Guarde bem o nome de Luedji Luna se você o estiver lendo pela primeira vez. O disco de estreia da baiana de 30 anos sai nesta sexta (27). Produzido e mixado por Sebastian Notini – que também assina os últimos trabalhos de Tiganá Santana e Mama Kalunga de Virgínia Rodrigues – Um Corpo No Mundo foi gravado no Estúdio da YB, em São Paulo.
São 11 faixas, algumas inéditas e outras já conhecidas do público. “Contemplado pelo Prêmio Afro 2017, o disco carrega uma mensagem de questionamento e pertencimento sobre a identidade, regidos por melodias que unem ritmos do congo e do batá cubano, com samba, reggae e o batuque baiano”, afirma texto de divulgação.
A banda é formada pelo queniano Kato Change (guitarras), o paulista criado na Bahia e filho de congoleses François Muleka (violão), o cubano Aniel Somellian (baixo elétrico e acústico), o baiano Rudson Daniel de Salvador (percussão) e o sueco radicado na Bahia Sebastian Notini (percussão).
Veja a ideia que nós trocamos com Luedji:
Qual é o conceito de Um Corpo no Mundo?
Luedji Luna – Um Corpo no Mundo é uma proposta para se pensar identidade, é um olhar sobre mim mesma a partir do contato, ainda que disperso, com os imigrantes africanos em São Paulo. O projeto se fundamenta na ideia do não pertencimento, do corpo que ocupa o espaço, mas não se identifica, e da necessidade de conexão com a ancestralidade.
Como chegou até ele, foi durante o processo de fazer ou ele foi construído a partir de ideias e emoções que gostaria de transmitir?
Luedji – O disco parte de uma canção composta em São Paulo, Um Corpo no Mundo, que também deu nome ao show que venho apresentando durante dois anos, o disco é a materialização dessa história que venho cantando e contando nesse período. O álbum remete a travessia, o deslocamento, é a partir dessa noção que os arranjos foram pensados. Um disco fluído, com canções que transitam, com referências que transitam, onde nada é estanque, absolutamente, nem mesmo o próprio conceito do álbum. O que se pretende, na verdade, é levar uma sensação: o não-lugar.
O que te inspira a fazer uma música nova?
Luedji – Hoje, minha principal inspiração é o amor, no meu próximo trabalho quero falar de afetividade preta, tenho pensado muito sobre isso. Mas, de modo geral a vida em si, com toda sua beleza e complexidade é a grande fonte de inspiração.
O que tá acontecendo de mais novo na música brasileira hoje, na sua opinião?
Luedji – Na Bahia a banda Afrocidade de Camaçari é uma grande promessa, a banda que traz elementos do pagode baiano, associados ao rap, rock, com letras engajadas politicamente. Muito bom! – Que artistas da nova cena mais gosta e indica? Eu indico Tiganá Santana.
Quem são seus heróis musicais?
Luedji – Heroínas! Nina Simone e Elza Soares.