Julieta Benoit Malli

Cantora, compositora e baixista, Malli personifica o momento em que a mulher está assumindo o poder em todas as frentes. Após ter lançado recentemente o clipe de La Nave Va, ela prepara seu disco de estreia. “Essa questão de igualdade de gênero é bem natural pra mim, pra minha alegria eu venho de uma geração de mulheres bem libertas. Minha mãe é bioquímica e já fez descobertas que ajudaram na cura e identificação do câncer”, contextualiza.

“Acho que lugar da mulher é no laboratório, é rebolando num collant de couro, é swingando no baixão pra alguém cantar, e até na cozinha e no tanque: lugar de mulher é onde ela quiser. As pessoas aprendem muito por osmose e observação, por isso acho que pra ajudar nesse processo é exercermos todas as nossas potências”, argumenta.

Malli tocou baixo na última terça de Carnaval, no trio elétrico do bloco Pagu. Uma das características do bloco foi ter o combate ao racismo e machismo e uma bateria formada só por mulheres, que seguiram atrás do trio, e um repertório com músicas gravadas por ícones como Elza Soares, Marina Lima, Rita Lee, Daniela Mercury, Beth Carvalho, Carmem Miranda, Elis Regina, Marisa Monte, Gal Costa, Maria Bethânia, Dona Ivone Lara, Alcione, Baby do Brasil, Margareth Menezes, Elba Ramalho, entre outras.

A gangue das minas teve ainda Bárbara Eugênia, Julia Valiengo (da Trupe Chá de Boldo) e Maria Soledad como cantoras e a virtuosa Marcelle Barreto no teclado. Perguntamos para Malli sobre a diferença entre tocar em um trio e no palco e se politica e Carnaval combinam. “Foi bem diferente tocar em trio elétrico. Primeiro, porque balança pra caramba, depois tem o lance das cantoras e banda estarem em cima e a bateria embaixo, o que exige uma conexão bem forte. Mas é uma delícia fazer música em movimento, arrastando uma multidão de gente atrás. A galera estava feliz, foi lindo! Acho que política combina com tudo quando se tem um ponto de vista a defender”, afirma.

Em relação ao que está acontecendo de mais novo na música brasileira hoje, Malli opina: “Acho que o novo, agora, é poder fazer música sem saber tocar, o que os programas de gravação hoje permitem. Uma pessoa que não estudou música pode se expressar musicalmente muito bem, às vezes até de forma genial. Ouvi dizer que o Jaloo, por exemplo, produziu o som sem saber o nome das notas… E tem coisas incríveis no disco dele”, elogia.

O primeiro álbum de Malli está sendo produzido por Rafael Castro. Luísa Maita, Marcela Bellasm Eristhal, Tatá Aeroplano e Fabiano Boldo estão entre os músicos convidados ou que fazem participação especial.

“Está bem diferente do Blossom (EP lançado em 2014) esse discão novo. Todas as baterias são eletrônicas, a linguagem está bem mais pop. Mas, no final, tudo tem meu tempero né (risos). Não vejo a hora de botar todo o meu trabalho novo ‘na roda’, esse eletro-pop com produção do Rafael Castro ainda vai dar muito o que falar”, promete. Já está dando, Malli.


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Yes, nós temos eletro-pop brasileiro: de baixista à diva, Malli prepara álbum de estreia

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