Virgula Música – O novo CD do Fresno, Ciano, acabou de ser lançado, como ficou?
Lucas Fresno – Acabei de pegar ele nas mãos pela primeira vez, já vai ser vendido neste fim de semana no Independent Fest. Foi o primeiro disco que a gente fez em esquema profissional. No underground sempre é difícil gravar um esquema assim. A gente tentou tirar essa diferença do underground com o mainstrean. Dessa vez tivemos todas as condições pra fazer um CD bem profissional mesmo. Estamos muito empolgados, são muitas coisas acontecendo com a gente pela primeira vez. Ficamos satisfeitos, pra nós ele ficou perfeito. O primeiro clipe Quebre as Correntes já foi gravado.
Virgula Música – Vocês acabaram de voltar de uma turnê no nordeste. Como foi a resposta dos fãs?
Lucas Fresno – Cada cidade tem uma cena diferente. Em São Paulo a gente toca para seis mil pessoas, que nem no Independent Fest, mas lá é diferente. Esta foi a nossa terceira turnê lá, e foi muito legal, muita gente cantando nossas músicas. Recife foi a primeira cidade que soubemos que tinha gente que ouvia nosso som. As rádios não tocam nossas músicas e mesmo assim havia um público muito grande.
Virgula Música – Vocês vão tocar amanhã no Independent Fest, alguma surpresa para os fãs paulistas que vão conferir o show?
Lucas Fresno – A surpresa é o nosso novo set-list. Estamos tocando ele com as músicas do novo CD faz 1 mês, e este é o primeiro evento em São Paulo de peso que poderemos mostrar ele. Essas músicas novas já rolaram na turnê no nordeste e em alguns shows no interior do Rio Grande do Sul, vamos ver como será.
Virgula Música – Qual é o papel da internet na carreira do Fresno?
Lucas Fresno – A internet foi a única solução que encontramos pra divulgar nossa música, ela ainda é nossa melhor ferramenta de divulgação. Eu não vou colocar nosso próprio CD para baixar, mas é lógico que alguém que comprou vai colocar, e tudo bem. Eu mesmo baixo mp3 de outras bandas e acho legal. Quem realmente gostou do CD vai comprar, se não comprar, é porque não gostou o suficiente. A gente coloca a música na internet para as pessoas poderem cantar no show.
Virgula Música – E a divulgação pelos Street Teams? Funciona bem?
Lucas Fresno – Ele está parado faz um bom tempo. Irá sair um novo esquema nos próximos dias com um novo jeito. Ele é um concentrador de todo o potencial de divulgação que temos. Por exemplo, ao invés de um cara só ligar pra uma rádio e pedir nossa música, essa pessoa organiza um esquema para várias pessoas liguem.
Virgula Música – O Fresno já é referência no underground, mas vocês sentem vontade de se expor mais ainda? Como o Dead Fish, Hateen, etc?
Lucas Fresno – A gente procura crescer de uma forma bem orgânica e ordenada. Tem muita gravadora que contrata banda despreparada e já põe pra tocar no Faustão. Com essa falta de experiência, eles acabam sumindo. A gente já tem muita experiência de palco, tocamos em sete estados.
Virgula Música – Em São Paulo há um aumento da valorização do cenário independente, como é isso em Porto Alegre?
Lucas Fresno – A cena independente em Porto Alegre é algo que rola em ondas. O problema é que lá faltam lugares bons para tocar. E a gente descobriu que o próprio porto-alegrense é tem preguiça de ir a shows. Muitos eventos e lugares bons acabam não dando certo por pura preguiça. Eles preferem ficar em casa assistindo TV do que ver um show.
Virgula Música – Você sente que há realmente uma valorização do cenário independente ou é só a indústria se aproveitando do momento?
Lucas Fresno – Eu diria que é um pouco dos dois. Nos Estados Unidos é assim, as gravadoras perceberam que as pessoas começaram a gostar mais de bandas independentes do que de mainstream. Elas começaram a investir nesses grupos, mas sempre dando uma cara de som independente. Os selos indies continuam mantendo a cara e o som da banda, mas por trás disso há toda a estrutura, dinheiro e jabá das grandes gravadoras. O ideal é se estabelecer um equilíbrio entre os dois.