Os paulistanos do Ecos Falsos tocam um rock nonsense, que ora aborda temas sérios com um tom de crítica, ora são totalmente descompromissados em transmitir qualquer tipo de mensagem.
Com uma auto definição no mínimo criativa, pós-boy band, os caras seriam uma espécie de boy band do futuro, quando elas irão compor suas próprias músicas e tocarão, ao invés de ficar fazendo coreografias ridículas.
Com seis livros infantis publicados, o principal letrista e vocalista da banda, Gustavo Martins, bateu um papo bem descontraído com o Virgula Música e contou tudo (ou quase) sobre os Ecos Falsos. Confira o Raio-X da semana!
Início
A banda surgiu como um quinteto, em 2002, mas foi só em 2004 que eles começaram a tocar nas casas de shows. Gustavo Martins (vocalista e guitarrista), Daniel Akashi (guitarrista), Tomás Martins (baixista), Felipe Daros (guitarrista) e Davi Rodrigues (baterista) tocaram juntos até 2006, quando Tomás resolveu deixar a banda. Desde então, a banda segue como um quarteto, com três guitarristas que se revezam na hora de tocar o baixo.
Depois que meu irmão [Tomás] saiu da banda, nós ainda arranjamos outro baixista, o Thiago, que é o cara que aparece no clipe da música Réveillon, que concorreu ao VMB 2006, mas também não durou muito e ele saiu no final daquele ano, conta o vocalista Gustavo Martins, em entrevista ao Virgula Música.
Os integrantes se conheceram quando ainda estudavam na Faculdade de Arquitetura da USP. Eles tinham uma banda cover, tocavam em festinhas e, em uma ocasião, eles estavam precisando de um guitarrista, pois o Daniel [Akashi] tinha ido trabalhar no Japão. Foi aí que o meu irmão me chamou para tocar com os caras e eu entrei para a banda. Acho que eles ficaram sem graça de me tirarem da banda [risos], brincou o vocalista.
Nome e influências
Enquanto para algumas bandas a escolha do nome é algo que surge naturalmente, para os Ecos Falsos foi uma tarefa árdua.
Tentamos coisas muito ruins como Possível Repertório até eu encontrar o termo Ecos Falsos numa busca do Google, que é o sinal de atividades alienígenas captados por radares. Aí eu achei legal., explica Gustavo.
As influências da banda são diversas, cada integrante segue por vertentes semelhantes, enquanto rock, mas diferentes em suas particularidades. Eu gosto muito de Frank Zappa, Blur e We Are Scientists. Já o Daniel pende mais para os Beatles, também gosta de uma banda japonesa que canta em inglês chamada Judy and Mary. O Felipe está numa onda de Los Hermanos, Cartola, Caetano Veloso e o Davi ouve umas bandas mais obscuras, como Queens of the Stone Age, gosta também de PJ Harvey, conta.
Músicas
A banda lançou o álbum début Descartável Longa Vida, em setembro de 2007, com um show no Centro Cultural São Paulo. O disco vem recheado com músicas como Fim do Milênio, Sentimental, A Última Palavra em Fashion, Réveillon, A Revolta da Musa (com participação de Tom Zé) e Dois a Zero (com Fernanda Takai).
Esse disco foi lançado pela Monstro Discos, que cuidou mais da distribuição e da prensagem do disco. Como toda banda independente, são os próprios integrantes que põem a mão na massa e correm atrás dos assuntos da banda.
Nós vendemos a maioria das coisas, marcamos os shows, é tudo home made, conta Gustavo. Sou eu mesmo que marco os shows, o Daniel faz as camisetas e capa dos discos… Somos uma micro empresa de nós mesmos, não temos produtor. Somos independentes total, e ao mesmo tempo todo mundo tem empregos fixos, o que dificulta um pouco. A gente é super punk, no sentido Do It Yourself [Faça Você Mesmo], acrescenta.
Além do Descartável Vida Longa, a banda possui também o EP A Última Palavra em Fashion, lançado em 2005.
A Sereia
Enquanto algumas músicas dos Ecos Falsos têm um tom mais crítico, como Fim do Milênio e A Última Palavra em Fashion, há outras que são totalmente nonsense. É o caso de A Sereia, que ainda não foi lançada em nenhum disco.
Eu e Felipe a escrevemos, em 1997, eu tinha 14 anos e o Felipe, 13. Estávamos na praia de Guarujá em um dia que tinha muita mulher feia. Lembro que eu estava começando a aprender a tocar guitarra, já tinha aquele riffzinho e fizemos a música da Sereia, lembra Gustavo.
A produção do Ecos Falsos é muito isso: a gente faz música de acordo com o nosso estado de espírito. Então umas são mais sérias, outras são mais bobagem. Gostamos de ser meio imprevisíveis, como as pessoas são imprevisíveis, acrescenta. Era para ela entrar nesse disco, mas o pessoal achou melhor não, porque ela ia destoar muito das outras. Mas, no próximo, vou bater o pé para que ela faça parte.
Onde Encontrar
Os trabalhos dos Ecos Falsos podem ser comprados em vários lugares como a livraria Cultura e pelo site mube.com.br, que entrega em todo o Brasil. No site da distribuidora (Tratore.com.br), é possível encontrar uma lista das lojas que vendem o disco.
Para quem quiser ouvir as músicas dos Ecos Falsos, os caras disponibilizaram o primeiro álbum inteiro no Tramavirtual, além das faixas no MySpace (/ecosfalsos).
Shows
A banda já tocou em vários estados de todas as regiões do Brasil. Já se apresentaram em quase todos os festival nacionais: Calango, Bananada, Casarão, Ruído, inclusive participaram da turnê pelo Nordeste da MTV, ao lado de outras bandas independentes como o Vanguart, Faichecleres e Rock Rockets. Dos clubes de São Paulo, já tocaram em todos, com exceção do Vegas e Clah Club.
Os próximos shows serão em 11 e 12 de abril, em Ribeirão Preto e Araraquara, respectivamente. A banda também está escalada para tocar no festival Casarão, em Porto Velho, que acontece de 2 a 4 de maio deste ano.
Futuro
Os caras já estão trabalhando no próximo álbum, que vai ter algumas novidades, como a inserção de um teclado nas faixas.
Estamos fazendo muita coisa nova, mas quero fazer um segundo disco pesado também. Vai ser esquizofrênico, desde ter coisas novíssimas, até composições mais antigas, como A Sereia, conta o vocalista.
Além do disco, os caras pretendem lançar o novo site da banda, clipes e um programa de TV pela internet. É um projeto bom, mas ainda não está fechado. Vai ser uma evolução do nosso podcast, só que em vídeo. Vai ter convidados, mas ainda não sei direito com qual site fechar, revelou Gustavo.
A História Não Contada
Quando eu tinha nove anos, publiquei um livro infantil e fui citado no Guiness Book da época como o mais jovem escritor a publicar um livro. Aí, apareci no programa da Xuxa e tudo o mais, conta Gustavo. Eu recuperei esses vídeos, foram digitalizados e eu vou disponibilizar no novo site da banda, acrescenta.
O livro ao qual o vocalista se refere chama-se Fábulas para o Ano 2000 (Rodrigo Lacerda e Gustavo Martins; ilustrações de Paulo Batista; 80 págs.; Lemos Editorial), em que foram adaptadas histórias tradicionais, como A Princesa e o Sapo ou Os Três Porquinhos, aos tempos modernos.