Toda música mundial foi influenciada pelo spiritual jazz de John Coltrane. Mas nenhum outro foi escolhido pelo próprio como seu sucessor, caso de Archie Shepp, que se apresentou no fim de semana, no Sesc Pompeia, pelo Sesc Jazz.
Em apresentações eletrizantes, o saxofonista esteve ao lado dos incríveis Carl Henri Morriset (piano), Jamaaladeen Tacuma (baixo) e Kahil El Zabar (bateria, percussão), que formam o Ritual Trio.
O tributo a John Coltrane intercalou temas políticos, improvisos, standards e espiritualidade. Se os anjos tocassem música, eles soariam como Archie Shepp e seus companheiros.
Aos 81 anos, Shepp tem na bagagem, além de contribuições com Coltrane, maravilhas como os álbuns Attica Blues e The Magic of Ju-Ju.
Poucos incorporam como ele o epíteto de lenda viva. Além disso, uma lenda que nos conforta e nos faz querer viver.
A música sublime de Shepp desvenda um lugar mágico, suspenso no tempo e espaço. Como se um abraço cósmico nos embalasse em direção ao nirvana.