Jorge Cabeleira em foto de Djalma Rodrigues

A banda pernambucana Jorge Cabeleira e o Dia em que Seremos Todos Inúteis lançou  recentemente o primeiro single do seu terceiro disco, a música Talismã. Ela é uma releitura de Geraldo Azevedo e Alceu Valença, que lançaram a canção em 1972 no primeiro disco da carreira, Quadrafônico, no meio da efervescência psicodélica da época.

Para a nova versão, Jorge Cabeleira convidou o também pernambucano Tagore, da banda de mesmo nome.

Nós conversamos com Dirceu Melo, vocalista e guitarrista da Jorge Cabeleira:

Em que aspectos considera a psicodelia nordestina mais vanguardista?
Dirceu Melo – A música psicodélica nordestina desde que surgiu lá pelos anos 70 , sempre foi ligada à fusão com os ritmos e a cultura regionais, esse conceito que hoje é até de certa forma comum e muitas vezes ligado ao fenômeno da globalização, naquela época foi totalmente de vanguarda.

Que artistas da neopsicodelia mais gosta?
Dirceu – The Mars Volta é muito foda, para mim que sou guitarrista quando descobri o som dos caras pirei com as ideias e timbres do Omar Rodriguez que são incríveis…Tame Impala com grandes composições, Boogarins e claro , Tagore.

O que você acha que está rolando de mais interessante na música hoje?
Dirceu – O que curto muito é que os artistas agora além de criarem novas composições, às vezes focam em um determinado estilo ou cena musical de tempos passados e dão uma re-inventada neles, isso torna a produção musical mundial muito interessante do que a época em que um ou outro determinado estilo dominam a mídia e grades de festivais.

O uso de equipamentos e tecnologias novas também sempre trazem novas paisagens e é muito bacana acompanhar essa evolução.

Em alguns gêneros musicais, como samba e blues, existe uma percepção de que os artistas quando envelhecem passam a ser mais respeitados, diferente do rock e o pop. Em que aspectos a experiência ajuda a fazer música melhor, na sua opinião?
Dirceu – Em diversos aspectos… a experiência do músico como ser humano trazendo a maturidade faz o músico focar bem mais na música do que em diversas outras “distrações” que o meio artístico traz, além claro do acúmulo de novos conhecimentos técnicos e de vivências em outros países, outras bandas, outras culturas e estilos, tudo isso contribui muito.

No rock e no pop para grupos de qualidade sempre haverá seu publico mais fiel , mas os conceitos de sucesso comercial nos dias de hoje acabam levando muito em consideração a idade dos grupos. O rock sempre foi ligado à inquietação da juventude né verdade? Então é natural que com essa velocidade que os artistas aparecem e desaparecem na mídia as mais novas acabam tendo mais prioridade do que mostrar bandas “antigas”.

Qual é o conceito do terceiro disco de vocês e em que momento ele surgiu?
Dirceu – O conceito do disco foi se construindo à medida em que a banda voltou a se apresentar ao vivo e consequentemente a ensaiar pois sempre que ensaiamos fazemos uma pequena “jam” de início para esquentar… sempre surgem boas ideias nessas jams, que costumo gravar , levar pra casa para ouvir e trabalhar algo quando vejo que tem uma figura musical interessante.

A primeira coisa que ficou combinada para o conceito foi de que se fôssemos nos reunir pra produzir um disco novo ,que teria que ser foda (risos).

O conceito do disco é de fazer um som clássico da Jorge Cabeleira, o rock setentista psicodélico puxado pro blues e misturado com o baião, mas se atualizando inserindo na fusão novas referências e influências que cada músico absorveu no período entre o segundo e esse terceiro, que foi longo, então podem esperar várias paisagens sonoras diferentes e interessantes.

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Créditos: Caroline Lima

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'Psicodelia nordestina foi totalmente vanguarda', diz Jorge Cabeleira

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