SÃO PAULO (Reuters) – A banda canadense Rush já está no país e promete cantar “Closer to the Heart” especialmente para os brasileiros, que terão a chance de ver o trio de rock progressivo pela primeira vez.
“Tocamos essa música há mais de 20 anos e decidimos deixá-la de lado nesta turnê. Mas como soubemos que ela era um grande sucesso no Brasil e queríamos preparar uma surpresa (para os fãs), iremos tocá-la nos shows”, revelou guitarrista Alex Lifeson em entrevista coletiva nesta terça-feira, em São Paulo.
O Rush se apresenta nesta quarta-feira no Estádio Olímpico, em Porto Alegre, na sexta-feira no Estádio do Morumbi, em São Paulo, e no sábado no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.
Segundo Lifeson, os shows terão três horas de duração e a mesma produção apresentada nos Estados Unidos, com muita pirotecnia e efeitos.
Essa superprodução conta ainda com três máquinas de lavar colocadas no palco, mas os músicos não quiseram contar o porquê da presença dos utensílios no show.
“Não podemos revelar (o que elas significam). É um segredo de estado canadense”, brincou o vocalista e baixista Geddy Lee.
Com cerca de 30 anos de estrada, esta é a primeira vez que o Rush vem à América do Sul e mais especificamente ao Brasil, gerando no público uma enorme expectativa em relação aos shows desta semana. E a banda se arrepende de não ter agraciado a região antes.
“Não fomos inteligentes o suficiente para saber que tínhamos tantos fãs brasileiros”, disse Geddy Lee. “Também queríamos ficar com nossas famílias, o que dificultou que fizéssemos shows fora dos Estados Unidos e do Canadá”, explicou ele.
“VAPOR TRAILS”
O trio está em turnê divulgando seu primeiro disco de estúdio em cinco anos, “Vapor Trails”, lançado em maio último. A pausa na carreira do Rush foi uma consequência das tragédias que acometeram o baterista Neil Peart, que perdeu sua esposa para o câncer e sua filha em um acidente de carro em 1997. Peart, aliás, não participou da entrevista coletiva.
“Este álbum e a turnê são especiais para nós, principalmente para o Neil…Esperamos o tempo necessário até que ele se sentisse bem para voltar à ativa”, comentou Lee.
“Foi um processo lento… (Este álbum) é bem direto, orgânico e espontâneo…”, concluiu o vocalista sobre o novo trabalho.
Quanto ao repertório do show, o guitarrista Lifeson comentou que algumas canções não podem ficar de fora das apresentações do grupo.
“Temos muita sorte de não estarmos presos a hits radiofônicos, pois assim ficamos livres para tocar material pouco conhecido”, afirmou Lifeson.
“Mas sempre respeitamos o gosto dos fãs e não podemos deixar de fora canções como ‘Tom Sawyer’ e ‘The Spirit of Radio”‘, acrescentou.
Todos esses 30 anos de experiências e turbulências não fizeram com que o Rush se acomodasse ou sentisse vontade de abandonar a carreira. Pelo contrário, o trio continua buscando novas influências e antenado com as tendências do rock.
“Sempre ouvimos diversos tipos de música e isso nos dá vontade de compor”, afirmou Geddy Lee.
“No começo era o blues, depois nos interessamos pelo progressivo até chegar num som com a nossa cara. Mesmo hoje, quando ouço uma banda como o Radiohead, é empolgante e me dá vontade de fazer uma canção”, afirmou o baixista e vocalista.
O Rush nasceu em 1968 como uma banda de covers, mas somente em 1973 é que o trio decidiu investir em músicas próprias, tendo lançado em 1974 o primeiro álbum homônimo pela gravadora independe Moon Records — mais tarde relançado pela Mercury Records.
Pouco tempo depois o baterista John Rutsey deixou a banda, abrindo lugar para Neil Peart, considerado pela crítica um dos melhores do mundo no instrumento.
Ao todo o Rush acumula cerca de 23 discos além de compilações e gravações ao vivo, e já vendeu mais de 35 milhões de cópias no mundo todo.