IMG-20161214-WA0001

(Foto: Tatiana Prudencio)

“E o Temer, vai cair?”, pergunta Supla antes mesmo de falar ‘alô’ ao telefone em conversa com o Virgula. O Papito, como é conhecido, acaba de lançar o 14º álbum da carreira, Diga o Que Você Pensa, e enfrenta um desafio inédito aos 50 anos de idade: trabalhar de forma totalmente independente, fazendo tudo com as próprias mãos, desde a gravação das músicas até a divulgação do álbum e agendamento dos shows.

“Hoje em dia eu que faço tudo. Eu mesmo estava divulgando o álbum, vendendo os meus próprios shows, falando com todo mundo, é uma loucura. Sabe, não preciso ficar delegando trabalho, eu mesmo vou lá e faço as coisas, só que começou a pesar, porque estava me cansando muito e não tenho prazer nesse tipo de trabalho. Percebi que não dá para fazer tudo. Então, agora contratei um serviço de assessoria de imprensa. Estarei mais tranquilo quanto a isso”, revela o músico.

No papo, Supla aproveita o tópico e diz que nunca se imaginou trabalhando desse modo [independente] a essa altura da carreira: “Eu me imaginava aos 50 anos fazendo música e fazendo shows, como estou agora. Isso estou conseguindo e muito bem. Mas trabalhando dessa forma independente eu nem cheguei a pensar, porque era uma coisa que nem existia antigamente. Trabalhávamos com gravadoras. Não tinha internet. Agora mudou tudo”.

Após o término do Brothers of Brazil, que dividia com seu irmão João Suplicy, Supla precisou pegar a dianteira de sua carreira e começou a trabalhar do início: “Depois do Brothers eu me vi totalmente sozinho, sem guitarrista, sem tecladista, sem músico nenhum. Daí tive que fazer tudo eu mesmo: compus as músicas no violão e acabei tocando e gravando todos os instrumentos, com ajuda do Kuaker, o meu produtor”.

Como resultado, o álbum já possui cinco singles divulgados e os temas abordados são dos mais diversos – e polêmicos: “As letras são de assuntos atuais. Amor Entre Dois Diferentes fala da diversidade nos relacionamentos, Anarquia Lifestyle (que em inglês tem o título de Sad Vacation e está na trilha do documentário Sid and Nancy) é um grito de revolta contra tudo o que está acontecendo na política do Brasil, e Donald Trump… bom, não preciso nem explicar sobre o que é”, diz ele.

A internet também não escapou da mira do Papito, que compôs Fanáticos Virtuais. “Essa música retrata as pessoas que ficam o tempo todo vivendo virtualmente. Eu também estou preso a isso, mas é meio que viver uma mentira, pois na internet está tudo lindo; as pessoas estão 24h sempre maravilhosas. São tipo super-homens, não parecem humanos, não sabem o que é tristeza, só a beleza. Por outro lado as redes sociais podem ser benéficas também, porque tem muita gente que ganha dinheiro com isso”.

Outro hit que está dando o que falar é Parça da Erva, que é sobre isso mesmo o que você está pensando: maconha. “Sou a favor da legalização. Cigarro e álcool fazem mais mal que maconha e são vendidos legalmente. Quem tem um alcoólatra na família sabe do que estou falando. O que a gente tem que ter é bom senso nas coisas: se você é esportista não vai fumar cigarro ou beber que nem um louco, por exemplo, se bem que o Sócrates fazia tudo isso (risos)”, diz Supla, e finaliza contando que o tema mais ajuda na divulgação do que atrapalha: “Só ajuda! Se eu coloco a hashtag #marijuana, mais gente fica sabendo. Tanto que é das minhas músicas novas que possui mais visualizações”, celebra.

Supla 50 anos - Fotos do Charada Brasileiro


Créditos: Arquivo Pessoal do Supla

int(1)

Supla se reinventa em novo álbum: 'Hoje faço tudo sozinho'