X-Japan


Créditos: nishioka

O X Japan, banda que toca em São Paulo no próximo domingo (11), é o maior grupo de rock da história do Japão. Simples assim. Pioneiros em um estilo de vestir copiado por diferentes gerações de roqueiros de olhos puxados, venderam 30 milhões de álbuns, singles e vídeos e gravaram com o produtor dos Beatles, George Martin. No funeral de seu guitarrista hide, morto em 1998, cerca de 50 mil fãs prestaram homenagem. O grupo ainda é pouco conhecido do grande público fora da Ásia, mas tem planos de conquistar o mundo.

O show na capital paulista será o primeiro do X Japan em solo verde-amarelo e faz parte de uma turnê mundial que chega à América Latina depois de passar por América do Norte, Europa e Ásia. Em breve, visando o mercado internacional, o grupo deve lançar um disco com a maior parte das canções em inglês (fato inédito na história da banda, que não lança um álbum há 15 anos).

O baterista Yoshiki e o vocalista Toshi fundaram o X Japan em 1982. Em uma sociedade homogênea e coletivista como a japonesa, eles optaram pelo grito de independência e foram precursores do visual kei, vertente japonesa do heavy metal que abusava de roupas extravagantes e da maquiagem pesada (podemos dizer até que Lady Gaga ficaria no chinelo, se comparada a outros artistas do gênero). Com o tempo, o grupo deixou o figurino em segundo plano, mas influenciou novos artistas japoneses. Suas canções transitam entre baladas melódicas, com direito a pianinho, e ao speed metal nervoso.

A banda esteve parada entre o fim de 1997 e o começo de 2007, em razão da saída de Toshi. A reunião aconteceu em junho de 2007, com o anúncio de uma turnê. Eles realizaram seu primeiro show fora da Ásia no prestigioso festival Lollapalooza (Estados Unidos), em 2010. Era o começo da tentativa de conquista do Ocidente, que os brasileiros poderão conferir de perto neste final de semana.

O Vírgula Música conversou com o líder e principal compositor da banda, Yoshiki. Ele falou sobre ambições, disco novo e Brasil. Veja abaixo.

Como vocês aceitam o título de “a maior banda do Japão”, tão reproduzido pela mídia especializada internacional?

É uma honra saber que as pessoas nos chamam dessa forma, mas sabemos apenas que somos o X.

Apesar de a banda ter sido fundada há quase três décadas, o grupo investiu em uma carreira internacional apenas em 2010, quando fizeram grandes shows nos Estados Unidos. Por quê?

Nós queríamos ir à América há muitos anos, mas houve problemas. A banda decidiu acabar, então hide (guitarrista) morreu em 1998, e achamos que nunca mais seríamos o X Japan. Após o término da banda, no mesmo ano, Toshi e eu não nos falamos por nove anos. Em 2007, ele me ligou do nada e começamos a trocar ideias. O começo era consertar nossa amizade, que era mais importante do que qualquer outra coisa. As pessoas começaram a nos falar que a música do X Japan estava se espalhando pelo mundo, por causa da Internet, e uma nova base de fãs se criou. Nós tocamos alguns shows de “reunião” e, em 2010, estávamos prontos para tocar nosso primeiro show nos Estados Unidos, no festival Lollapalooza. Era o timing certo!

Como tem sido a turnê na América do Norte e Europa? Quais foram os melhores lugares para tocar?

Honestamente, todos os shows na América do Norte e na Europa foram ótimos. Quando tocamos em Londres, dissemos uns aos outros, “foi nosso melhor show”. Então tocamos em Paris algumas noites depois e dissemos, “esse foi o melhor show”. E então tocamos em Utreque e em Berlim e dissemos a mesma coisa.

Por que as roupas extravagantes e a maquiagem eram tão importantes no começo do X Japan? Não vemos muitas bandas hoje que sigam o visual de vocês ou do David Bowie ou do Kiss. Por quê?

No começo, todo mundo dizia o que fazer e odiávamos isto. Havia regras demais no rock. Se você tocava speed metal, não deve colocar maquiagem; se toca hard rock, não pode ter um moicano. Nós dissemos, “foda-se isso, vamos fazer o que quisermos”. Tínhamos moicanos e espinhos e quimonos para combinar tudo isso em um estilo. Acho que há muitas bandas desconhecidas por aí seguindo esse movimento; você só não vê sob um aspecto comercial.

Como está o progresso nos trabalhos do novo disco?

Estamos com 90% do trabalho concluído no novo disco. Metade dele terá alguns de nossos maiores hits e a outra metade é todo feito de músicas novas em folha. Quase todo o álbum é cantado em inglês. Traduzir as letras originais em japonês para o inglês foi bastante trabalhoso. Por algum motivo, o inglês precisa de mais palavras, então acabei escrevendo muitas das letras, mas mantive a mensagem. Há músicas que falam sobre morte, tristeza e lamentação, mas, por sua vez, há mensagens bastante positivas também. Nossa música é tudo entre o rápido, o rock super pesado e as baladas com pianos clássicos.

O baixista Taiji morreu em julho de 2011. É um trauma pelo qual vocês já passaram com a morte de hide. Como têm lidado com isso desta vez, como banda?

Nós ainda não sabemos lidar com isso, mas sabemos que temos de permanecer fortes e seguir em frente.

Vocês estão com mais de 40 hoje em dia e tentando ser grandes fora do Japão. Existe uma idade mais apropriada para tocar rock ou essa história toda é merda?

Essa história é merda (risos). Nós fazemos e tocamos rock de forma mais intensa do que em qualquer momento anterior.

O que sabe sobre música brasileira?

A música brasileira é uma das mais emocionais, vulneráveis e criativas que eu já ouvi. E muito apaixonada.

O que esperam para o show de domingo, em São Paulo?

Muitas enfermeiras! Brincadeira. Acho que, no fim do show, todos os integrantes vão dizer que foi nosso melhor show.

 

Show X JAPAN – São Paulo

Quando: 11 de Setembro, às 18 horas

Onde: HSBC Brasil (rua Bragança Paulista, 1281 – Chácara Santo Antônio, São Paulo, SP)

Quanto: R$ 100,00 (meia) / R$ 200,00 (inteira)


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X Japan planeja conquista do Ocidente com escala em São Paulo