Às 20h45 desta sexta-feira (5), o Palco Budweiser parecia um formigueiro. Centenas de pessoas não paravam de chegar para assistirem ao headliner Arctic Monkeys encerrar a primeira noite.
Exatamente às 21h05, as luzes vermelhas começaram a piscar no palco e o Autódromo de Interlagos parou e enlouqueceu com ‘Do I Wanna Know’. Quem não conseguiu um lugarzinho perto do palco aproveitou o espaço do fundo para dançar, sorte a deles que já pegaram o embalo para ‘Brianstorm’ e ‘Snap Out of It’.
Alex Turner conduziu o show com introspecção, mas muita precisão. Era música atrás de música com aquela rápida pausa para o ‘obrigado’, em português, quase que obrigatório. “Ficaram emendando para tocar mais, eles aproveitaram muito bem o tempo deles”, afirmou o advogado Samir Leão Vieira. Ele veio de Recife para os três dias de festival, principalmente para ver a banda inglesa.
Os respiros chegaram por músicas mais calmas, como ‘The Ultracheese’, que se intercalavam quase como intrusas entre as mais pesadas do início da carreira, as que realmente colocavam o público para pular, ‘Teddy Picker’ é um exemplo. Fora esses picos, foi perceptível a queda de ânimo no meio do show. Muita gente sentada, já vencida pelo cansaço, um coro tímido que não se ouvia com força nas áreas mais longes do palco.
Eles colocaram os fãs para dançar e depois os acalmaram, como pais se preparando para mandar os filhos para a cama. A passagem de tempo trouxe maturidade ao meninos, agora homens, e à sonoridade. O ousado ‘Tranquility Base Hotel & Casino’ pode não ter feito muita gente se mexer durante o show, mas acabou convencendo alguns fãs, como Augusto Dourado, de 48 anos.
“Até as do último disco, que eu não curto tanto, gostei muito ao vivo”, admitiu. O operador de trânsito também notou as diferentes fases do shows. “Eles foram espertos. Colocaram clássicos no começo e no final e as menos badaladas no meio. O setlist foi bem escolhido, foi legal. ”
No entanto, quem esperava há anos por uma apresentação não saiu desapontado. Caso da estudante Tamires Almeida Gomes, de 19 anos, “eu sonho com esse show desde os 13 anos”. Ela e a amiga conseguiram ficar na grade e saíram emocionadas da primeira noite do festival. “Não estou acreditando ainda”, afirmou, extasiada, na saída. E garante: lá na frente, o público não deu trégua, foi energia do começo ao fim.
O ponto alto, com certeza, foi o encerramento com ‘R U Mine’. Quem estava sentado levantou, quem estava cansado pulou, o coro foi ouvido com mais força. Nada fora do esperado para Augusto, “eu sabia que seria um showzaço”.
Direto, sem firulas e preciso, o Arctic Monkeys fechou a primeira noite tranquilamente, algo que só quem tem a experiência deles poderia entregar. Veteranos, já sabiam o que encontrariam na plateia e como domá-la, pena que o truque nem sempre funciona para quem não está familiarizado com os ingleses.
Confira o setlist completo:
- Do I Wanna Know?
- Brianstorm
- Snap Out of It
- Don’t Sit Down ‘Cause I’ve Moved Your Chair
- One Point Perspective
- I Bet You Look Good on the Dancefloor
- Library Pictures
- Knee Socks
- The Ultracheese
- Teddy Picker
- Dancing Shoes
- Why’d You Only Call Me When You’re High?
- Cornerstone
- 505
- Tranquility Base Hotel & Casino
- Crying Lightning
- Pretty Visitors
- Four Out of Five
- Star Treatment
- Arabella
- R U Mine?
Arctic Monkeys no Lollapalooza 2019
Créditos: Marta Ayora