Tuto Ferraz
Créditos: Divulgação/Gabriela Ruffino
Um dos melhores discos de jazz do período mágico que vai do final dos anos 1950 e o começo dos 1960, é brasileiro e chegou em 2014. Esta é a primeira impressão ao ouvir À Deriva, álbum de estreia do baterista Tuto Ferraz, Funk Jazz Machine, que será lançado nesta terça-feira (04), em São Paulo, no Bourbon Street.
Para o músico, inclusive, o estigma que afastava os jovens do jazz por ser tido como música de gente rica e com mais idade ficou para trás. “Acho que este estigma está cada vez mais ultrapassado. Se você acompanhar de perto a cena do jazz brasileiro, verá em lugares como, Jazz nos Fundos e Jazz.B em SP, ou Jazz Ahead e Rio Jazz Club no Rio de Janeiro, que o público médio, levantado pela revista Veja Rio constatou ser entre 20 e 35 anos! Posso estar sendo otimista, mas não lembro do jazz estar num momento tão bacana aqui no Brasil desde os tempos do Free Jazz ou do festival internacional de jazz de São Paulo no Anhembi nos anos 80”, opina.
Ouça Tuto Ferraz – Funk Jazz Machine
Compositor, baterista, band leader e produtor musical, Tuto se apresenta ao lado de músicos da pesada na nova geração: Pepe Cisneros (piano elétrico Fender Rhodes), Agenor de Lorenzi (guitarra), Sidiel Vieira (baixo acústico) e Josué dos Santos (sax tenor e soprano).
Gravado “ao vivo”, sem truques de edição, com músicos juntos no mesmo espaço e sem fones de ouvido, da mesma maneira que as gravações históricas de jazz foram registradas, no percusso do disco, o ouvinte encontrará, além das já citadas referências dos anos 50 e 60, alguma herança da brasilidade e do balanço do funk, derivado do trabalho que Tuto desenvolveu com a Grooveria, banda que ganhou notoriedade na noite paulistana fazendo versões dançantes de standards da MPB.
O Virgula Música entrevistou Tuto, o operador da máquina do funky jazz, por e-mail. Leia a seguir:
O formato de quinteto foi algo que você foi buscar? Que outros quintetos são referência para você?
Foi algo natural, comecei com um quarteto em 2008 e conheci o Josué dos Santos numa canja que ele deu com a gente e acabei incorporando o sax. Adoro sopros, principalmente trompete, sax tenor e meu próximo passo é aumentar um pouco o combo partindo pra sexteto.
Na real, sempre gostei de combos menores no caso do jazz, de trio a sexteto. Tenho várias referências como o Keith Jarret Trio, o quinteto do Miles (Davis) do inicio dos anos 60, do Cannonball (Adderley) e por aí vai…
Acho bem bacana as formações maiores também, mas o que mais me atrai em combos menores é a liberdade que eles proporcionam, porque por serem menos músicos tocando ao mesmo tempo, a interação em cima da forma da composição é muito maior, diferentemente das grandes orquestras de jazz em que a maior parte do material é pré-arranjado e definido por partituras para cada instrumento.
Crê que o Grammy vencido pelo Trio Corrente, pelo disco com Paquito D´Rivera vai abrir portas para outros brasileiros como você?
Fiquei muito feliz pela conquista deles! Conheci o Fabinho (Fábio Torres) ainda nos anos 80 tocando jazz e bossa nova com ele e o Edu Ribeiro quando estava de férias em Florianópolis, cidade natal do Edu…
É muito legal ver talentos como esses desabrochando ao longo dos anos e por fim sendo reconhecidos internacionalmente. Acho que de alguma forma todos os que estão fazendo música instrumental no Brasil são beneficiados indiretamente por essa conquista. E acho também que nada é por acaso, a cena brasileira da música instrumental está num momento muito rico, com vários discos e novos talentos lançando trabalhos bem bacanas.
A escola de Tatuí do interior de SP está fazendo um trabalho de base muito bacana, assim como a ULM também fez em São Paulo nos últimos anos e novos talentos surgem a todo o momento.
Em relação à música instrumental brasileira atual, sente-se parte de uma cena? Que outros nomes novos indicaria?
Alguns nomes que me vêm à cabeça de imediato são o baterista Paulo Almeida (SP), o saxofonista Danilo Sinna (RJ), o combo Brasilidade Geral (ES), também de São Paulo, Sidiel Vieira e seu irmão Sidmar Vieira, ambos com discos recém-lançados, o trombonista Jorginho Neto, o arranjador da Jazz Sinfônica e pianista Tiago Costa, e por aí vai.
O estigma de que jazz é música de rico e de pessoas de mais idade ainda é um fantasma para o desenvolvimento da cena brasileira?
Acho que este estigma está cada vez mais ultrapassado. Se você acompanhar de perto a cena do jazz brasileiro, verá em lugares como, Jazz nos Fundos e Jazz.B em SP, ou Jazz Ahead e Rio Jazz Club no Rio de Janeiro, que o público médio, levantado pela revista Veja Rio constatou ser entre 20 e 35 anos! Posso estar sendo otimista, mas não lembro do jazz estar num momento tão bacana aqui no Brasil desde os tempos do Free Jazz ou do festival internacional de jazz de São Paulo no Anhembi nos anos 80.
Quem são seus heróis musicais?
Os meus grande ídolos do jazz são Miles Davis – de 55 a 65. mais especificamente-, Cannonball Adderley, John Coltrane, Dexter Gordon, Elvin Jones, Tony Williams, Keith Jarret Trio, Brad Melhdau Trio e muitos outros. Mas acho que com esses aí você já tem material pra se deleitar e aprender pro resto da vida! :-)
SERVIÇO
Show “À Deriva”
Local: Bourbon Street – Rua dos Chanés, 127–Moema. Tel.: (11) 5095-6100 http://www.bourbonstreet.com.br
Dia: 4 de fevereiro/2014 (terça-feira)
Horário: 21h30 / Abertura da casa: 20h
Couvert Artístico: R$35 e R$25 (lista amiga promocional). Para fazer parte da lista amiga, enviar nome completo para o e-mail: producao@tutoferraz.com.br até as 16h do dia do show.
Vendas pelo telefone: (11) 4003-1212 ou site www.ingressorapido.com.br
Reserva pelo telefone: (11) 5095-6100, de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h
Bilheteria: Rua dos Chanés, 194 – Moema – de segunda a sexta-feira, das 9h às 20h; sábado e feriado das 14h às 20h
Aceita todos os cartões de crédito e débito
Classificação etária: 18 anos e 16 anos acompanhado de responsável
Duração: 80 minutos
Capacidade: 400 pessoas
Vallet: R$ 20
Acessibilidade / Área de fumante / Ar-condicionado
CDs à venda no show com preço especial de R$10
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