A musa do Drum ‘n Bass Fernanda Porto está de trabalho novo. O CD e o DVD ‘Ao Vivo’ mostram versões ao vivo de algumas faixas como o hit “Sambassim” e algumas regravações de faixas como “Samba a Dois” do grupo Los Hermanos. Ela falou com o Virgula Música sobre o começo da carreira e este novo trabalho.

Virgula Música – Como foi seu primeiro contato com a música?

Fernanda Porto – Desde pequena eu estudava flauta doce na escola, a professora me incentivava, tocava em festivais de colégio, montei a primeira bandinha com 12 anos. Já tocava violão e piano, minha mãe tinha um piano e minha irmã fazia aulas, e eu assistia. Também tinha muitos amigos que tocavam alguma coisa, e eu ‘pegava carona’ nessas. Quando fiz 14 anos soube que tinha faculdade de música, sempre soube que queria fazer música, mas tinha medo da minha família não querer, mas achei que dessa forma iriam achar que era algo sério mesmo. Primeiro entrei na faculdade como pianista, depois fui para regência e composição, aí sim montei minha primeira banda profissional, fiquei como compositora e cantora, aí comecei a fazer shows em São Paulo.

Virgula Música – Como você avalia a importância dessa sua formação musical na sua carreira?

Fernanda Porto – Acho que música é intuição, tem muita gente que nunca estudou e tocam super bem, tem vários exemplos. No meu caso, acho que o estudo me deu muito mais confiança na hora de compor, que é intuitivo, mas eu consigo entender racionalmente. Os instrumentos pra mim são ferramentas de composição, se eu compor no violão irá sair algo diferente do piano, por exemplo.

Virgula Música – E você possui algum trabalho somente instrumental?

Fernanda Porto – Logo depois que eu me formei, eu não me sustentava com os shows, e com o dinheiro que eu ganhava fui montando um estúdio e lá fazia várias trilhas sonoras.

Virgula Música – Como foi o caso do filme Cabra Cega…

Fernanda Porto – O Cabra Cega foi a trilha mais próxima que fiz como cantora, mas as outras que fiz para filmes, documentários, comercial, institucional, tinha que fazer três ou quatro por semana, e eram todas instrumentais. E as trilhas para filmes, foram quase todas para filmes históricos, como Vítimas da Vitória, sobre a revolução federalista, um filme que ganhei o prêmio de melhor trilha do festival de Brasília, tudo orquestrado. Teve um filme em específico, que a música até está no DVD, 1999, que o cara pediu que além da trilha, ele queria que eu fizesse a cantora do filme. E era uma festa de Reveillon de 99, mas foi filmado em 93, e tinha que ser algo diferente, então fiz uma música lírica em Latin, foi a primeira vez que pude juntar isso no trabalho, e senti que as pessoas curtiram.

Virgula Música – E como foi seu primeiro contato com o Drum ‘n Bass?

Fernanda Porto – Em 97 eu conheci o Xerxes de Oliveira, parceiro do Marky, e o Patife fui conhecer só mais pra frente, quando fui num show dele. O Xerxes me apresentou muita gente do meio. Em 93 meus shows já tinham computador no palco, já tinha contato com o eletrônico desde a faculdade.

Virgula Música – Como é o seu processo de composição com o eletrônico?

Fernanda Porto – Normalmente eu faço em cima das batidas, em alguns casos eu pego o violão e saio compondo, mas o meu primeiro CD, que é o mais eletrônico eu fiz praticamente em cima das batidas, eu gosto muito de ritmo, e é algo que me instiga muito.

Virgula Música – Você esperava que esse seu sucesso fosse explodir?

Fernanda Porto – Imagina, de jeito nenhum. Tanto que “Sambassim” pergunta: “Será que posso fazer um Samba com Drum ‘n Bass?”. O Patife é que me avisou o que tava acontecendo, ele tocou em Londres e me ligou no celular gritando, eu não acreditava, achava que ele estava louco. Só acreditei quando fui pra lá mesmo e senti. A gente não tem controle melhor sobre isso.

Virgula Música – Como é a atenção da mídia lá no exterior?

Fernanda Porto – Lá é impressionante, principalmente na Alemanha, fiz uma entrevista que a gente não acreditava, uma hora falando com cada um, matérias de três páginas. Eles vão a fundo mesmo.

Virgula Música – E o CD/DVD ‘Ao Vivo’, fale um pouco sobre ele…

Fernanda Porto – Eu não queria perder a oportunidade de fazer coisa nova, precisava reciclar meu trabalho. Nesta história toda pra não ficar um repertório só de coisa nova eu também fui atrás de música conhecida. Esse também um exercício de cantora que eu estou começando a aprender…

Virgula Música – E as regravações? Ganharam novas versões?

Fernanda Porto – Dei uma mudada sim, a gente enjoa um pouco das versões originais, por estar ao vivo era a nossa oportunidade de mudar.

Virgula Música – E a turnê?

Fernanda Porto – Agora a idéia é esperar um pouco o pessoal ouvir o CD e o DVD e ir para a rua quando o pessoal já conhecer o trabalho.

Virgula Música – Tem alguma parceria?

Fernanda Porto – O Chico Buarque ficou no ‘quase’, a agenda não bateu, mas teve o Edgar Scandurra, DJ Zé Pedro e a Daniela Mercury.


int(1)

'Sempre soube que queria fazer música', confira a entrevista com Fernanda Porto

Sair da versão mobile