A internet não colabora e a correria é grande, mas mesmo assim acompanhar a maratona de shows do festival SWU é uma tarefa emocionante. Correr de um palco para o outro e não perder o horário dos shows é difícil, mas mesmo assim o público tenta acompanhar o máximo possível de shows durante o dia.

A BARULHEIRA DE SWITCH

A metade menos famosa do duo Major Lazer, Dave “Switch” Taylor, foi uma das atrações que mais balançou o público no comecinho da noite deste sábado.

O DJ e produtor fez a alegria do público com sua mistura nervosa (e muito, muito alta) de dancehall, grime e dubstep, com uma rápida passada pelo pancadão.

Por sorte, ninguém na tenda eletrônica parecia esperar que Switch fizesse o set normalmente apresentado pelo Major Lazer, aceitando muito bem a mescla de estilos e o set cheio de energia do produtor.

O set de Switch não variou muito em relação às suas apresentações costumeiras em carreira solo. O repertório, aliás, é muito semelhante ao set que o produtor apresentou em sua contribuição ao programa Essential Mix, da Radio 1 – com direito ao tema de Rei Leão e um toque de funk carioca.

A tenda eletrônica inteira ficou tomada pelos passos de dança pra lá de criativos que o público inventou para dançar junto com o DJ. E mesmo quem não esperava muita coisa do set de Switch acabou contagiado. O único problema foi o som, que estava absurdamente alto e estourado.

Logo em seguida, o MSTRKRFT subiu ao palco e conseguiu o que parecia difícil – manter a galera na mesma animação deixada pelo set caprichado de Switch. O grupo conseguiu manter a tenda eletrônica cheia com um electro pesadíssimo, uma excelente preparação para o show do Crystal Method, que entrou logo em seguida.

A CATARSE DO LOS HERMANOS

Se você já se apaixonou, com certeza ficou emocionado ao assistir ao show do Los Hermanos, que trouxe aos fãs só os hits em uma curta apresentação. O grupo, que não voltou oficialmente aos palcos e se reúne apenas para ocasiões especiais, fez um show morno mas mesmo assim conseguiu conquistar a parcela da plateia que ficou o dia todo em pé para assistir à apresentação.

O clima ruim em cima do palco não é novidade, já que Rodrigo Amarante e Marcelo Camelo não se dão bem há muito tempo. Mas, curiosamente, existe uma estrutura atual no show do Los Hermanos que permite que esse incômodo não chege tanto aos fãs, que conseguem se emocionar com os hits mesmo com os problemas de performance da banda. É como um acordo tácito que faz com que todo o show do Los Hermanos seja emocionante e frustrante na mesma medida. A banda pode fazer mais, mas se acomoda em um repertório infalível. E o público pode pedir mais, mas se contenta com as antigas (e ótimas) canções do grupo.

No repertório estavam hits como A Flor, Sentimental, Todo Carnaval Tem Seu Fim, Cara Estranho e Retrato Pra Iaiá.

SHOW FURIOSO E MUITOS PROBLEMAS TÉCNICOS

Não adianta: mesmo quem cantou junto com o Los Hermanos, dançou ao som de Switch, MSTRKRFT e Crystal Method e pirou na viagem progressiva do Mars Volta estava agurdando por apenas uma coisa – o show do Rage Against The Machine. Tocando pela primeira vez no Brasil, a banda encheu a arena principal do festival com milhares de fãs alucinados pelo seu som enjagado, agressivo e corrosivo.

Única banda a atrasar sua apresentação, o Rage Against The Machine subiu aos palcos às 22h20 com um som muito alto e um público completamente possúdio. Era assustadora a cena dos fãs pulando loucamente e fazendo rodas de bate-cabeça (várias delas acabaram em encrenca, aliás) para acompanhar o ritmo de Zack de La Rocha e Tom Morello, que saltavam pelo palco em um ritmo impossível de seguir.

O Rage Against The Machine mostrou que é uma banda única em uma das características mais essenciais e tradicionais do rock: a capacidade de reproduzir sua ferocidade e energia ao vivo. Em seu primeiro álbum o grupo mostrou como expressar revolta e protestar com raiva dentro das limitações (e possibilidades) do estúdio; no palco a banda comprova que no rock quem sabe faz ao vivo.

Muitos fãs comentam que o grupo consegue reproduzir com exatidão os timbres dos álbuns no palco, de tal maneira que a apresentação parece igualzinha ao CD. Mas o truque (e a grandiosidade) do grupo está no fato de conseguir não só reproduzir a sonoridade de estúdio como fazer com que ela pareça mais autêntica e (ainda) mais impactante quando experimentada ao vivo.

Os hits estavam todos lá, como Killing in The Name, Bombtrack e Bulls on Parade – todos executados com uma energia assustadora.

Infelizmente, um jato de água fria chegou para atrapalhar a diversão dos fãs – e prejudicar de maneira irremediável a apresentação do Rage. No começo do show, o som simplesmente desapareceu e a banda continuou tocando sem o público conseguir ouvir. Aos gritos de “SWU, VAI TOMAR NO C*”, o show precisou ser interrompido e retomado dez minutos depois – mas o som continuou baixo para quem estava no fundo da pista comum.

Outro problema foi o tumulto na grade da pista comum – os fãs estavam tão alucinados para ver a banda de perto e pular em cada música que a grade quase cedeu. Muitos tentaram invadir a pista premium.

A organização precisou parar mais uma vez o show para que as pessoas dessem um passo para trás – pedido endossado pela própria banda, que só retomou sua apresentação quando o público se acomodou melhor.

Os problemas técnicos foram péssimos para a apresentação, mas por sorte (e talento) o show da banda é tão incrível que ninguém saiu decepcionado. Mas que dava para ter ficado ainda melhor, é certeza.


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