Alguma coisa meio estranha aconteceu com a música eletrônica nos últimos anos. E talvez a maior prova disso seja o sucesso de David Guetta. É inegável que o DJ francês, que transformou o Rock in Rio em uma grande rave nesta sexta-feira (13), tem pleno domínio da técnica da discotecagem e personifica a eletrônica para as massas como poucos. Ele também proporciona um espetáculo que vai além do som, com sua preocupação com o aspecto visual das apresentações.

Mas para os que foram à Cidade do Rock pela musicalidade de atrações como Vintage Trouble, Living Colour e Beyoncé, a “house farofa” de Guetta representou uma momento anticlimático. Pela empolgação da plateia, no entanto, eles não eram muitos. Em uma noite em que a festa deu o tom, não há nada de errado em ir de Ivete Sangalo para David Guetta. Não há espaço para preocupações conceituais. O ecletismo é o traço marcante do consumidor de música pop hoje. Os guetos foram dinamitados.

Os grandes produtores e DJs continuam aí, se for para citar nomes dentro da própria escalação do Rock in Rio, Vitalic e Marky podem ser citados. Mas dificilmente, eles teriam espaço no palco Mundo, o que prova que a questão não é com a música eletrônica e, sim, com o público.

A propósito, em entrevista ao Multishow, ao fim da apresentação, Guetta – que elogiou o Brasil durante seu set, dizendo que é o lugar em que fica mais feliz no mundo e escreveu um bilhetinho para as câmeras declarando amor pelo Rio -, disse que gostaria de trabalhar com Ivete Sangalo e elogiou sua energia. Ele está certo, ninguém pode julgar um popstar por ser popular. É o mesmo que dizer que recriminar um artilheiro que faz gols feios, afinal, o importante é bola na rede.

Se a eletrônica ficou grande demais, não é motivo para se lamentar. Até por que, quase sempre, cada um ouve a música que deseja. A não ser que seu vizinho não seja muito civilizado. Ou você tope com gente que anda com som alto por aí, no carro, no ônibus, no metrô. O pior é que, invariavelmente, o gosto dessas pessoas é sempre duvidoso.

 


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Rock in Rio 2013: Com 'house farofa', David Guetta personifica eletrônica para massas

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