O Pato Fu é uma banda da qual se pode esperar tudo. Não qualquer coisa, mas tudo.

É assim que os mineiros (um dia quarteto e hoje um quinteto com John Ulhoa, Ricardo Koctus, Xande Tamietti e Lulu Camargo) se definem no site oficial da banda. Há 15 anos na estrada, eles lançam o segundo DVD da carreira de bem com a vida, com os fãs e com o mercado.

Isso porque eles conseguiram com irreverência, bom humor e simplicidade reinventar o seu pop e sem perder a alma independente. E olha que no começo eles não tinham a internet como aliada. “Naquela época a gente distribuía fotocópia de zines, fitinhas k7 pra lá e pra cá. Tudo era mais demorado. Pra ter retorno sobre nossa música era por carta”, disse Fernanda Takai em entrevista por email ao Virgula-Música.

Aproveitando o lançamento do DVD Toda Cura Para Todo o Mal, Fernanda falou ao Virgula sobre o projeto e deu algumas dicas de como levar uma banda pra frente, sem perde a personalidade. “A gente precisa saber fazer as escolhas mais legais pra carreira, sempre”. Fácil, né? Leia a entrevista abaixo.

Toda a cura para todo mal foi um disco feito num clima diferente, se levarmos em conta o nascimento da sua primeira filha. Isso interferiu nas composições e no resultado final do trabalho?
Fernanda – O nascimento dela não influiu assim diretamente. Até mesmo a música que fala sobre cachorros e bebês tinha sido composta em 2001. Eu diria que de maneira geral estávamos vivendo um momento desacelerado, mais caseiro. Tivemos foi mais tempo que o normal pra concluir a produção. Acredito que o álbum tenha um acabamento melhor do que os outros discos por esse motivo.

Ele foi gravado num estúdio em casa e depois distribuído para a gravadora. Vocês têm essa característica independente de gravadoras e mercado desde o início, há mais de 10 anos. Afinal, ser independente é questão só de mercado ou é mais atitude?
Fernanda – Ser independente hoje é mais divertido que no começo dos anos 90. Dá pra ser de várias formas. A melhor delas é tentar abrir múltiplas portas. Ainda é muito importante tocar em rádio. Acho bacana também ter um CD pra vender nos shows. Sem contar que tocar ao vivo é a grande moeda. Nem se vendermos muitos discos dá. Quer dizer, se você vende um milhão, dá. Mas quem vende isso hoje? O conteúdo tem que ser bom e essa qualidade não é exclusividade de quem é independente ou de quem está no grande mercado.

O DVD vai trazer algo além do show, como os vídeos feitos para as músicas do disco? E aproveitanto, por que vocês decidiram fazer vídeos de todas as músicas de Toda a Cura Para Todo o Mal?
Fernanda – Aí é que está. Esse projeto do DVD é justamente dos 13 videoclipes das músicas do disco. Só que fomos colocando um monte de extras e temos 2 horas de material visual – making of, cenas da turnê na estrada, clipes bônus. Era uma idéia antiga nossa ter clipes pra todas as músicas de um mesmo álbum. Demorou pra ser concretizada, mas ainda assim, é a primeira vez que um artista brasileiro faz isso.

O pop é um estilo ‘8 ou 80’: uns o acham pobre e outros o criticam por considerá-lo música feita para as massas. O Pato Fu soube dar outra cara ao pop ousando nas letras, sonoridade e performances. Essas críticas são exageradas ou é uma consequência do que existe hoje na música?
Fernanda – Eu gosto de música pop! Acho que tem música boa e ruim em todos os gêneros. Prefiro acreditar que a palavra pop seja usada pra definir bandas como Beatles, Titãs, artistas como David Bowie e Blitz, EBTG… Se eles fazem parte desse universo, eu quero estar nele também!

Lembro de ter visto vocês pela 1º vez no Hollywood Rock, quando o Pato Fu era uma novidade para o grande público. A galera estranhou um pouco. Vocês sentem que hoje o público é mais aberto a novidades?
Fernanda – Depende só de exposição. Se você começa a aparecer em vários lugares, as pessoas passam a não achar mais anormal o seu jeito, a sua voz, as suas canções. Já identificam o estilo, o timbre de voz. É ter oportunidade de mostrar que às vezes a diferença também pode ser legal.

Li uma entrevista sua, na época do disco ao vivo, na qual você dizia que o Pato Fu não fazia um som tipo exportação. Depois, a revista Time escolheu vocês como uma das melhores bandas do planeta e vocês já tocaram em Portugal e Londres. Você mudou de idéia?
Fernanda – Ah, mas aquela lista da Time tinha um foco em bandas não-americanas que faziam justamente pop rock de forma não-convencional… Acho que o espaço tem crescido. Há mais festivais pelo mundo onde tudo se mistura. Grupos de vários países se apresentam cantando em seu próprio idioma. Claro que cantar em inglês ainda é um grande trunfo. Ajuda a multiplicar mais fácil a idéia. A música brasileira ainda é sempre referência de boa música lá fora.

Pra encerrar, no site o release do disco diz que ‘O Pato Fu é uma banda da qual se pode esperar tudo. Não qualquer coisa, mas tudo’. E o que não se pode esperar do Pato Fu?
Fernanda – Não sei a resposta. Eu sou contra purismos, assim tudo é possível desde que seja bem feito.De certa forma temos um álibi geral pra isso.


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Som que cura todo o mal: Fernanda Takai fala sobre o novo DVD do Pato Fu

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