Depois de “Entrevista com o Vampiro” (1994), a Warner finalmente decidiu produzir o segundo capítulo das crônicas de terror de Anne Rice. O resultado é “A Rainha dos Condenados”, que chega aos cinemas brasileiros nesta sexta-feira.
Após muitos boatos negativos, a produção revela-se não ser tão ruim quando se temia. A presença da elogiada cantora e atriz Aaliyah, falecida em agosto de 2001, no papel principal, vai ajudar a atrair o público.
O filme começa no presente, quando o vampiro Lestat (Stuart Townsend no papel que foi de Tom Cruise no anterior) acorda de uma sesta que durou um século. O mundo mudou: hoje há toda uma subcultura de música e clubes góticos onde um vampiro pode sentir-se quase em casa.
Ele vira vocalista de uma banda de goth metal e, da noite para o dia, torna-se sensação da mídia. Rompe o código secular de sigilo dos vampiros, anunciando sua verdadeira identidade à imprensa (mas ninguém acredita no que diz), e passa a viver como típica celebridade mimada do mundo do rock.
Há uma história paralela envolvendo Jesse (Marguerite Moreau), uma pesquisadora paranormal que pode possuir um vínculo familiar secreto com vampiros. Ela integra uma equipe de pesquisadores do famoso instituto Talamasca, em Londres, que parece o lugar típico dos filmes de terror. Jesse se apaixona por Lestat e lê seu diário antigo no arquivo do instituto, o que nos permite ver, em flashback, como Lestat foi sequestrado pelo vampiro ainda mais antigo que ele, Marius (Vincent Perez), e convertido aos poucos.
Em dado momento, o filme entra em modo “piloto automático” e atola em todo um vocabulário e um conjunto de regras e leis do vampirismo. O grande final acontece quando todos os vampiros inimigos de Lestat lhe preparam uma emboscada num festival de música no Vale da Morte. É o tipo de caos de som e luzes que se poderia esperar, completo com efeitos digitais mal concebidos e muito derramamento de sangue destituído de humor.
E onda entra Aaliyah, afinal? Tome cuidado para não piscar, senão ela pode passar desapercebida. Sua grande entrada, no papel-título do filme, só acontece depois de uma hora, e, quando acontece, é desconcertante: podemos ouvir uma voz manipulada, de som robótico, saindo de sua garganta.
Aaliyah em nenhum momento tem muito o que fazer na história, mas a rainha Akasha, que ela encarna, percorre a tela com convicção felina, e, quando ela e Lestat olham fundo nos olhos um do outro, realmente temos a impressão de que esperaram séculos para esse momento chegar.