“Autoexilado” nos Estados Unidos, Rodrigo Amarante não parece disposto a abandonar o posto de ícone da MPB indie. Sem muito alarde, ele lançou no sábado o clipe de Maná.
Talvez por termer comparações com Los Hermanos, Amarante divulgou de forma tímida um dos principais álbuns de 2013, Cavalo, com uma estratégia de extremo low-profile. O disco não chegou antes para os jornalistas e saiu primeiro em vinil. Shows e entrevistas foram poucos.
Veja Maná
Os fãs, não tantos como nos tempos da banda carioca que inspira idolatria na galera de trinta e poucos anos, que deram o primeiro crivo de aprovação para o álbum. Meses depois Beyoncé faria o mesmo, com um disco lançado de surpresa na internet, sem preocupação com críticos e lojas físicas. Ao mesmo tempo, reforçou a aliança com os fãs por meio do diálogo pelas redes.
Já o brasileiro, junto com o clipe de Maná um texto em que explica as imagens, dá algumas pistas sobre seu processo criativo, o que também é raro, ao revelar que a música é uma homenagem à irmã, Marcela, que é ritmista da Mangueira.
Leia o texto na íntegra
“Essas imagens foram feitas por meu pai e minha mãe em 75 e 76 durante o carnaval em Saquarema, município do estado do Rio de Janeiro. Essas pessoas que se vêem aqui são minha família, meus pais e avós, tios, primos e amigos, gente maravilhosa, meus grandes heróis na infância. Todo ano eles formavam esse bloco chamado Saquarema de Banda. Dá pra ver muito claro porque ao invés de chamar de Banda de Saquarema eles inverteram o nome. Todos eles de banda, alguns mesmo entortados, todos palhaços, crianças em espírito. Foi assim que eu cresci e tão logo eu consegui segurar uma baqueta passei a tocar com eles no bloco. Esses foram os momentos mais felizes da minha infância e eu e minha irmã fomos pra sempre marcados por essa época, essas pessoas. Minha irmã, com quem dirigi e editei esse vídeo é hoje ritmista da Estação Primeira de Mangueira e foi pra ela que eu escrevi essa música. Maná é a graça, a benção, e Má é ela, Marcela. Esse vídeo é uma homenagem à todos que fizeram parte desse bloco, especialmente os mais velhos que faziam tudo acontecer, uma prova de que apesar de nos sentirmos muito modernos e livres no século 21 nossos pais e avós eram muito menos caretas do que somos. Bom, pelo menos os meus.” Rodrigo Amarante