De Mamonas a Replace, relembre 20 artistas produzidos por Rick Bonadio


Créditos: divulgacao

O produtor e empresário Rick Bonadio gosta de ser visto como “Midas” do pop brasileiro, tanto que batizou com o nome do personagem da mitologia grega o seu estúdio e selo musical.

E faz todo sentido. Se você olhar nos créditos, seu nome está em sucessos de Mamonas Assassinas, RougeFresno, NxZero, Tihuana, CPM 22, Luiza Possi, Rebeldes, Pepê e Neném, Titãs, Ira!, Art Popular, Manu Gavassi, Negra Li e outros.  

“Acho que o pop brasileiro é tão bom quanto o internacional, o que existe é uma falta de quantidade de artistas, falta investimento no pop nacional”, afirma o produtor em entrevista ao Virgula Música, pouco antes de participar do Pânico, na rádio Jovem Pan.

Conhecido por ser duro e perfeccionista com os artistas que produz e pela franqueza com que trata sobre qualquer assunto nas entrevistas, Bonadio, 43 anos, está de volta à mídia com o programa Fábrica de Estrelas, do canal da TV fechada Multishow, em que mostra a cotidiano de seu estúdio e produtora e a formação de uma nova girl band, nos moldes do Rouge.

O grupo de Ragatanga, que vendeu quatro milhões de cópias, também é tema de um revival no programa. Leia a seguir a entrevista em que Bonadio conta ter sido influenciado pelas músicas populares que a mãe ouvia durante sua infância em Santana, zona norte de São Paulo. “Eu tenho uma característica popular, eu gosto mesmo de coisas que fazem muito sucesso, de coisas que dão certo, que movimentam muitas pessoas, eu gosto. Isso me motiva.”

O Rouge vai voltar ou está fazendo só este programa?

Deixa eu te contar a história. Havia um grande pedido dos fãs para que o Rouge voltasse. Faz dez anos que o Rouge foi montado e eu resolvi convidar as meninas porque tinha este grande pedido dos fãs. E a ideia foi trazer as meninas, reuni-las, porque cada uma estava fazendo coisas muito diferentes profissionalmente e a gente tentar gravar alguma coisa em estúdio e ver o que isso poderia render para o futuro em termos de shows, de turnê.

O resultado foram duas músicas inéditas que a gente gravou e estou mostrando isto no programa, o Fábrica de Estrelas, do Multishow. E o que vai acontecer depois depende muito do resultado que isso vai alcançar e se as meninas vão conseguir conciliar a agenda delas. Elas têm ideia, sim, de fazer shows, de fazer uma turnê, mas isso não está 100% certo.

Muitos dos projetos que você se envolve são muito criticados na época do lançamento, o Rouge foi um dele, o Charlie Brown também, NXZero. Depois de um tempo vira clássico, todo mundo passa a gostar. Geralmente quando você bate o olho em um artista você percebe que aquilo vai ser um sucesso comercial?

Eu fiz a minha carreira toda basicamente trabalhando com artistas novos, lançando artistas. Então, não dá para te dizer, eu tenho certeza que isso vai dar certo, mas eu tenho uma experiência boa, um feeling, e eu gosto de trabalhar com novos artistas, de dar oportunidade para artistas novos.

E geralmente, a maioria destes artistas, felizmente, fizeram sucesso e alguns não fizeram. E também tem esta história de que alguns artistas no começo não são bem recebidos. Mas tudo que é novo tem uma tendência de ser criticado. Então, você vê isso naturalmente.

Mas você não se preocupa com o que falam, vai no seu feeling?

Eu vou no meu feeling porque se eu fosse me preocupar desta maneira, com certeza eu não lançaria artistas novos, eu teria dificuldade em fazer artistas novos se eu me preocupasse com as críticas. Que sempre o que é novo é criticado.

Que nomes você vê como os maiores despedícios de nomes que trabalhou, algo que via potencial, mas que acabou não vingando?

Putz, eu não costumo dar nome a estes artistas porque o que acontece, tem muitos deles que ainda estão tentando a carreira no mercado, então ficaria bastante chato eu decidir que eles não deram certo. Pode ser que em algum momento eles façam sucesso ainda.

E do outro lado. Quem você viu e percebeu que ia fazer história.

Ah, os Mamonas Assassinas, com certeza são os maiores, o próprio Rouge, o Charlie Brown Jr., o NXZero, a Manu Gavassi, que é mais recente. Tem muitos artistas, a Luiza Possi.

Pessoalmente, você tem um gosto pessoal eclético desse jeito?

Tenho sim, eu gosto de muitas coisas.

O que você ouve?

Eu ouço rock, pop, eu gosto muito de rap, eu cresci ouvindo rap e hip hop. Eu gosto de jazz, de música sertaneja de raiz, de alguns artistas alternativos, eu gosto de muita coisa.

A sua história pessoal, você vem de uma família humilde de Santana, zona norte de São Paulo, te influenciou a ser um cara que consegue olhar com a visão de um cara do povo mesmo?

Eu acredito que sim porque minha mãe sempre ouviu muita música, quando eu era garotinho. Minha mãe era costureira e enquanto ela estava costurando, até este fim de semana eu estava com ela e a gente estava falando sobre isso, ela ficava ouvindo música. Então, eu ouvi muito Chico BuarqueRoberto Carlos, tudo que era popular, MPB.

Ela gostava muito do sucesso, das coisas que faziam sucesso. Beatles, Elvis Presley, música clássica, eu acho que essa influência dela, de ser uma coisa bem povão mesmo, de ouvir tudo que era sucesso, Maria Bethânia, Gal Costa, Caetano Veloso, eu acho que essas coisas ajudaram sim na minha formação. Eu tenho uma característica popular, eu gosto mesmo de coisas que fazem muito sucesso, de coisas que dão certo, que movimentam muitas pessoas, eu gosto. Isso me motiva.

É verdade que no seu primeiro estúdio, na Cantareira, você gravava de tudo, até música andina?

Ali eu gravava de tudo porque eu alugava o estúdio. Eu anunciava no Primeira Mão, atendia o telefone e gravava o que vinha. Fazia aquilo para tentar começar uma profissão.

Isso te influenciou a abrir a cabeça?

Com certeza. Eu gravava sertanejo ali, eu gravei muitas duplas que ficaram bastante famosas, eu gravava forró, isto que você falou, os caras que tocam na praça da República, música andina, muito artista brega, rock também eventualmente, música gospel. Gravei muitos artistas golpel que hoje são famosos no mercado.

Eu comecei cedo e trabalhei muito. Você gravando muitas coisas começa a entender os estilos, não tem muito melhor e pior, é tudo uma questão de se você consegue entender e se você se indentifica com aquela música.

O que uma música precisa ter para ser um sucesso popular?

Então, por incrível que pareça a música precisa ter uma coisa que é difícil de se fazer. Muita gente acha que o grande sucesso popular é fácil, e não é fácil, é difícil. Precisa ter uma grande sacada de letra, que seja uma coisa que realmente mexa com as pessoas, que dá uma cutucada. E precisa ter uma melodia, que às vezes parece simples, mas uma melodia muito bem descoberta, sabe, uma sacada.

É muito difícil fazer um sucesso popular. Apesar de você ouvir a música depois que ela está pronta e já é um sucesso você falar assim, isso aí é fácil, eu consigo fazer dez dessas, mas não é verdade. A gente percebe que não é fácil.

Como você vê o mercado hoje? É difícil ser um produtor hoje no meio da piratiaria e da música digital?

É bem difícil, bem difícil . A época que eu comecei tinha mais espaço, sempre teve muita concorrência, mas tinha mais espaço para a música. E para música nacional principalmente. Hoje a música internacional dominou demais o nosso mercado, principalmente o pop. Então, por isso gente tem uma dificuldade grande em mostrar os novos artistas pop brasileiros.

E, além disso, a gente tem uma questão de mercado hoje que é uma transição. A gente parou de vender disco, vende poucos discos, DVD vende bem, e a gente está começando a era de comercialização de música digital, mas isso não está estabelecido ainda de que maneira isso vai acontecer. Então, é muito difícil você conseguir ganhar dinheiro com música.

Acaba sendo mais o show mesmo?

Na maioria das vezes com shows, existe espaço ainda para publicidade, quando o artista aparece bastante. Mas a grande receita é dos shows.

E esteticamente o pop brasileiro já começou a se equiparar com o que é feito lá fora ou ainda tem um disparate muito grande?

Não. Eu acho que o pop brasileiro é tão bom quanto o internacional, o que existe é uma falta de quantidade de artistas, falta investimento no pop nacional.

Serviço

Os episódios inéditos de Fábrica de Estrelas, do Multishow, são apresentado às segundas às 21h30. Horários alternativos: terça, 16h30; quarta, 3h30 e 9h30; quinta, 13h30; sexta, 5h, e domingo, às 12h30.

Rick Bonadio apresenta a Fábrica de Estrelas



Veja o clipe de Ragatanga, do Rouge

 


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'Pop brasileiro é tão bom quanto o internacional', diz produtor Rick Bonadio

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