Filha do William Magalhães, líder da Banda Black Rio e neta do Oberdan, fundador da banda, Amanda Magalhães, 27 anos, é compositora, produtora musical, cantora, pianista e atriz. Ela, inclusive, tem um papel de destaque na terceira temporada do 3%, série da Netflix.
Na sexta, ela laçou o videoclipe de Fazer Valer, com participação do monstrão Rincon Sapiência. Nós trocamos uma ideia com a multitalentosa Amanda, em que ela falou sobre machismo, tendências e influências:
Você é uma das raras produtoras da música brasileira, em que aspectos considera o machismo mais visível na música?
Amanda Magalhães – Em todos. Ainda temos poucas mulheres instrumentistas, técnicas de som, arranjadoras, produtoras, ou até mesmo comandando grandes major labels. Nos mais diversos setores da música, se comparamos a nossa presença, em número, com a dos caras, é evidente o longo caminho que ainda temos pra percorrer.
Talvez a única excessão aqui seja a da figura da cantora mesmo, da intérprete. Que também é complicada porque pra alcançar um certo patamar, será muito cobrado dessa mulher que ela tenha uma certa imagem, alinhada com o imaginário masculino de beleza, sensualidade e comportamento. A nossa aparência é um fator determinante na equação.
A indústria da música ainda é orquestrada pelos homens na sua feitura e por uma cultura cheia de padrões também. Então fora a necessidade de ocuparmos esses espaços, as que chegam lá, tem de se provar a todo momento, pra além de suas próprias aparências, apenas por serem mulheres. Isso acontece igual em outros métiers, outros ambientes de trabalho.
O que você acha que está rolando de mais interessante na música hoje?
Amanda – Gosto muito dessa volta do R&B. Voltou com tudo. É um gênero musical que eu curto muito e que ficou uns anos na geladeira, longe do grande público, agora vem sendo consumido mais e mais de novo.
Quais são suas maiores influências?
Amanda – Eu sempre escutei muito Erykah Badu, Madonna, Elis, Bjork, Amy Winehouse, Nina Simone, Tribe Called Quest. Hoje em dia piro no Childish Gambino, na Rosalía, Flume, Jorja Smith, Letrux. Caldeirão. Minhas playlists são bastante ecléticas. Costumo brincar que não tenho vergonha de ir de Jorge Aragão a Daft Punk. Sem problemas! Eu gosto é de texturas.
Quais são suas principais referências estéticas?
Amanda – Em termos de sonoridade e de produção musical, Flume, acho ele super contemporâneo e criativo. Quincy Jones, ícone. E claro, meu pai, William Magalhães. Foi ele quem me ensinou tudo o que eu sei de produção. É a minha maior referência.
Quais são seus valores essenciais?
Amanda – Tô sempre em transformação, não me considero uma pessoa de valores fixos. Mas me acompanha há muitos anos essa ideia de permanecer leal a quem eu sou. Ser de verdade.