Cores e Valores, o novo disco dos Racionais MC’s mal foi lançado e escalou direto até o topo das listas de melhores discos do ano. Havia então uma grande expectativa pelo novo show, eles conseguiriam não se repetir e ao mesmo tempo não desagradar aos fãs?
Racionais MCs lançam seu novo álbum em São Paulo
No show de lançamento do álbum neste sábado (20), a resposta tardou – após os shows de abertura de Negra Li, Dexter e dos Obstinados – mas não falhou. Parafraseando os próprios Racionais, “a profecia se fez como previsto”, junto com a atmosfera do cenário, gigantesco, simulando a caixa-forte de uma transportadora de valores, o som mais lento, acenando em alguns momentos ao trap e a outros ao hip hop oldschool.
Os quatro pretos mais perigosos do Brasil, como eles próprio se classificam, tocaram Cores e Valores inteiro e na ordem. Antes do show, o painel avisava que o show seria filmado. Câmeras de última geração registraram a apresentação, que lembra um musical ou uma ópera rap.
Mesmo os mais íntimos, que vestiam o laranja e preto da comunidade da Vila Fundão, balbuciavam as músicas novas e explodiam mesmo com as clássicas como Negro Drama e O Homem na Estrada.
O clima, para desgosto de quem tenta criminalizar o rap, era de tranquilidade tibetana. A plateia, vestida com esmero de que vem vai à uma missa profana e fazendo passinhos blacks na pista, reunia tanto gente que gastou boa parte do seu salário para estar ali quanto outros que tem grana e gostam de rap, o que também não é crime. “Fetiche de playboy é colar com Barrabás”, já avisou Criolo.
Boladão e pesadão, os Racionais mostram que seguem com alta potência de transformar o rap nacional em música capaz de sustentar famílias, gerar negócios e ao mesmo tempo fomentar consciências, denunciar o racismo e a desigualdade. Eles têm a chave para abrir qualquer porta e provocar uma maré de laranja e preto pelo Brasil.