Laura Lavieri acaba de entrar no jogo da nova MPB como artista solo, com o álbum de estreia Desastre Solar lançado via selo slap (Som Livre) e chegou fazendo bonito, entre o épico e o íntimo, com sonoridades bastante contemporâneas.
Na agenda de estreia, dois shows já estão confirmados: dia 4 de outubro, n’A Autêntica, em Belo Horizonte e dia 14 de outubro, no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo.
Com produção do craque Diogo Strausz, o álbum traz 11 faixas, assinadas por diferentes compositores, mas que na voz de Laura se completam como uma única e boa conversa.
Laura despontou anos trás como segunda voz de Marcelo Jeneci e agora avança por um caminho solo com ainda mais segurança e certeza sobre suas escolhas sonoras.
Qual é o conceito do disco Desastre Solar? Ele apareceu no caminho ou desde o começo você sabia exatamente o que queria?
Laura Lavieri – O disco nasceu da necessidade que eu tive dele existir, nada mais que isso. eu fui descobrindo ele ao longo de um caminho de três anos, muitas buscas e pesquisas.
Desastre, em sua etimologia, diz dum astro caído, perdido, ou ainda duma má estrela. eu não consigo bem entender a valoração de bom ou ruim (algo tão humano) para uma estrela, no universo as coisas são o que são, e mesmo uma explosão massiva como o big bang, é apenas o que precede o nascimento de toda a vida. o desastre, na minha vida, vem como essa grande explosão: é o começo de tudo pra mim. e esse é o mote pro disco todo: todas as fases e ciclos da vida, com todas suas nuances, confusões e intensidades.
Além disso, se fosse pra encarar a interpretação humana: o astro caído – eu não tenho nenhuma vontade de exercer a figura da diva, da mulher-objeto. eu quero ser porta-voz de um todo, de música.
O que está rolando de mais interessante na música hoje na sua opinião? Laura – Não é pouco: Lau e Eu, Olympyc, Yma, Ana Frango Eletrico, Joana Queiroz, Maria Beraldo, Duda Beat, Blastfemme, Oruã, Auramental, Negro Leo, Rodrigo Campos, Gui Amabis, Siba, Maglore, Giovani Cidreira, Jonas Sá, Baiana System. Ravyn Lanae, Kadhja Bonet, Childish Gambino, Anderson Paak, Connan Mockasin, Shintaro Sakamoto.
Que característica crê que seja mais marcante na sua geração?
Laura – Adoro esses estudos sobre as gerações. Acredito que o mais marcante seja essa capacidade de ser um pouco de tudo. E isso me encanta, de fato. nunca gostei de limites, definições, rótulos.
Mas, justamente por ter feito meu primeiro disco em busca disso, percebo o valor do limite. O limite é justamente o que dá liberdade. porque nessas de poder ser tudo, acabamos as vezes não sendo nada.
As ideias e os desejos precisam de um corpo, um veículo. Vemos justamente a próxima geração tendo uma fluidez a amplitude quanto às definições que tanto assustavam. E nessas, já começam a se apresentar sem tanto medo de definir ou fazer. Mas já com a barreira dos padrões-gastos rompida. Talvez nossa característica mais marcante tenha sido a de romper a barreira da transição, para a entrada na era da nuvem.
Quais são suas referências estéticas?
Laura – Gosto muito de Chagall, Klimt, Dorothea Tanning, Max Ernst, Chirico, Man Ray, Buñuel, Beuys, Fellini.
Quais são seus valores essenciais?
Laura – Respeito, honestidade, consciência e reconhecimento do desejo.