Que música combina com poesia, todo mundo sabe. Mas por mais simples que a idéia pareça, os artistas que levam a combinação ao pé da letra não chegam tão fácil ao sucesso.
É o caso do Teatro Mágico, que completou três anos de estrada levando aos palcos não só música e poesia, mas um pouco de teatro, do circo, de humor e sensibilidade, transformando um simples show em um verdadeiro sarau.
Com o “lema”, criado pelo fundador da banda, Fernando Anitelli, “os opostos se distraem e os dispostos se atraem”, a banda avisa: se for a um show da trupe, prepare-se não para assistir, mas para fazer parte dele.
Com apenas um disco de estúdio lançado, O Teatro Mágico: Entrada para Raros, a banda vem fazendo barulho aos poucos, chegando devagar como quem não quer nada, agitando platéias na capital paulista.
Por telefone, Fernando falou ao Virgula-Música sobre os planos para o 2º disco e sobre a música, ou melhor, a arte da música e da certeza de querer ser sempre um artista independente.
Virgula – A idéia do Teatro Mágico sempre foi misturar várias artes em uma só?
Fernando Anitelli – Sim porque eu sempre tive uma relação forte com a arte. Sempre gostei de desenhar, de teatro… A semente do grupo já estava na cabeça, foi só unir outras artes. A idéia na verdade é fazer um caldeirão de coisas infinitas, e fico muito feliz em poder unir a música a outras artes.
Virgula – O nome do grupo foi criado ou emprestado?
FA – Bem, tirei o nome de uma passagem do livro O Lobo da Estepe, do alemão Herman Hesse. É um romance mas o personagem principal vive um dilema interno, e numa determinada hora se depara com uma placa onde está escrito “Esta noite o Teatro Mágico Entrada Para Raros”. Vem daí, dando a idéia de que cada um ao acordar escreve seu destino.
Virgula – A banda se maqueia, se caracteriza como palhaços. O que este personagem tem a ver com o projeto?
FA – Primeiro que todo mundo tem um palhaço dentro de si. Mas, o palhaço é o único personagem que poderia estar no palco o tempo inteiro e em qualquer situação.
Virgula – Vocês vêm, assim como outras bandas independentes, correndo por uma via alternativa. Falta de mídia atrapalha muito?
FA – A mídia não é democrática. Por isso, nós sempre disponibilizamos nossas músicas na internet, para todos terem acesso e nunca quisemos depender da mídia. Infelizmente existem poucas rádios comunitárias, que poderiam dar muito espaço para artistas locais. Nós fomos a programas como Raul Gil, um da Syang, não somos inimigos da mídia. Mas no nosso caso, já funcionamos de maneira independente. É arte com verdade.
Virgula – O que você espera de um artista, ou, que espécie de artista você deseja ser?
FA – Hoje as pessoas tratam a música como um produto de entretenimento e não como uma expressão cultural. Na verdade ela não tem que ser negociada. Nós artistas temos que ser políticos, que fazer mudanças, chamar o público. Sou um artista independente, e minha música não está à venda.
Virgula – O público te surpreende muito nos shows?
FA – Muito. Principalmente porque alguns chegam lá achando que só vão assistir ao show, eles não têm idéia de que serão parte dele. Mas acontecem coisas como o público jogar rosas, ir vestido de palhaço ou até subir no palco para recitar uma poesia. Nosso show é uma extenção palco-platéia. Isso dá gás á banda.
Virgula – Quais os planos para o 2º disco?
FA – O novo disco será lançado entre junho e julho de 2007. Algumas músicas já estão prontas, mas o repertório não está completo. Até lá continuamos com os shows.