Selo audiovisual GAMA estreia com lançamento do projeto Eyscho (Foto: Divulgação)

Uma estreia múltipla. É assim que se configura a chegada de GAMA, selo audiovisual mineiro que tem seu ponto de partida nesta terça-feira, 27 de junho, com o lançamento de “Exu”, primeiro single do projeto Eyscho. Como uma espécie de matrioska de inaugurações, onde GAMA corta as fitas para que surja Eyscho, que por sua vez abre caminho para a chegada do single “Exu”.

PUBLICIDADE

> Siga o Virgula no Instagram! Clique e fique por dentro do melhor do Entretê!

Idealizado por Sam Rennó, a plataforma audiovisual chega com o propósito de inovar não apenas em seu formato, mas em especial em sua abordagem: com propostas estéticas aprofundadas, e abordagens sonoras incomuns, o projeto estreia para abrigar o que for novo em áudio e vídeo, em música e em performance. E diz a que veio já em seu primeiro lançamento. Eyscho, projeto que surgiu no primeiro somente com proposta audiovisual, se desdobra agora em um álbum que começa pelo single “Exu”.

PUBLICIDADE

O registro, que chega nesta terça às plataformas de música e de vídeo, é uma experimentação sonora e visual, eletrônica, e tem em Luiza Brina sua voz principal. No som, é possível encontrar influências do dub-techno e do house incorporadas à referências da cultura de orixás, e suas raízes sonoras. Nas imagens, cenários e performances oníricas que trazem chão aos voos musicais.

por que GAMA?
Após formar-se em Música pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Sam Rennó, artista não binária belo-horizontina, começou seu trabalho autoral de música eletrônica e música regional brasileira. Essa foi a centelha para o que posteriormente se transformou na plataforma audiovisual GAMA Sound System. E é dentro dessa plataforma que nasce Eyscho, projeto que mistura performance e música em projeções mapeadas. Em 2019, contemplado pelo Fundo Municipal de Incentivo à Cultura, o trabalho rendeu a produção de 16 vídeos, compilados em um vídeo mapping de duas horas que foi exibido no dia 19 de outubro, no Galpão Cine Horto, em Belo Horizonte.

PUBLICIDADE

Na estreia do projeto, que escancara a potência queer da arte em BH, Sam apresentou o live set com as músicas que acompanham os vídeos. Também ocorreram performances ao vivo de Gui Morais, Bella La Pierre, Eli Nunes, Juhlia Santos e Gana Rodriguez, além de discotecagem de Belisa, do coletivo Masterplano.

Agora o projeto se prepara para ir para as redes, em formato de single e clipe. E a estreia não poderia ser outra: “Exu”. O orixá que abre caminhos é também o primeiro a integrar o álbum. No registro, uma produção musical de Sam com a voz da artista Luiza Brina. Já no clipe, Francys Ramos, dançarina e mãe de santo cubana é quem propõe os caminhos.

Antes de Gama, Tropical Flow
Sam conta que o projeto teve início ainda em 2013, mas com outro nome: Tropical Flow. Mas só em 2015 GAMA começa a ganhar corpo. Sua primeira etapa se deu oito anos atrás, enquanto seu segundo momento foi criado em 2019, como relatado acima. O caminho permitiu transformações ao projeto, que assumiu seu conceito multilinguagens.

“Como já tinha em mente chamar artistas para participar das faixas, pensei que seria interessante a imagem deles exibida simultaneamente em um telão, para que as pessoas pudessem ver quem co-criou cada música, cada vídeo”, comenta.

Sam Rennó afirma ainda que, apesar da forte influência da percussão e da música brasileira, não há um estilo que categorize musicalmente as faixas do trabalho.

“É bastante presente a percussão no meu projeto, já que sou percussionista e brasileira, onde a percussão reina. Minhas maiores influências eletrônicas são o dub, o techno e o house, mas tudo se mistura. Acredito que minha música se encaixaria em world music, não há um estilo específico”, afirma, ressaltando também que há uma amarração estética entre os vídeos.

Potência Queer
Para elu, outro aspecto importante do projeto é a potência queer que explode da ficha técnica e da lista de convidadas. Participam ainda de Eyscho outros nomes como Daniela Ramos, Brisa Marques, Raquel Coutinho, Dona Fininha, Juliana Floriano, Juhlia Santos, Raquel Cabaneco e Daniela Rennó – mãe de Sam e icônica percussionista mineira, falecida em outubro de 2018.

“É um projeto que parte de uma pessoa não-binária, cuja maior influência musical foi sua mãe. Chamei muitas pessoas talentosas, mulheres e pessoas do universo LGBTQIAP+. Na segunda etapa, a equipe foi composta praticamente só por mulheres”, sublinha.

Coordenadora do projeto nesta etapa, a artista Fernanda Branco Polse destaca o quão pulsante foi trabalhar junto aos artistas participantes.

“O mais legal foi perceber artistas totalmente avant-garde em Belo Horizonte. Inovando linguagens, ligados em tudo o que está acontecendo, não só para falar de lutas, mas sobre qualquer assunto”, afirma a artista, que assina a letra e a melodia de uma das faixas, em que também canta e performa.

“A música faz uma brincadeira com a frase dark side of the moon, que a gente fez virar dyke side of the moon. Dyke é uma palavra que, em inglês, significa algo como ‘sapatão’. Então, é como se fosse o lado ‘sapatão’ da lua”, adianta Polse.


int(1)

Selo audiovisual GAMA estreia com lançamento do projeto Eyscho