Com um line-up pensado para agradar de roqueiros clássicos à molecada que curte EDM, o Lollapalooza Chile abriu os trabalhos de sua quinta edição neste sábado (14), em Santiago, com shows brilhantes (destaque para Jack White e St. Vincent, que estavam operando no modo arrebatador), galera dançando muito ao som de EDM sob um sol de rachar e presença fofa de muitas crianças acompanhando seus pais.
No próximo finde (28 e 29), o festival rola no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, com várias atrações que estão no line-up do Lolla Chile. E é por isso que o Virgula se desbancou até a capital chilena pra ver de perto os shows mais bombásticos que veremos em Sampa – e adiantamos pra você qualé, tudão.
Lollapalooza Chile 2015, primeiro dia
Créditos: Divulgação/Lollapalooza
Neste domingo (15), estaremos de volta ao Parque O’Higgins em Santiago, onde tradicionalmente acontece o evento, para assistir ao segundo e último dia de Lolla Chile, com atrações absurdetes do naipe de The Specials (os véios mais feras do ska), Calvin Harris (mão pra cima e uhuuuu), Kings os Leon (os fofos do indie folk), Robert Plant (o tiozão mais animal do rock), Interpol (tem banda mais cool? A resposta é não), Major Lazer (Diplo e o DJ Switch descendo até o chão), Bastille (a mais nova fábrica de hits do pedaço), RSVB (surpresa ótima) e mais Alt-J (revelação que todo mundo tá amando), Cypress Hill (insane in the brain band) e Kasabian (todas curte). Todos esses citados aí atrás estão no line-up do Lolla Brasil (exceto o Cypress Hill, que será representado pelo projeto Ritmo Machine, de seu percussionista, Eric Bobo), yeah, obrigada, Perry Farrell (sempre bom agradecer o cara que criou este festival, em 1991) \oo/
Então aqui no Chile, por enquanto, a parada foi a seguinte…
THE KOOKS E FOSTER THE PEOPLE
Ah, o indie pop. Ele serve pra deixar a gente feliz, dançar com os amigos, dar altos pulos e ainda assim não ter aquela dor na consciência de que estamos dançando uma música lixo. O lance é bom, tem qualidade, mas mesmo assim gruda na cabeça que nem chiclete. Foram assim os dois primeiros shows mais animados deste sábado (14) no Lolla Chile. Debaixo de um sol ardente, a galera se reuniu em frente ao palo VTR pouco depois das quatro da tarde para dançar hits como a fofa She Moves in Her Own Way, do The Kooks, botando o povo no clima perfeito para começar a dar uns pulinhos em turma.
The Kooks preparou legal o terreno para a primeira atração que realmente arrastou a galera pra dançar, os californianos do Foster The People. Claro que teve Helena Beat e Houdini, músicas tão fofas e perfeitinhas que são capazes de fazer você esquecer que não vende nenhuma bebida alcoólica no festival. Sim, é sério, e vamos mudar de assunto.
CHUVA EDM
Enquanto isso no palco eletrônico (D-box VTR), choviam papel picado e gotas de água a cada break do DJ Dillon Francis. A pista gigante ficou pequena, literalmente, para receber a galera que estava ali para pirar ao som de synths agudos e graves gordos do DJ. A fim de registrar esse fuzuê todo, sobrou pra esta repórter um jato de água (torço muito pra que tenha sido água) no meio da pista. Tudo pelo jornalismo investigativo!
CLIMA DE MATINÊ
A delícia de estar no Lollapalooza vai muito além das atrações musicais – que são sempre o ponto alto, mas não só. O festival nasceu tendo como um fator importante ser uma plataforma para expor diversidades e até para fazer e discutir política. No Lolla Chile 2015 algumas mensagens ficaram muito claras: casamento gay, bicicleta como meio transporte, reciclagem e defesa do meio ambiente eram alguns dos temas propagandeados nas barracas da Aldea Verde, espécie de bolsão pró-ativismo do evento.
A diversidade no festival é a tônica, começando pelo line-up, que sempre é megaeclético, mas também passa obrigatoriamente pela galera que o frequenta. Tem gente de todas as tribos, looks, lugares e, no fim das contas, de onde você vem e o que você ouve em casa é o que menos conta.
CHAVE DE ST. VINCENT
Não é todo dia que alguém como Jack White elogia um guitarrista, e foi justamente isso que ele fez no meio do seu show. “Ei, se vocês não viram a St. Vincent tocando mais cedo, eu sinto pena de vocês. Ela sabe tocar uma guitarra”, disse o cara. Bom, não apenas ela sabe tocar e muito bem guitarra, ela deu uma chave de sensualidade, classe e interpretação dramática no palco Acer Windows 8 do Lolla Chile. Literalmente se jogou no meio do público, que chegou a ficar com sua guitarra durante um tempo. Essa moça não brinca em serviço e você precisa vê-la em acão no próximo sábado (28), quando ela se apresenta no Lolla Br.
BAILE DO TIO SKRILLEX
Como na edição chilena do festival americano criado por Perry Farrell não é permitida a venda nem consumo de bebida alcoólica, o evento parecia uma grande matinê, com espaço para muitos carrinhos de bebê inclusive.
No Kidzapalooza, como era de se imaginar, o clima era de fofura extrema, com espaço para muitas crianças vestindo camisetas de bandas. Mas as crianças no Lolla não ficam enfurnadas apenas na área destinada a elas, e o mais engraçado foi ver que elas, praticamente todas elas, estavam batendo cabelo durante a apresentação do produtor e DJ mór da EDM, Skrillex.
Skrillex é um rock star encarnado no corpo de um produtor de música eletrônica que sabe como ninguém fazer o povo tirar o pé do chão. Ele não se contenta em ficar no palco girando botões ou entretido com suas máquinas, o menino passa boa parte do tempo conversando com a galera, subindo na mesa de som, batendo cabelo e no fim das contas parece que é ele quem mais se diverte com seu set. Tanta energia tem endereço certo, bate lindamente com o que a o povo quer ouvir e dançar, e o resultado é uma sinergia incrível entre o americano que, aos 27 anos, já tem três prêmios Grammy e seus súditos. Pra entender isso melhor, a dica é: esteja no palco Onix no Lolla Br no sábado (dia 28), às 19h40, que é quando Skrillex demonstrará seus superpoderes em solo paulistano.
SMASHING PUMPKINS
A banda do carecão Billy Corgan foi a primeira a levar um público mais velho ao palco VTR, um dos dois gigantes do festival. Quem tem no CV sons matadores como os “abóboras esmagadoras” têm de sobra não deve jamais temer um festival, certo? Pois foi assim que a banda fez, foi lá e mostrou com quantos acordes se faz uma plateia inteira cantar suas músicas. Ah, teve momentos de tirar o lencinho do bolso e fazer “isqueiro” com o smartphone, como 1979, Ava Adore, Tonight, Tonight e, claro, Disarm.
JACK IN BLACK & WHITE
Pergunte ao Jack White como transformar um festival lotado de gente xóvem num bar retrô de estrada na beira do rio Mississippi e ele irá te responder com riffs lendários, cara de mau, pose de lenda da guitarra e um telão que faria jus a uma sessão de cinema em preto & branco em qualquer cinemateca cult. Ah, inclui-se aí também uma banda que tem alguns dos melhores músicos do mundo – menção mais que honrosa ao batera Daru Jones, tão virtuoso e estiloso quanto seu patrão.
Não sei pra você, mas pra mim o som solo de Jack White tá cada dia mais parecido com a fase mais brilhante do Led Zeppelin e isso não é pouco. Jack tem tudo sob controle, sabe quando fazer um carão pra plateia, quando ficar de costas, quando aumentar a intensidade e até quando fazer uma piada sacana: “Vocês já ligaram para o pai e para a mãe de vocês hoje? Não? Então façam isso agora! Vocês já viram o filme O Gabinete do Doutor Caligari? Não? Então façam isso agora”, ordenou do seu púlpito o guitar hero.
Não quero eu ser do contra, aliás, se hoje ele precisasse de alguém para limpar suas reluzentes botas brancas, eu toparia numa boa, porque neste sábado aqui no Chile ele mostrou quem manda no pedaço. Não vai dar pra perder isso de perto, vai? Ele toca no Lolla Br no sábado (28), às 21h15, no palco Skol. Bom, agora preciso dormir que hoje (domingo) tem muito mais, cachai (é o jeitinho chileno de dizer “tendeu?”).