SÃO PAULO (Reuters) – Como prometido, o repertório de Stevie Wonder foi a base do show de Nnenna Freelon no Bourbon Street Music Club, em São Paulo, na quarta-feira. A cantora, que fez novo show na quinta-feira, participa do Diners Club Jazz Nights, série que traz um artista por mês à casa paulistana. Sexta e sábado ela se apresenta no Mistura Fina, no Rio de Janeiro.

Embora não tenha faltado “Superstition”, Nnenna deu preferência a baladas. “All is Fair in Love” começou bem intimista, só com acompanhamento de guitarra, e foi crescendo até ela soltar o vozeirão.

“My Cherie Amour” (“esta é bem antiga, eu ouvia na adolescência”, brincou a cantora) e “The Tears of a Clown” — que, apesar de composta por Wonder, fez sucesso com The Miracles e com Smokey Robinson — foram bastante aplaudidas.

As canções fazem parte de seu recém-lançado CD “Tales of Wonder”, dedicado ao repertório do gênio da soul music.

Mas ela também interpretou standards como “All or Nothing At All”, apimentada por castanholas, “Flying to the Moon” e “Body and Soul”, um dos pontos altos do show, quase irreconhecível em ritmo de reggae.

O ecletismo de Nnenna — ela costuma também enveredar por gospel, hip-hop, rhythm & blues e bossa nova — poderia resultar em diluição, mas em tudo que canta ela sabe imprimir um toque sofisticado que só o jazz proporciona.

Carismática, já entrou no palco dançando, e causou frisson também pela beleza, realçada pelo cabelo espetado e um vestido preto, bem justo, com apliques dourados.

Apaixonada pelo Brasil, que conheceu há dois anos, já consegue falar pelo menos “obrigada” sem sotaque. De resto, recorre a um divertido ‘portinglês’. “Love is todo or nada”, foi como “traduziu”, por exemplo, a temática de All or Nothing At All, arrancando risos.

Sua banda é uma democrática mistura de raças: uma nipônica (a pianista Takana Miyamoto), dois brancos (o guitarrista Scott Sawyer e a percussionista Beverly Botsford) e dois negros (o baixista Wayne Batchelor e o baterista Woody Williams).

Botsford se destaca com uma parafernália percussiva de onde arranca sempre algum um timbre imprevisto.

“No kit dela estão as culturas do mundo todo. E hoje ela passou em uma loja de percussão e comprou mais um monte de instrumentos”, contou Nnenna. “O que posso fazer? Estou no Brasil”, respondeu Botsford, que pouco depois sacou um pandeiro para improvisar um sambinha.


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Show de Nnenna Freelon teve reggae e soul

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