A coluna desta semana vem a público para desmistificar a jovem cantora Mallu Magalhães, que tem sido endeusada por grandes veículos comunicacionais e refutada por uma parcela do público revoltada com essa adoração disparatada.

Antes de mais nada, quero deixar claro que o que está em questão aqui não é o talento musical da garota, pois isso ela provou ter (se pensarmos no contexto em que está inserida), mas o que viso aqui é a abordagem absurda que a mídia tem dado a ela.

Mallu Magalhães estava no lugar certo, na hora certa. No seu show début no Clash Club (Barra Funda), onde abriu para o Vanguart, estavam presentes ninguém menos que Humberto Finatti (colunista da revista Dynamite), Lúcio Ribeiro (colunista das revistas Bizz e Capricho) e Thiago Ney (que escreve sobre música para a Folha de S. Paulo). Ao vê-la tocando, eles simplesmente não acreditaram no que viram.

A partir daí, as coisas começaram a acontecer sem que a garota movesse grandes esforços. Matérias sobre a garota ou envolvendo seu nome foram publicadas, assim como surgiram convites para a adolescente tocar no Milo Garage (Jardins) e no Studio SP (Vila Madalena), todas matinês – claro, afinal, ela tem apenas 15 anos – assim como no programa global Altas Horas.

Porém, nem o cativante jeito tímido de Mallu foi o suficiente para conter vozes revoltadas com o furor da mídia ao redor da garota. O Folhateen, por exemplo, recebeu vários comentários indignados com a abordagem dada nas notícias, em que a chamaram, dentre outras coisas, de “garota prodígio”. Isso porque é muito alarde em cima de alguém que nem um álbum completo tem, só algumas músicas disponibilizadas no MySpace.

Se dividissem a atenção dada a ela para outras bandas que possuem anos de estrada, um trabalho mais consolidado e notável qualidade musical, como, por exemplo, a Vilania, Faichecleres e Nancy, talvez a revolta não fosse tão grande.

Vale ressaltar que a própria Mallu tem os pés no chão quanto a esse assédio: “Acho bom, porque é divulgação. Mas é aquele negócio: tem que tomar cuidado para não ficar deslumbrada, porque na imprensa as notícias estão sempre se renovando, então a pessoa pode estar no pico num dia, e depois cair”, disse a garota em entrevista ao Virgula Música.

Essa coluna (talvez a mais ponderada que já escrevi) é uma crítica à falta de bom senso da mídia em geral, que idolatram exageradamente uns e não cedem espaço para outros tão bons quanto esses uns. Mallu Magalhães não é a primeira, nem vai ser a última a cair nas garras da mídia, que está sempre em busca de um novo hype, e não se atentam para outros talentos genuínos.

Esperemos que quando a grande mídia encontrar um novo hype e a febre Mallu der uma esfriada, ela ainda continue trabalhando para consolidar seu trabalho e não seja relegada ao ostracismo, como aconteceu com tanta gente que também esteve no pico e caiu pouco depois. Quer apostar quanto que daqui a pouco surgirá outra garota com o pé no folk e cantando com uma voz doce que será chamada de “a nova Mallu Magalhães”?

Saiba mais sobre as bandas acima citadas:

+ Vilania, de Sorocaba

+ Nancy, de Brasília

+ Faichecleres, de Curitiba

+ Confira a entrevista de Mallu Magalhães ao Virgula

+Opine sobre a coluna do Veloso Gilberto


int(1)

Veloso Gilberto - Até quando vai durar a febre 'Mallu Magalhães'?

Sair da versão mobile