Rock rural é com Flávio Oliveira de Oliveira, o Landau. Ás do agrocore, movimento que se diverte sabotando a aversão de roqueiros em relação a gêneros mais populares, em especial as músicas brega e caipira, Landau abraça Green Day e Amado Batista – este um de seus parceiros – com igual paixão.

Aos 30 anos, o irmão caçula de Rogério Flausino (vocalista do Jota Quest) e Wilson Sideral é de Alfenas, Minas Gerais, mas reside em São Paulo há cinco anos. É na capital paulista que ele publica neste mês seu primeiro DVD, uma compilação de clipes cujo lançamento independente será comemorado com show no tradicional Bar Manifesto, no próximo dia 14 de agosto, quinta-feira. Na celebração, ele será acompanhado por Bruno Oliveira (baixo) e Marcel Cardoso (bateria).

Agroboy, maior sucesso do cantor que hoje é fenômeno do YouTube, rendeu um dos 17 clipes que integram o DVD. A letra decreta a danação da “onda fashion” por meio do manifesto do agroboy, um “garanhão da madrugada” que canta “hip hop rural, caipira hardcore”. “Agroboy é um hino do movimento”, contou Landau ao Virgula. “Vejo como um manifesto contra a idéia de que não tá certo misturar rock com brega e sertanejo”.

Lata Velha, outro de seus principais hits, também encontrado no DVD, foi produzido como trilha do programa Caldeirão do Huck, da Rede Globo.

Assista a Landau em Agroboy

Agroboy pega estrada

Landau está ainda com todo gás para empreender a turnê nacional batizada também como Agroboy, que deve realizar 50 shows ao redor do país até o fim deste ano. Após a festa de lançamento do DVD, Landau se apresenta novamente no dia 20, no SESI Vila Leopoldina, dentro do projeto Sons Urbanos. Humor, espontaneidade e romantismo são algumas das marcas do moço, que trocou uma idéia com o Virgula por telefone nesta semana.

Como surgiu o movimento agrocore?
Surgiu com a banda Agrocore, do interior de São Paulo. A banda acabou, mas o movimento continua. Eu e a Agrocore chegamos a ficar amigos e temos em comum esse desejo de dar uma nova cara para o rock. O nome vem de hardcore, tendo mesmo como base o rock, mas com uma filosofia interiorana aparecendo nas letras. É um estilo caipira descolado. Tem a rebeldia do rock, mas é em cima de um não-preconceito.

Agrocore tem algo em comum com sertanejo universitário?
Nossa intenção é contrária. Queremos popularizar o rock. Você vê que funkeiro e sertanejo gostam de rock. Roqueiro é que cria muitas barreiras. Por isso que nossa música incomoda o roqueiro radical. As pessoas não entendem como posso tocar Metallica e ao mesmo tempo falar de onde venho.

Você canta Metallica nos shows?
Sim, além de outras bandas. Curto Green Day, Foo Fighters, Creedence Clearwater Revival. No show, toco piano, violão, guitarra. Tem esse clima de alusão ao bicho grilo, caipirão mesmo. Mas, assim, complementando o que dizia… o sertanejo universitário tem todo meu respeito – minha concepção desse som é excepcional, pois apóio todos os movimentos. Nova MPB, novo pop rock. Tipo NXZero, Fresno, bandas que eu conheço desde que conferia os shows deles no Hangar 110. Sei que eles não vieram do nada. Eles me chamam a atenção justamente pela vontade de fazer um negócio mais pop. Sabe? Vamos mexer. Tudo anda muito igual. E se Chico Science misturou maracatu e rock psicodélico, por que não misturar música caipira com hardcore?

O que sua família, bastante envolvida com música, acha do manifesto agroboy?
Ah, a família adora. Meu primo de segundo grau, Ângelo Máximo, participa inclusive de uma música em meu DVD. Ele é um cantorzão. Nosso Elvis brasileiro. Tem quem pense talvez que estou velho para tocar rock’n’roll, mas sempre toquei todos os gêneros. Meus irmãos estão no meio musical também, mas tem até uma faixa no meu DVD que se chama Não sou irmão de ninguém.

Amado Batista também está no DVD, certo?
Sim, ele é meu amigo, meu padrinho musical. Dalvan, monstro sagrado da nossa música, também participa. Eles estão em duetos comigo no DVD, que foi finalizado há um mês, mas reúne clipes criados ao longo de dois anos e meio. Ah, inclusive o DVD tem um capítulo que se chama A banda de um homem só. Mas não é nada Lenny Krawitz, tipo “Vou mostrar como sou foda”. É bem artístico.


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