Tão humana quanto o beijo e a fala, a música está presente em todas as culturas. Dizem que música é momento e que há música para todas as ocasiões. No caso do trio islandês Sigur Rós, não. A música deles está ligada a sonhos, imagens, sensações, paisagens.
Jón Þór “Jónsi” Birgisson (guitarrista, vocalista e líder); Georg “Goggi” Hólm (baixista, multi-instrumentista) e Orri Páll Dýrason (baterista, multi-instrumentista) não fazem música para relaxar, motivar, dormir, correr, namorar, comer, transar. Eles fazem música para dar rasantes sobre vulcões, vagar por planetas distantes, se desintegrar em mares gelados, brilhar como a aurora boreal.
Na quarta (29), na passagem pelo Espaço das Américas, em São Paulo, eles surpreenderam quem esperava apenas melodias tranquilas e visuais poderosos. Eles mostraram que também sabem dosar som e fúria e o cenário se revelou parte fundamental do espetáculo. Não poderia ser diferente com uma banda que faz uma música tão cinemática.
Sublime, o Sigur Rós, que canta em língua em própria e em islandês, revela o que há na música capaz de conectar a todos os humanos. Primal e sensível, árido e suave. Eles nos mostram que somos parte de uma mesma espécie e temos os mesmos medos e desejos.
Não se trata apenas de música, mas da trilha da vida. Esta jornada cheia de luzes e trevas em que cada um de nós é apenas mais um viajante no tempo e espaço.