SÃO PAULO (Reuters) – A violinista de jazz Regina Carter dançou salsa, tocou música africana e caribenha e recorreu a elementos árabes e japoneses em show no Bourbon Street Music Club, em São Paulo, na noite de terça-feira.
Ela se apresenta novamente na quarta-feira na capital paulista (dentro da série Diners Jazz Nights) e no Mistura Fina, no Rio de Janeiro, sexta-feira e sábado.
A excêntrica mistura sonora de Regina, que poderia ser rotulada de “world music” jazzística, agradou ao público, que delirou quando ela tirou os sapatos e chamou o pianista para bailar ao som da salsa “Mojito”.
“Steve Turre escreveu essa música quando experimentou o drinque em Cuba”, explicou a cantora, referindo-se ao trombonista compositor da canção.
Claro que não poderia faltar um percussionista no quinteto, e por sinal ela conta com uma legítima cubana, Mayra Casales, que é uma atração à parte. Fez um solo tão energético em “Mojito” que chegou a quebrar uma baqueta.
A banda, aliás, é uniformemente boa, destacando-se o pianista alemão Werner Gierig. O baterista Alvester Garnett e o contrabaixista Chris Lightcap completam o quinteto. Regina, que já esteve no Chivas Jazz Festival de 2000, mostrou porque é considerada hoje a melhor em seu instrumento.
Além do perfeito domínio técnico, proporcionado pelos anos de estudo erudito, ela utiliza recursos pouco usuais como percutir as cordas com o arco (o que fez em “Mandingo Street”, do cantor e multiinstrumentista Richard Bona), ou dedilhar as cordas (em “For Someone I Love”, de Milt Jackson).
Embora tais recursos proporcionem um suíngue surpreendente para o violino, ela também sabe ser lírica, como em “Love Theme From Spartacus”, de Alex North. Nesta música, além do fraseado melódico (que incorporou elementos árabes e nipônicos), ela chegou a assobiar, imitando pássaros.
Nos standards “Oh, Lady Be Good” e “Chattanooga Choo-Choo” ela mostrou também seu apreço pelo jazz tradicional. No primeiro, fez um belo solo desacompanhada. Simulando o esquema de “chamado-e-resposta”, muito comum no blues, fazia longas pausas durante os compassos que deveriam ser preenchidos pelo “chamado”.
Vestida com um conjunto preto e uma capa brilhante, e balançando suas longas tranças, ela foi muito simpática e animada. Logo no início soltou um “E aí, São Paolo?”, improvisando em seguida um “olê, olê, olê-o-lá” no violino.