A quinta edição do Rock in Rio no Brasil, que terminou no domingo (22), após sete dias de atrações divididas em duas semanas, será lembrada por momentos que vão deixar saudade.

Como ocorre desde a primeira edição, a despeito dos que reclamam que o festival só tem rock no nome, o festival foi marcada pela diversidade de gêneros musicais e por públicos diferentes, como se fosse um evento diferente a cada dia.

Logo na abertura, no dia 13, Beyoncé fez um show com um espetáculo completo e de alto nível, com uma superbanda só de mulheres, a Sugar Mama, e se destacou pelas coreografias, os vídeos, a luz e as trocas de roupas. Provou que de fato é uma rainha, em uma noite que também consagrou Ivete Sangalo, maior nome do pop nacional, mais uma vez.

No palco Sunset, a revelação Vintage Trouble ofereceu como cartão de visitas o seu blues rock. Os que não os conheciam, agora já sabem bem quem eles são. Outro bom show deste palco foi Living Colour com a cantora do Benin Angélique Kidjo.

O sábado, 14, teve duas bandas que idolatradas por seus fãs no palco Mundo, mas que que provocam reações adversas. Florence and The Machine atraiu uma legião de garotas com flores no cabelo e inspiração hippie, as “Florence girls”. Já o Muse promoveu o encontro do rock com a eletrônica em um show também bastante performático.

Marky Ramone, baterista dos Ramones, com Michael Graves no vocal, relembrou a banda do 1,2,3, 4 e do Hey, Ho, Let´s Go em uma performance de arrepiar no Sunset. Autoramas e B Negão, um raro tributo que deu certo, o de Raul Seixas, com Detonautas, Zeca Baleiro e Zélia Duncan e o punk rock do The Offspring fizeram do sábado o dia mais coeso do palco Sunset. Só porrada.

A banda britânica Muse, com seu rock obscuro, carregado de mensagens metafísicas, foi a principal atração da noite no palco Mundo. Com os acordes pesados de Supremacy, do último disco do grupo, suavizados pela voz em falsete de Matthew Bellamy, que animou o público desde o primeiro instante.

No programa do grupo britânico não faltaram suas músicas mais populares, como UprisingStarlight e Survival, canção oficial dos Jogos Olímpicos de Londres 2012, que deixaram para o final do espetáculo, fechado por Bellamy tocando Knights e enrolado em uma bandeira do Brasil.

Grande nome do pop masculino atual, Justin Timberlake cumpriu as expectativas e fez um show impecável no encerramento da primeira etapa, no domingo, 15. Neste mesmo dia, a lenda da guitarra George Benson transformou o palco mundo em um clube de jazz. O norte-americano recebeu Ivan Lins como convidado. Com participação de Maria Gadú, a cantora norte-americana Alicia Keys mostrou hits como Girl on Fire e Songs in A Minor, que agradou o público. 

Na abertura da segunda etapa, na quinta-feira (19), o Alice in Chains surpreendeu e fez um show bem superior ao que havia apresentado no SWU, em 2011, inclusive com mais peso que nos tempos do seu auge, nos anos 90, quando Layne Staley (1987-2002) era vivo.

No Sunset Rob Zombie também fez um bom show, apesar do som embolado. Sebastian Bach se esforçou e tentou falar português, mas a voz de “Tião”, como é chamado pelos fãs, mostrou que a velhice pode ser ingrata para quem vive de falsete.

Com dois desfalques na banda, Bon Jovi encerrou o palco Mundo em um um show para “iniciados” na sexta (20). Os blocos de músicas novas foram recebidos com frieza, enquanto que os clássicos da banda de Jon levantaram a galera. A ausência mais notada foi a do guitarrista e parceiro Richie Sambora, fora de toda a turnê por desavenças com o líder, já o baterista Tico Torres foi vetado poucas horas antes da apresentação, com problemas de saúde que provocaram o cancelamento de uma série de datas na América Latina.

Ainda na sexta, o palco Sunset teve uma performance explosiva da loiraça Grace Potter, outra revelação indie do festival, e momentos de refinamento musical com os blues de Ben Harper e do lendário gaitista Charlie Musselwhite.

Para alguns, o show de Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Roberta Sá, lotado de sucessos dos Novos Baianos, foi o melhor de todo o festival, mesmo que tenha rolado no Sunset e no meio da tarde. O punk cigano do Gogol Bordello e Lenine mantiveram o nível alto.

Enquanto isso no palco Mundo, John Mayer comandou um imenso karaokê na Cidade do Rock e arrancou suspiros mais pela beleza que pela habilidade musical.

O grande nome da noite e talvez de toda edição foi o operário do rock Bruce Springsteen. Por 2 horas e 40, ele esbanjou carisma, tocou seu álbum Born in The USA, de 83, inteiro, e só não fez chover. Foi a maior prova de que a música é um veículo de êxtase religioso e provocou uma imensa catarse coletiva.

O domingo teve o retorno da “maré negra”, hordas de fãs de rock pesado com suas camisetas pretas e sua disposição em curtir seu som de maneira apaixonada, na linha “os brutos também amam”, a violência neste tipo de evento fica restrita ao som. Viper e André Matos emocionaram os fãs do metal nacional e Destruction e Krisium soaram como se as portas do inferno tivessem sido abertas e isso, por incrível que pareça é um elogio para quem gosta da barulheira. Sepultura e Zé Ramalho protagonizaram outro momento inesquecível da música nacional.

Mas o melhor estava reservado ao palco Mundo, com Slayer, Avenged Sevenfold e Iron Maiden. Os fãs do metal saíram com a certeza de que se o mundo fosse acabar, a trilha sonora já estaria pronta. Os “fiéis” do sétimo dia garantem.


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