sobre as transformações enfrentadas pelas diagnosticadas. Os efeitos colaterais do tratamento oncológico trazem prejuízos para a intimidade feminina: a quimioterapia pode causar ressecamento e atrofia vaginal, enquanto cirurgias como a mastectomia as podem privar de sensações essenciais para a excitação sexual e o orgasmo.
“A saúde sexual é uma parte fundamental do bem-estar feminino. Os efeitos colaterais do tratamento oncológico não apenas impactam a saúde física, mas também a intimidade e a sexualidade. É crucial que esses temas sejam abordados abertamente, para que as mulheres possam recuperar não só a sua saúde, mas também a sua sexualidade e autoconfiança”, relata Nina Sag.
Os estigmas em torno da doença, que envolvem o medo e a insegurança, também geram falsas crenças. Uma pesquisa realizada pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) revelou que 63% das mulheres acreditam que o autoexame é a principal medida de detecção precoce do tumor na mama. No entanto, o ato não é capaz de identificar lesões pré-malignas — ou seja, não as consegue descobrir, quando elas podem ser tratadas mais facilmente.
O câncer de mama tem origem a partir do acúmulo de fatores de riscos ao longo da vida. Os sintomas característicos são: caroço, geralmente endurecido, fixo e indolor; pele da mama avermelhada; alterações no bico do peito; saída espontânea de líquido de um dos mamilos; e pequenos nódulos no pescoço ou nas axilas.
“É essencial informar à população sobre os fatores que podem aumentar o risco do câncer de mama, como histórico familiar, idade, estilo de vida e condições hormonais. Além disso, devemos estimular hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, atividade física e controle do peso. Todos estes aspectos favorecem uma abordagem precoce.”, explica a médica.
O SUS (Sistema Único de Saúde) registrou 4,4 milhões de mamografias em 2023. Destas, 4,02 milhões tinham o objetivo de rastreamento. É preciso que as esferas governamentais trabalhem na expansão da cobertura desses exames, especialmente entre mulheres de 50 a 69 anos, principal faixa etária atingida pelo tumor. No mais, medidas são necessárias para impedir a desigualdade socioeconômica nos atendimentos.
Flávia conclui seu depoimento frisando que os pacientes devem ser amparados por suas famílias. Acolhimento é fundamental para que haja uma boa recuperação: “E não podemos esquecer do amparo ao paciente e familiares nos aspectos psicológicos e sociais diante do diagnóstico. A informação sobre os caminhos a se percorrer no tratamento, os locais de apoio pelo sistema de saúde e o acolhimento psicológico são fundamentais para garantir a adesão ao tratamento e melhor prognóstico do paciente.”