Ao final do show do Radiohead em São Paulo, que aconteceu neste domingo, 22, durante o Soundhearts Festival, no Allianz Parque, pessoas apresentavam uma mistura de satisfação e inconformidade. Estavam em êxtase por terem visto uma apresentação perfeita e super esperada de uma das bandas alternativas mais conceituadas das últimas três décadas, e frustradas pela trupe de Thom Yorke ter deixado de fora do repertório alguns dos grandes hits da carreira.
“Eles não tocaram mais da metade de suas músicas conhecidas”, reclamava uma moça para o namorado na saída do estádio. Dois amigos resolveram enumerar as grandes canções da banda que ficaram de fora do setlist, e que foram tocadas nos shows do Chile, Argentina, Peru e até do Rio de Janeiro – mesmo que alternadas: “Pô, não teve ‘Street Spirit’, ‘Airbag’, High & Dry’, ‘Creep’, ‘The Bends’, ‘Lucky’, ‘Karma Police’, ‘ The National Anthem’… faltou um monte. Thom Yorke trollou a gente'”.
Das consideradas ‘conhecidas’, em São Paulo teve Let Down, My Iron Lung, Everything in Its Right Place, Idioteque, There There, All I Need, No Surprises, Paranoid Android e Fake Plastic Trees, que encerrou o concerto. Essa última ficou famosa como a ‘música do Carlinhos’, por causa da propaganda de Síndrome de Down. Foi o primeiro contato do grande público brasileiro com o Radiohead.
É fato que o Radiohead não possui um grande hit desde os álbuns Ok Computer, de 1997, e até de Kid A, de 2000. A banda não tem mais intenção em fazer ‘música para a massa’. Todos os álbuns posteriores seguiram na direção experimental e viajante da mente de Thom Yorke, Jonny Greenwood e cia. E, foi para esse público, que os acompanhou e os entendeu nas últimas duas décadas, que o show da capital paulista foi direcionado. O passado, aquele dos anos noventa e que os fez grandes, cada vez mais não os pertence.
Porém, não há como não se impressionar com o show do Radiohead. A atmosfera, iluminação, perfeição e intensidade em que as músicas são executadas os colocam na posição merecida que ocupam, de banda única, que vai da catarse a extrema calmaria, com momentos acústicos, eletrônicos e cheios de guitarras. Emocionante é a palavra que define.
Até os próprios integrantes que têm fama de pálidos e introvertidos, se mostravam felizes no palco. Principalmente Thom Yorke, que a cada hit não tocado parecia se divertir horrores, sorrindo e abusando de sua dancinha sem jeito, que já virou marca e charme do músico.
Se a banda trollou mesmo os paulistanos com o setlist, como disse o fã, não dá para saber. Mas foi um baita show. Daqueles grandiosos e imperdíveis.
No Soundhearts Festival ainda se apresentaram Flying Lotus, Junun e Aldo The Band. Confira fotos:
Radiohead no Soundhearts Festival
Créditos: Marta Ayora