Motivos tribais e tons de amarelo e ouro deram a cara do Estúdio 1, uma produção do cenógrafo Zé Carratu para a quinta edição do projeto Sambabook, em homenagem a Jorge Aragão. E foi sob o olhar atento do compositor que aconteceram as gravações na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro. Jorge fez questão de acompanhar de perto todas as apresentações, o que deixou muitos artistas emocionados.
“É um privilégio fazer parte da história do samba. Gravar com o Jorge na minha frente foi muito emocionante. Fiquei feliz em ver como ele estava pleno. Ele merece”, comentou a cantora Maria Rita, ainda emocionada após gravar seu depoimento para o Sambabook.
Durante os quatro dias de gravações, músicos não pouparam elogios e exaltaram o samba. Lenine, que cantou “’Toque de Malícia”, foi um dos convidados lisonjeados em participar do projeto. “Ser lembrado é um motivo de orgulho pra mim, até mesmo por transitar por um universo que não necessariamente é do samba”, conta Lenine.
Já Beth Carvalho definiu Jorge como um fenômeno da música brasileira, enquanto Alcione preferiu chamá-lo de poeta e, Jorge Vercillo, de gênio.
“Eu sou a pessoa que mais gravou Jorge Aragão e ainda vou gravar mais. Ele tem uma melodia inesperada e uns achados fantásticos. Ele respira música”, se derrete Beth Carvalho.
Sambista acompanha apresentações e se emociona
O comentário nos bastidores do Sambabook era geral: como Jorge Aragão estava fascinado com a homenagem. Diversas vezes, incrédulo, o compositor dizia não entender muito bem o que estava vivenciando.
“Eu nunca projetei minha vida como compositor, sempre rabisquei músicas para mim mesmo. Foi a partir da minha ida ao Cacique de Ramos que tive minhas músicas gravadas. É um questionamento meu pensar se meu trabalho até aqui teve essa força toda. Eu nunca parei para perceber que eu poderia estar agindo no meio da música, do samba de raiz”, analisa Jorge.
Acompanhar de perto todas as gravações foi uma forma do cantor agradecer a presença e participação de tantas pessoas diferentes unidas em um só projeto. Sem saber explicar o que estava sentindo, Jorge adiantou que não quer mais comemorações deste tipo nesse ano.
“Imagina que você está cozinhando para muitas pessoas e todos começam a provar e elogiar a sua comida. É assim que me sinto. Foi tão natural tudo o que fiz até hoje e ainda tenho feito na música, que não deu pra mensurar a importância disso. Acompanhar de perto é o mínimo que posso fazer em agradecimento. E tomara que essa não seja a primeira de muitas comemorações, mais uma emoção dessa eu não aguento”, brinca Jorge.
Há dez anos sem lançar novo álbum, Jorge Aragão revelou que pensa em um CD de inéditas para este ano, além da gravação de, pelo menos, dois clipes. Sua vontade é usar toda a tecnologia que esteja ao seu alcance para produzir vídeos de qualidade, acompanhados de boa música.
Encerramento das gravações e próximos projetos
Sob a direção musical do cavaquinista Alceu Maia, as últimas gravações do Sambabook ficaram por conta de Luiz Melodia, Baby do Brasil, Thais Macedo, Ivan Lins, Jorge Vercillo, Seu Jorge e Beth Carvalho. Para encerrar, uma participação especial do grupo Afrolata, junto com a orquestra de violinos do Afroreggae para a faixa bônus – que reúne jovens instrumentistas em uma apresentação diferenciada.
Assim como o lançamento oficial dos produtos, o show do Sambabook está previsto para o mês de julho, com apresentações no Rio de Janeiro e São Paulo. Sobre o próximo homenageado, ainda não há nome definido. Mas, para o diretor artístico Afonso Carvalho, vontade e compositores não faltam. “Ainda há muitos nomes da música brasileira para homenagearmos. Tenho uma vontade enorme de gravar o projeto com os núcleos de compositores de escolas de samba, como Mangueira e Portela”, revela Afonso.
Veja os convidados de Jorge Aragão
Créditos: Carolina Moura