Quem são os caras com quem todo mundo quer tocar? No Dia do Músico, comemorado neste sábado (22), nós conversamos com Emerson Villani, que integra a banda Funk Como Le Gusta e vimos que é uma profissão com responsabilidades como qualquer outra e que nem tudo são luzes de holofotes e groupies. “O músico é estigmatizado por ser alguém com uma sensibilidade acima do normal, por ser alguém que compreende o ambiente onde está”, dá a letra o cara que foi guitarrista dos Titãs por sete anos.
Foto de Laura Loreiro
O guitarrista também deu outros toques sobre a profissão. “O músico deve ser disciplinado, pontual, respeitoso, além de tocar muito bem e de ter um trabalho legal com os instrumentos. É uma gama de possibilidade e você tem de estar preocupado com quem você é em todos os ambientes onde vai. Se você é chamado pra fazer uma gravação, não pode chegar lá de qualquer jeito, tem de estar integrando o ambiente, com um bom instrumento e ser uma pessoa agradável”, argumenta o músico, compositor e produtor que começou a tocar violão aos 6 anos.
Villani começou sua carreira profissional na Patife Band, de Paulo Barnabé, logo aos 15 anos, e gravou com Adriana Calcanhoto, Gal Costa, Sandra de Sá, Arnaldo Antunes e Elza Soares, entre outros.
Sobre os músicos que ele vê como modelo de carreira, ele apontou seus parças James Müller e Kuki Stolarski.
“James Müller é um dos maiores bateristas que tem no Brasil”, defende Villani. Baterista e percussionista, James tocou e gravou com Jorge Benjor, Paralamas do Sucesso, Skank, entre outros. Integrou a banda Funk Como Le Gusta durante 14 anos, também as bandas Karnak e Mafaro, de André Abujamra. Gravou e acompanhou Emicida, DJ Marky, MC Stamina, Drumagick. Atualmente, mora em Paris e se dedica ao trabalho como músico e locutor e em estudos dos ritmos do mundo.
Villani também falou sobre Kuki Stolarski. “O Kuki é um exemplo de pontualidade, de qualidade de pessoa e de trabalho”. Baterista e produtor musical, Kuki intregra o Funk Como Le Gusta e toca com Zeca Baleiro. Ele gravou com Herbert Vianna, Zélia Duncan, Daniela Mercury, Edson Cordeiro, Sandra de Sá, Rita Lee, Seu Jorge, Zeca Baleiro, entre outros.
O mineiro de Belo Horizonte Kiko Continentino, expoente da bossa e do jazz brasileiro, é outro músico que é muito respeitado pelos outros músicos, entre eles Milton Nascimento. Filho do pianista Mauro Continentino, ele é irmão de Jorge e Alberto, também músicos. Entre os nomes com quem trabalha e já trabalhou estão Milton, Jane Duboc, Nivaldo Ornelas e Chico Batera. Também tem seus trabalhos próprios: Continentrio, com os irmãos, Sambajazz Trio, com o lendário baixista Luiz Alves e o projeto Sambar é Bom, com Lucynha Lima.
Instrumentista, arranjador, compositor, líder da banda Mantiqueira, Nailor Azevedo, o Proveta, é outro músico requisitado. Ele também tem a música no DNA. Filho do também músico Geraldo Azevedo, ele tocou com Sylvio Mazzucca, banda Savana, César Camargo Mariano, Joyce, Teresa Salgueiro e outros. O músico de Leme, interior de São Paulo, é reconhecido no Japão, Meca da música como religião, e nos círculos de jazzófilos pelo mundo como um dos principais nomes da música brasileira.
Foto de Fernanda Cardoso
Outro profissional que se estabeleceu como um dos músicos de estúdios mais respeitados do meio é o guitarrista e violonista Edson Guidetti, que gravou com Zezé Di Camargo & Luciano, Chitãozinho & Xororó, Jane Duboc, Sandy & Júnior, Fat Family, Marina Lima, Zélia Duncan, Alexandre Pires, Vinnie Colaiuta e outros. Ele é mestre das cordas, domina instrumentos como violões de nylon e aço, banjo e guitarra.
Se é verdade que o músico precisa, além de tocar bem, ser gente fina, Robertinho Silva é o cara. O simpaticão da bateria e da percussão foi cofundador do Som Imaginário, junto com o tecladista Wagner Tiso, em 1970. Ele tocou com uma constelação que inclui Cauby Peixoto, Tom Jobim, Airto Moreira, Dori Caymmi, Gilberto Gil, Paulo Moura, João Donato, Milton Nascimento, Wayne Shorter, Raul de Souza, Egberto Gismonti. Tem também sua própria banda, Robertinho Silva e Família, que inclui seus filhos Ronaldo e Vanderlei, ambos percussionistas.
Pra encerrar, recorremos a um “causo” de Villani: “Tenho um amigo produtor que foi fazer a gravação de um DVD sobre os monges no Tibet. Quando ele chegou ao monastério e o intérprete disse que ele era músico, todos os monges ficaram em silêncio e o reverenciaram. Ele ficou até sem jeito. ‘Olha, eu sou só músico’. Daí, o cara que era tradutor dos monges disse: ‘Acontece que aqui, no budismo tibetano, eles consideram que alguém quando é músico, está um degrau acima das pessoas comuns, pelo conhecimento e pela sensibilidade da sua alma’. Isso é um exemplo daquilo que a gente deve ser quando se é músico. A gente não deve tocar um instrumento somente pra se divertir, beber, ganhar mulher. Você está tocando a alma de quem está escutando”, reforça o guitarrista.
Sem os músicos, nossa vida não teria trilha sonora, seria muito chata. Vida longa e próspera a eles. ♪♫ ♬♪♫ ♬♪♫ ♬♪