Raphael Pippa fala sobre racismo e violência no Brasil em novo single

Um grito de resistência e de luta contra o preconceito e a violência. Esse é o ponto central de “Nosso Catendê”, novo single do cantor, compositor, músico e ator Raphael Pippa. Com produção de Micah El Tuhu pelo selo Tuhumusic, o lançamento conta com participação da cantora e compositora Simone Faitu e está disponível nas plataformas digitais.

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Composta por Raphael Pippa e Simone Faitu, “Nosso Catendê” é uma canção de protesto que mergulha no Ijexá, ritmo originário da cidade de Ilexá, na Nigéria, e levado para a Bahia pelos iorubás escravizados que aportaram a partir do final do século XVII. Essa conexão com as raízes se desdobra na letra, que evoca o legado de luta do povo preto e a resistência cada vez mais necessária contra o preconceito e a violência no Brasil.

“Nosso Catendê nasceu na primeira fase da pandemia, em 2020, da indignação de perceber nosso povo morrendo nas filas de hospitais sem sequer ter a possibilidade de tratar a Covid. Naquele momento, estava pesquisando sobre Ossain, o Orixá das ervas e do poder curativo, numa perspectiva de tentar manter o foco positivo na ancestralidade, refletindo sobre as curandeiras nordestinas da minha família. Nessa mesma época, aconteceu a barbárie com o mestre de capoeira Moa do Katendê, que foi morto a facadas”.

“Aquele acontecimento me deixou mal e reflexivo. Além do nome de uma localidade no sertão pernambucano, no panteão dos povos de língua quimbundo, Catendê é o inquice de Ossain, das folhas, agricultura e ciência, elementos esses em ameaça atualmente. Passei a refletir sobre a necessidade de reivindicarmos esse Catendê politicamente e isso jamais seria possível sem falar das lutas seculares dos povos originários, dos povos pretos e das mulheres. Quando mostrei a música pra Simone Faitu, ela se empolgou muito e ficamos um dia mexendo nela e discutindo os caminhos da canção”.

“Ao final, percebemos que “Nosso Catendê” é uma reação às inúmeras tentativas de genocídio e epistemicídio sobre essas populações, causadas pela colonização, muitas vezes maquiados com ditos progressos. Agridem a natureza, modificam e envenenam o solo dos nossos alimentos e atacam e negam os avanços da ciência. Que as próximas gerações continuem reivindicando esse Catendê respeitoso e possível de nos curar no dia a dia”, explica Pippa.

Talento na música, no cinema e no teatro

Raphael Pippa nasceu no Morro do Pinto, na área portuária da cidade do Rio de Janeiro, iniciou os estudos aos 13 anos na Escola de Música Villa-Lobos, onde cursou canto popular e lírico com a professora Patrícia Vilches.

Aprendeu a tocar violão no morro, frequentando rodas de música dos mais velhos e logo fundou uma banda de rock/MPB. Cantou no Coral da PUC sob regência e direção de Geraldo Leão. Aos 19 anos, estudou violão na Escola Portátil de Música com os violonistas Paulo Aragão e Maurício Carrilho e passou a frequentar rodas de culturas populares pela cidade. O mergulho nas raízes levou o artista à história de sua avó materna, Teresa, violonista paraibana, da região do Cariri.

Essa pesquisa inspirou seu trabalho solo de estreia, o EP “Tombo de Coragem”, de 2016, dedicado à memória de sua avó e às suas origens sertanejas. Em 2020, lançou o single “Parapeito”, uma canção de amor surgida na primeira onda da pandemia de Covid-19, e, no ano seguinte, o vídeo “Eli-te-quer”, em parceria com o Sarau Coletivo.

Como ator, Pippa começou no teatro no Grupo de Teatro do Oprimido Cor do Brasil, com o qual se apresentou no país e no exterior. Com Cilene Guedes e Daniel Carneiro, criou a Cia Teatro no Caixote e o musical infantil “Cumbuca e a Menina que Salvou a Mata”. Em 2021, subiu ao palco no premiado espetáculo infantil “Zaquim, O Musical”, dirigido por Duda Maia, tendo atuado também como músico, compositor e assistente de direção musical. No cinema, integrou o elenco do “Simonal – O Filme”, em 2018, contracenando com Fabrício Boliveira, Silvio Guindane, Rafael Logan e Fabrício Santiago, sob direção de Leonardo Domingues.

Simone Faitu

A cantora e compositora Simone Miranda adota o nome africano Faitu em homenagem às suas raízes nigerianas e em decorrência de sua iniciação em Ifá. Com mais de 36 anos de música, Simone Faitu vivenciou grande etapa de sua carreira na Europa, tendo se apresentado em turnês com o musical “Hair”, em orquestras, com sua banda de reggae e MPB.

No Brasil, participou do musical Eco Show com Ciro Barcelos, da exposição sobre os 100 anos da Indústria Brasileira, das rodas de samba da Feijoada da Mangueira e de muitas outras pela Lapa e Santa Teresa. Formou a banda Simone e as Heras com suas composições com influências de reggae, MPB, black music e rock-blues.

A sua música expressa conexões com o invisível, com a natureza e as mais recentes expõem as relações e injustiças sociais inerentes à sociedade brasileira. Atualmente, divide a sua agenda entre Rio e Hamburgo e relança nas plataformas suas gravações feitas na Alemanha e em Cuba.


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Raphael Pippa fala sobre racismo e violência no Brasil em novo single

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