“Verde Maduro”, estreia de Thales Cavalcanti, faz mix de tambor com beat

Revelado como ator – protagonista no premiado longa “Casa Grande” (2014), Thales Cavalcanti lança agora, aos 27 anos, o seu primeiro álbum, “Verde Maduro”, projeto autoral que chega às plataformas de streaming hoje (27).

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Durante o período de isolamento da pandemia, Thales Cavalcanti mergulhou no estúdio montado em casa, para gravar e compor novos temas. Sem compromisso, dividiu a primeira música, “Caboclo no Terreiro”, com alguns amigos. O músico e produtor Bruno di Lullo (revelado na banda Tono, que acompanhou Gilberto Gil na turnê “Refavela” e na turnê recente de Adriana Calcanhotto) ficou tão entusiasmado com o que ouviu, que logo se candidatou a produzir um álbum.

Thales falou de seu desejo de experimentar a mistura de tambor com beat, e Bruno sugeriu convidar o baterista e percussionista Thomas Harres, que toca com Bala Desejo, Letrux e Jards Macalé, entre outros artistas. No dia seguinte, Bruno enviou ideias de bases pra música: “Quando ouvi e vi que funcionou, escrevi no mesmo dia quatro músicas e percebi que estava fazendo um disco”, comenta Thales. “O tambor é o elemento mais importante pra minha música. Tanto o tambor presente no samba, na MPB, quanto o tambor da Umbanda”, pontua.

As 11 canções de “Verde Maduro” nasceram dessa mistura de tambor com beat. “Recolhimento”, que abre o disco, apresenta e situa temporalmente o momento em que ele foi concebido: o início da pandemia. “Depois de passar o carnaval em Olinda, decidi que voltaria a Pernambuco para o São João. Era a minha futura viagem dos sonhos, que ainda vou realizar”, pontua. “Fui tomado por uma série de acontecimentos, e no meio disso tudo, perdi o meu pai. Foi inevitável me recolher, ficar quieto no meu canto”.

“Caboclo no Terreiro”, faixa que deu origem ao disco, tem a participação de Davi Moraes na guitarra, assim como “Oni Saurê”, que saúda Oxalá, Orixá de Thales Cavalcanti. “É a canção que mais se aproxima daquilo que a Umbanda traz do Candomblé e de outras religiões de matriz africana. Por isso, ela foi se encaminhando para ser um afoxé”, define. “Tainá Cigana”, primeiro single do álbum, fala da aproximação de Thales com a Umbanda pelas mãos da amiga Tainá, e conta com os vocais de Dora Morelenbaum, Júlia Mestre e da própria Tainá.

“Morena de Oyá’, um samba de roda animado, transformou-se em uma das favoritas do compositor carioca: “Senti a necessidade de que o disco tivesse uma música romântica, mas com uma letra que contemplasse o universo do disco”, define. Já “O Barco e O Marinheiro”, parceria de Thales com Leo Rosa, possui ares de Dorival Caymmi e fala de renovação, do eterno caminhar da vida rumo ao desconhecido.

Sétima canção do álbum, “Carta para Baixinha” foi escrita para a mãe de santo do terreiro que Thales Cavalcanti frequenta. “Não tive a oportunidade de conhecê-la, mas lendo a sua biografia, descobri que as giras começaram no Horto, bairro aqui do Rio de janeiro. Antes de começar a frequentar a Umbanda, eu tomava banho de cachoeira ali perto, quase todos os dias. Essa coincidência me inspirou a escrever uma carta, revelando o encontro do meu caminho com o dela”, finaliza. Já “Um Homem” é endereçada à mãe do compositor: “É um toque, um conselho que eu gosto de dar à ela. Parece que ela tem concordado comigo.” Completam o repertório de “Verde Maduro” as faixas “Nana”, “Sou” e “Ponto para Oxalá”.

Além de Cavalcanti (voz, violão, guitarra e bateria eletrônica), Thomas Harres (percussão) e Bruno di Lullo (guitarra, baixo e synth), o álbum conta com a participação de artistas e amigos da geração de Thales, como Dora Morelenbaum, Julia Mestre e João Gil, e músicos requisitados como Davi Moraes, Diogo Gomes, Marlon Sette, Carlos Trilha e Jorge Continentino, entre outros.


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