“Foi o disco que mais atingiu o que eu queria, o mais popular e o mais maduro”, define Otto sobre seu álbum de 2009, Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos. Graças a esse álbum, 2010 foi o ano onde Otto reconquistou seu posto entre os principais nomes da música brasileira moderna.

Foi um crescimento “orgânico” e espontâneo. Teve o boca-a-boca inicial. Depois veio um momento definidor: um elogiadíssimo show no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. Aí veio a inclusão da faixa Crua na trilha de Passione e Otto passou a voar alto. 

“A gente nunca foi atrás para conseguir isso”, conta Otto pelo telefone ao Virgula Música. O que aconteceu foi que o diretor da novela [Silvio de Abreu] curtia a música. Ele escutou numa festa, assim bem por acaso. Ele gostou e quis que fizesse parte da trilha.”

A versão teve que ser sem palavrão (o verbo “fodia”, da versão original, foi trocado por “fugia”)

“Pra mim não tem diferença, fodia, fugia, isso entrou na letra por uma questão mais de humor, nunca foi algo para chocar. Eu falo palavrão o dia todo. Minha filha ouve direto. Se ela falar um palavrão, nem posso dar um tapa na boca dela (risos).”

TRIBO AFRICANA NA LUA

O pernambucano já está com os olhos e ouvidos em 2011. O próximo disco já está pensado e conceituado. Ele garante que será muito diferente de Certa Manhã…: “Vai ser uma coisa afro-progressiva, bem espacial, influenciada por Pink Floyd e Fela Kuti… imagine uma tribo africana na lua, essa será a cara dele.”

“Tem uma certa inspiração de [François] Truffaut [cineasta francês] e de coisas cabalísticas. Quero lançar o disco em 1/11/11, e ele vai se chamar The Moon 1111“.

Ele se considera uma pessoa mística?

“Eu me impressiono com as coisas. Mas tudo isso, pra mim, rola muito mais no plano estético, não é que eu realmente leve isso a ferro e fogo”, explica.

XÔ, TRISTEZA

Certa Manhã foi gravado num momento bem difícil da vida de Otto. Ele havia terminado seu casamento com a atriz Alessandra Negrini e seu disco anterior tinha recebido críticas negativas de parte da imprensa. O contexto para a preparação do próximo disco não poderia ser mais diferente.

“Eu não tenho mais como digerir tristeza, não aguento mais isso. Claro que sempre vai ter melancolia, mas dessa vez é como se eu tivesse deixando minha dor de lado para falar de coisas melhores. Tô bem melhor que na época do outro disco, acho bonito o que eu vivi ali, eu tava em pane, mas agora consertei.”

O resumo da história é que Otto vai olhar para 2010 como um grande ano na sua carreira. 

“O momento é de segurança, de estabilidade, de vitória. Não é facil ser independente, mas eu acredito nisso. Sempre quis ser cantor, viajar fazendo isso e eu consegui realizar meu sonho. Existe um romantismo e uma magia que ninguém vai tirar de mim. Eu não sei ser de outro jeito, se eu deixar de ser o Otto, vou pedir esmola.”


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Revigorado, Otto prepara novo álbum: "Não tenho mais como digerir tristeza"

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