Solteira sim, sozinha nunca? Você é feliz mesmo não tendo um namorado? Não há mulher que nunca tenha ouvido isso ou conversado sobre o assunto com as amigas. Apesar de em pleno 2016 as várias respostas possíveis para as perguntas acima ainda causarem estranheza, Hollywood se propôs a falar sobre a solteirice da mulher moderna e prometeu uma abordagem mais realista no filme ‘Como Ser Solteira’, lançado no último fim de semana.
E, apesar das críticas concordarem que é uma comédia romântica bem feita e divertida, como reprodução do comportamento, a obra estrelada por Dakota Johnson e Rebel Wilson não cumpre o combinado e cai em muitos estereótipos. O principal deles é como as personagens passam o filme tentando engatar um namoro. Quando, na verdade, o que o público esperava era ver na telona de maneira menos caricata a principal dualidade de ser solteira, que é ao mesmo tempo estar em busca de alguém e querendo se apaixonar, mas também viver plenamente e não deixar que este período se torne apenas uma sala de espera entre dois relacionamentos.
Na trama, Dakota Johnson, protagonista de ’50 Tons de Cinza’, é Alice. Ela namorou a vida toda, mas decide dar uma reviravolta quando se muda para Nova York, desfaz o relacionamento, mora sozinha pela primeira vez e arruma um novo emprego. Ela aprende então a curtir a noite e se divertir na balada com a companhia divertidíssima de Robin, papel de Rebel Wilson. Além da dupla, há também a história de Meg (Leslie Mann) que tem a vida profissional como foco, mas quer ter um filho e Lucy (Alison Brie), retratada como a desesperada que corre atrás de um namoro em aplicativos de paquera.
O filme, dirigido por Christian Ditter (também diretor de ‘Simplesmente Acontece’) e com roteiro de Dana Fox (‘Vestida para Casar’ e ‘Jogo de Amor em Las Vegas’), foi inspirado no livro ‘Como Ser Solteira’, de Liz Tuccillo, americana roteirista de ‘Sex and the City’ e coautora do best-seller ‘Ele Simplesmente Não Está A Fim de Você’.
As histórias do livro e do filme são bem diferentes e um se tornou apenas uma citação do outro. Enquanto o longa se concentra em Manhattan, para escrever o livro Liz colocou a mochila nas costas e percorreu vários países para entender como as mulheres modernas lidam com o fato de estarem solteiras e, principalmente, como respondiam a uma pergunta que a incomodava: por que você ainda está sozinha?
Em linhas gerais, ela descobriu que os relacionamentos são inevitavelmente recheados de clichês iguais em todos os cantos, mas reparou em algumas diferenças culturais. “Na Islândia, por exemplo, percebi que realmente não há pressão nenhuma para se casar ou estar em uma relação. As pessoas não julgam e parecem muito abertas para esta realidade. Na França comprovei o que dizem de que as francesas são naturalmente confiantes”, contou.
E no Brasil? Liz passou vários dias no Rio de Janeiro e observou que o maior desafio por aqui é a fidelidade. “Não quero generalizar, mas o que mais as mulheres reclamam em relação aos homens é de não serem muito fieis. Há muita discussão sobre ter muitas opções e talvez ser mais difícil ficar com uma pessoa só”.
Seja no Brasil, na Itália, no Japão ou na Austrália, o que importa é se aceitar, ser feliz e levantar a discussão, por isso o Virgula colocou a autora na roda para nos dizer o que mais ouviu e aprendeu sobre solteirice neste tempo na estrada. Com a palavra, Liz Tuccillo.
1) Nem tudo tem explicação!
Viajei o mundo todo e em todos os lugares as mulheres reclamam dos homens e vice-versa. Na verdade, elas reclamam muito mais do que eles. Acredito que isso acontece porque estamos tentando arrumar explicações para entender o quanto é difícil encontrar alguém que valha a pena passar a vida ao lado.
2) Será que é sorte?
Acho que a solteirice é uma condição e não uma escolha. Conheci muitas mulheres que não pareciam estar preparadas para um relacionamento e encontraram alguém. E também vi mulheres fantásticas que estavam mais que preparadas, mas por alguma razão não tinham encontrado ninguém. Não tem uma regra para entender porque algumas pessoas ficam mais solteiras que outras. Outro ponto que percebi é que homens e mulheres que não estão preparados podem sim afastar as pessoas. Uma boa dica para perceber em que pé você está é quando nota estar disposto para sair e conhecer alguém. Quando está disposto a dar uma nova chance.
3) E os namoradinhos?
Os estereótipos que a solteirice carrega são complicados. Eu acho que quando se está sozinha, as pessoas se sentem no direito de analisar mais seu comportamento para tentar entender o motivo de estar solteira. Eu definitivamente não gosto disso! As coisas mudaram muito, mas o mundo ainda é feito nos padrões para casais e famílias e se você é uma mulher adulta e solteira, está sempre um pouco fora disso.
4) Tem muita gente boa por aí!
A melhor coisa de se estar solteira é ter o momento para se divertir. Use este tempo para aprender mais sobre você e realmente investir nas amizades. Quanto mais velha eu fico, mais percebo que os amigos podem ser nossa família e isso é muito valioso. E também quanto mais velho se fica, menos tempo se tem para passar com os amigos, para estreitar estes laços. Então eu digo, passe todo o tempo possível com seus bons amigos! Você pode até pensar que está apenas se divertindo, mas estas são as pessoas que possivelmente estarão com você até o fim da sua vida.
5) Não tem nada de errado com você!
Discordo totalmente de falarem que as mulheres estão cometendo algum “erro” que as faz serem solteiras. Esta é a ideia que eu não gosto! Não devem pensar que é culpa delas e que fizeram algo errado. E também não sou aquela que diz “quem liga para ter um namorado, é ótimo ficar sozinha”. Acho que é real nossa necessidade por companhia. É real o relógio biológico e também a vontade de algumas em ter uma família. Mas há algumas coisas que estão fora do controle, por isso o que podem fazer é sair, se divertir, serem amigáveis e gentis consigo mesmas! É clichê e até estúpido, mas se eu puder dizer algo é que realmente o melhor a fazer é amar a si mesma!