Às vésperas de completar oito décadas de vida, Leonard Cohen, o intértprete de Hallelujah, passa por um momento de vida excepcional com o lançamento de um novo álbum, muitas declarações e um charuto entre as mãos.

“Terei 80 anos daqui a pouco e fumei durante 50, realmente gosto de fumar”, constatou o músico em uma coletiva em Londres com jornalistas de 25 países, ávidos de escutar as palavras cavernosas, tingidas de nicotina e fumaça desse ancião de sorriso brincalhão, que é sempre recebido com aplausos.

Cohen fará aniversário no domingo, mas, ao contrário das expectativas que envolvem a data, o cantor não espera um grande evento.

“Em minha família nós quase não comemoramos os aniversários e nem nos importamos quando esquecemos de algum, acho que vou comemorar fumando”, conta, rindo.

Dois dias depois de soprar as velas, será lançado “Popular problems” (Sony Music), o álbum número 13 de sua carreira, o que também é motivo de festa. De acordo com Cohen, o disco contará com uma grande variedade de gêneros, entre eles gospel, country e blues.

O truque para o sucesso, segundo ele, está na parceria com o produtor e compositor Patrick Leonard, que também já trabalhou com Madonna. Apesar da cooperação com a pop star, Cohen afirma que ficou fã de Leonard ao escutar composições no piano.

“Popular problems” chegará ao mercado após apenas dois anos de intervalo desde o lançamento do antecessor, “Old ideias”. Cohen atribui a rapidez de criação à “química” com Leonard e anuncia que já estão trabalhando em um novo álbum, que seria o terceiro em um curto espaço de tempo, ainda mais para alguém que não tem mais nada a provar.

Amor, desamor, conflito, religião… São esses os temas que Leonard Cohen sempre desenvolveu ao longo da carreira, problemas comuns a todos, como indica o título da nova obra.

“Reflete o mundo em que vivemos, a atmosfera”, diz ele, antes de brincar que o próximo álbum deverá ser chamado de “Unpopular solutions”, em alusão à dificuldade de solucionar essas adversidades.

Em declarações aos jornalistas, Cohen se mostra um personagem bem moderado, sem extremismos, sereno, transcendente e sem muita vontade de chamar a atenção.

Como a entrevista foi realizada em Londres, o músico foi perguntado sobre o que significam para ele assuntos como o referendo escocês que será votado nesta quinta-feira. Apesar de não dizer como votaria, comentou a situação.

“Não sinto que possa assumir uma posição. Gosto de acreditar que todos trabalham com as melhores intenções. As pessoas tratam de fazer com que suas vidas tenham sentido e às vezes acham que o jeito é com a política. De qualquer forma, reconheço a luta para dar significado a sua existência e isso merece respeito”, considerou.

Com sua experiência de vida, que o ajudou a lutar várias vezes contra a depressão e a sensação de derrota, Cohen afirma que é fundamental reconhecer que “todo o mundo sofre e que todo o mundo luta para ser alguém”.

“É preciso entender que sua luta é como a luta de qualquer outro, assim como o sofrimento também, e acho que não se chegará a soluções políticas enquanto não chegarmos a esse pensamento”, declarou.

Poeta, romancista e cantor, Cohen é considerado uma autoridade global da música, apesar de não ter lançado seu primeiro álbum, “Songs of Leonard Cohen” (1967), até os 33 anos. Depois vieram outros como “Songs of Love and Hate” (1971), “Various positions” (1984) e “I’m Your Man” (1988), entre outros.

O cantor também se destaca pela ampla produção literária, sobretudo poética, com início em “Let Us Compare Mythologies” (1956), e a última obra até o momento, “Book of Longing”, publicada em 2006, poucos anos antes de receber o prêmio Príncipe das Astúrias de Letras. 


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Redescoberto, Leonard Cohen avisa: 'Comemorarei meus 80 anos fumando'

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