Nome quente da nova música brasileira, a banda curitibana Mulamba lança em São Paulo nesta sexta (18) o seu primeiro álbum homônimo na Comedoria do Sesc Pompeia. O sexteto une influências que vão do rock à música erudita com letras que despertam o debate sobre as questões de gênero, encorajamento e liberdade da mulher.
Juntas desde dezembro de 2015, Amanda Pacífico (voz), Cacau de Sá (voz), Caro Pisco (bateria), Érica Silva (baixo, guitarra e violão), Fer Koppe (violoncelo) e Naíra Debértolis (guitarra, baixo e violão) reiteram os anseios e as inquietações de quem transforma a luta pela igualdade de gênero em batalha diária.
Leia nossa entrevista com Cacau de Sá:
O que está rolando de mais interessante na música hoje na sua opinião?
Cacau – Tá acontecendo coisa interessante na arte independente. Mesmo sem influência ou aval das grandes mídias, mesmo parecendo impossível, a arte tá deixando de ser um bem de consumo veiculada só pela elite, a arte quer falar por muitas bocas como Horrorosas Desprezíveis, Tuyo, Bernardo Bravo, Janine Mathias, Agnes Nunes, Leonarda Glück, Stephano Belo e toda a galera da Selvática, Machete Bomb.
Existe algo na sua música que seja típico de seu lugar de origem?
Cacau – Toda a influência que cada uma carrega vem direta ou indiretamente do lugar de origem, acho que nós, enquanto pessoa, somos a representação do nosso lugar e como cada integrante é de um canto, o que resulta é uma mescla.
Em que aspectos acha o machismo mais evidente na música?
Cacau – Em que aspecto na nossa sociedade, o machismo não é evidente eu me pergunto? Já que ele vem de todos os cantos, de homens que ainda não entenderam que não dá mais pra se esconder atrás do grande poder pátrio, bem como de mulheres que ainda estão presas a reprodução do mesmo.
Uma questão tão arraigada como essa não some de uma hora pra outra sem medidas e políticas que incentivem o fim dessa cultura. É o momento de vigiar nosso comportamento e nossos atos pra que o poder do macho deixe de fazer da sociedade escrava de seus caprichos em toda e qualquer estância. E na musica não é diferente.
Que característica crê que seja mais marcante na sua geração?
Cacau – Mulamba tem gente nascida nos anos 80, nos anos 90 e a gente sabe como dez anos podem mudar as coisas. Acho que de uma forma geral a parada é que não desistimos fácil e nem acreditamos na primeira história que se conta, a curiosidade vai além do que tá posto, somos mais abertas ao que está por vir.
Quais são suas principais referências estéticas fora da música?
Cacau – Bell Hooks, Linn da Quebrada, Maria Carolina de Jesus, O grande Otelo, Hilda Hilst, Ligia Fagundes Teles, Grupo Armazem de teatro, teatro do oprimido, Casa Selvática e toda a tropa que lá performa, atua e acontece lindamente.
Quais são suas maiores influências musicais?
Cacau – Muitas mulheres, muitas referencias. Elza Soares, Dona Ivone Lara, Inezita Barroso, Agnes Nunes, Janine Mathias, Negra Giza, Diario de um detento, Sabotagem, Elis, Cassia, Leci Brandão, Dona Onete, Alipio Martins, Dercy Gonçalves
Quais são seus valores essenciais?
Cacau – No momento em que vivemos onde as máquinas e o dinheiro tomaram o valor da alma humana e a essência é assunto evitado nas rodas de conversa, tentamos nos manter a dignidade e a afetação, buscamos sempre sentir.
Quais são suas próximas jogadas?
Cacau – Com o atual governo, mantermo-nos vivas e seguir fazendo som com o direito de ser quem somos sem medo.
SERVIÇO
Malumba
Sexta, 18 de janeiro, às 21h30
Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93
Comedoria *A capacidade do espaço é de 800 pessoas. Assentos limitados. A compra do ingresso não garante a reserva de assentos. Abertura da casa com 90 minutos de antecedência ao início do show.
Ingressos: R$6 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes), R$10 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$20 (inteira).
Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 18 anos.
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Créditos: Caroline Lima