'Poderoso chefão', Bruce Springsteen faz show histórico do Rock in Rio
Esqueça aquela bobagem de “envelhecer com dignidade”. A apresentação de Bruce Springsteen na madrugada deste domingo (22) mostrou que o rock é música feita por adultos.
O Boss, de 63 anos, fez um show de duas horas e meia na Cidade do Rock, comparável ao do Queen em 85, do Guns and Roses, em 91, do Foo Fighters, em 2001, e do Metallica, em 2011.
Amparado por uma big band, que soava em alguns momentos como um Arcade Fire, Springsteen anunciou em português que tocaria o álbum Born in The USA, de 84, inteiro. Antes, já havia aberto o show, como o de São Paulo, na quinta, com Sociedade Alternativa, de Raul Seixas e Paulo Coelho.
Outra feliz repetição do show, especialmente para os que foram escolhidos, é quando leva fãs da plateia para o palco. Nada nele, no entanto, soa forçado. O poderoso chefão se entrega e provoca uma espécie de êxtase religioso, temática evocada até mesmo nas sonoridades. No Brasil, apareceu um cântico inspirados no futebol. “Olê, olê, olê, olê, Brucê, Brucê”.
O músico que completa 50 anos de carreira no ano que vem e que surgiu no contexto dos chamados “new Dylans”, como Loudon Wainwright III, John Prine e Elliot Murphy, revelou em entrevista à revista Rolling Stone, o segredo de sua comunicação com o público, desenvolvido antes mesmo dele pisar em um estúdio, no começo dos anos 70.
“Eu toquei diante de qualquer plateia que você pode encarar: públicos formados só por negros, só por brancos, feiras de bombeiros, bailes de policiais, em frente a supermercados, bar mitzvahs, casamentos, drive-ins. Eu vi tudo isso antes mesmo de entrar em um estúdio de gravação”. Agora, ele já pode dizer também que conquistou o Brasil com sua humildade e talento. Crianças, tentem isso em casa, a música salva, Bruce Springsteen salva. Amém, axé, namastê, gashô.