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O novo disco de Michael Jackson, Xscape, segundo álbum póstumo, elaborado a partir de descartes de material que remontam aos anos 80 e será lançado mundialmente amanhã, terça-feira (13), levantam a questão: não é mais desejável um descarte do “rei do pop” do que qualquer novidade de um aspirante a sucedê-lo?
É melhor, comparado consigo mesmo. Mesmo com seu último álbum em vida, Invincible (2001), e com Michael, gravado originalmente em 2007 e lançado após a morte do cantor em 2009, não é preferível um álbum composto por faixas desprezadas de seus melhores anos em vez do relato desconexo e sem pegada de sua etapa crepuscular?
A partir destas duas premissas, e do debate moral que sempre acompanha a publicação póstuma de qualquer material desprezado pelo próprio autor em vida, Xscape será lançado nesta terça-feira em duas edições, padrão e deluxe.
Na divulgação para a imprensa, antes de começar a música, aparece em vídeo um dos magnatas do negócio, L.A. Reid, presidente da Epic Records, que com o aval da família Jackson teve acesso ilimitado aos arquivos do cantos, quatro décadas de material.
Foram selecionados oito cortes gravados entre 1983 e 1999, só oito, do que se pode deduzir que L.A. escolheu o melhor do melhor, mas que a bem da verdade não tem a estatura do poderoso legado do autor de “Thriller”, “Billy Jean”, “Bad”, “Smooth Criminal”, “Black or White”, “Scream”, “Man in the Mirror”, “Stranger in Moscow”.
“A música e a arte moderna seriam completamente diferentes sem as revolucionárias contribuições que MJ presenteou ao mundo,” comentou Reid. “Michael deixou algumas interpretações musicais que nos orgulhamos de apresentar ao mundo através da visão de produtores musicais com quem ele trabalhou diretamente ou com quem desejou trabalhar”, assegura a continuação.
Por isso foram recrutados talentos como Rodney “Darkchild” Jerkins (que produziu “You rock my world”), a equipe norueguesa Stargate (muito influenciados pelo “rei do pop”) e John McClain (produtor executivo do patrimônio de Jackson e produtor do terceiro trabalho de sua irmã mais nova, Janet).
Todos eles trabalharam sob a batuta de um dos “rei Midas” da indústria americana, Timothy Zachery Mosley “Timbaland”. Ele produziu o elogiado álbum de Justin Timberlake, “FutureSex/LoveSounds” (2006), quem é considerado por muitos o sucessor do trono pop. Para arredondar a aposta, Timberlake une sua voz à de Jackson em uma versão do single “Love never felt sob good” que foi incluída na edição deluxe do disco.
Escrito por Jackson e Paul Anka, não faltou à canção seus velhos clássicos e abre a edição padrão com aquele toque encantador de “The girl is mine”, mas coberto por uma camada de um funk brincalhão e inofensivo, bem quando o estilo vive bons tempos após o sucesso de “Get Lucky” de Daft Punk.
Em resumo, as canções fadadas ao esquecimento da melhor época de Jackson soam muito mais consistentes que “Michael”, mas sua fidelidade à nostalgia, que pode fazer deste um disco agradável e desejável, são o ponto mais controverso do que MJ representou para a música.
Em “Xscape” não há espaço para a surpresa, apesar de, como paradoxalmente está no encarte, “Michael Jackson nunca foi conservador” e concebia cada álbum como uma forma de “inspirar a próxima geração”.