No último final de semana, 25 e 26, aconteceu na Praça Portugal, em Brasília, a edição de 2022 do PicniK Festival. O evento, que impulsionou a economia criativa do local, reuniu atividades culturais como artesanatos, gastronomia, oficinas circenses, feira de vinil e uma programação musical dividida em dois palcos. O Virgula marcou presença no PicniK e você confere com exclusividade mais informações sobre o festival.
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O PicniK Festival de 2022 marcou os 10 anos do evento que acontece na capital brasileira. Após três anos de pausa por conta da pandemia, o festival retorna com a proposta de reunir o público para celebrar as diferentes manifestações artísticas e impulsionar a cena musical e econômica local. O PicniK Festival foi idealizado por Miguel Galvão, dono do espaço cultural Infinu e do selo Quadrado Mágico. A entrada para o evento era franca até certo período, a partir das 16h era necessário apresentar 1kg de alimento para participar do festival.
“O PicniK sempre foi gratuito e nossa intenção é que continue sendo sempre! Quando o projeto foi concebido, a ideia era entender como criar um filtro, que não fosse financeiro, para as pessoas interessantes da cidade poderem interagir em harmonia. Para isso, fomos desenvolvendo uma estrutura que primeiramente contava com suporte dos empreendedores criativos que participam do evento, e que sempre nos ajudaram a pagar a conta. Depois, se valendo do patrocínio de marcas da cidade e nacionais. Por fim, como ocorreu nessa edição, vencendo editais na região, como o fundo apoio à cultura (fac) do gdf, que pela primeira vez na sua história destinou uma linha exclusiva para festivais”, conta Galvão sobre a viabilização do festival ao longo dos anos.
A Praça Portugal é acolhedora e possibilita diversos espaços para curtir o evento, desde estender uma canga na grama, aproveitar os bancos de pallet distribuídos pelo local ou se acomodar nas estruturas de concreto já existentes no espaço. A programação, pensada para todas as idades, fez com que o PicniK apresentasse um público diverso. Além disso, o espaço permitia a entrada e a livre circulação de animais de estimação.
Entre a programação estava a Área Kids, com os mais variados brinquedos para os pequenos, a Área de Cura e o Espaço Zen que promoviam atividades com musicoterapia, acupuntura e outras opções de terapias holísticas. O Espaço Cirqus Acroesportes promoveu ações circenses para todas as idades, enquanto os mais radicais ainda tiveram a chance de saltar de bungee jumping.
Para os fãs de discos de vinil, o espaço contava com a Vinilândia, para garimpar os mais variados estilos de bolachas. Impulsionando os produtores locais, o PicniK contou com uma variedade de barracas de artesanatos, brechós, produtos de beleza e acessórios. Além da diversidade gastronômica de comidas e bebidas. Com as diferentes opções de atividades, era possível criar sua própria experiência do festival e aproveitar de diferentes maneiras.
A música foi um dos principais enfoques do PicniK Festival. O evento contou com dois palcos, o MaigicBus e o Principal. No primeiro, o público teve a oportunidade de assistir apresentações em um palco montado dentro de um ônibus. Era possível ver a apresentação junto com a banda na parte interna ou no espaço externo. A programação sofreu atrasos no primeiro dia e eles foram mais intensos no segundo. Algumas apresentações aconteceram simultaneamente, o que dividiu o público e abria a opção de escolha para os shows. Abaixo, confira com mais detalhes sobre os dois dias de apresentação e os destaques.
PicniK Festival – Dia 01
No primeiro dia do evento o palco principal recebeu as apresentações de Pedro Alex, Dessa Ferreira com Ìdòwú Akínrúlí, Anelis Assumpção com Curumin, Luedji Luna, Academia da Berlinda e Karina Buhr. Antes, nos intervalos e depois shows as músicas eram comandadas pelos DJs do Temprano Sunset e Megaton Dub.
O cantor brasiliense Pedro Alex foi o responsável por realizar a abertura do evento, o multi-instrumentista lançou recentemente seu primeiro álbum, “Vibrações”. Dessa Ferreira e Ìdòwú Akínrúlí também se apresentaram no palco trazendo uma apresentação com grandes influências dos instrumentos percussivos.
Luedji Luna, cada vez mais se consagrando como um dos principais nomes da música brasileira, desembarcou em Brasília apresentando faixas do álbum “Bom Mesmo É Estar Debaixo D’água” (2021), recentemente a cantora também se apresentou no MITA Festival, em São Paulo. O primeiro dia foi finalizado com apresentação de Karina Buhr, artista pernambucana que trouxe uma mistura de ritmos do rock, balada e performances percussivas, em que acompanhou os músicos ao tocar um dos instrumentos semelhante ao bumbo.
Já o palco Magic Bus contou com as apresentações de Os Gatunos, Aurora Vênus, Cachalote Fuzz, Moscoles, Oxy e Amnesiac Kid. A banda Ozu e Os Garunos precisou cancelar a apresentação por conta de um caso positivo de Covid-19 entre um dos integrantes.
A banda Aurora Vênus abriu o primeiro dia no segundo palco, formada por Christian Caffi, Walisson Costa, Yohannan Thomas e Nico Di Sousa, também marcou presença no palco Magic Bus. O grupo conta com o disco homônimo, “Aurora Vênus” (2020) que apresenta inspirações do rock psicodélico e sessentista.
O grupo de rock psicodélico mineiro, Cachalote Fuzz, também se apresentou no festival, o grupo conta com o lançamento mais recente, o single “Inerente” (2021). Já a banda brasiliense Oxy, apostou no dream pop e no shoegaze para movimentar o público durante a noite do primeiro dia do festival. O grupo Amnesiac Kid, que já entrega a influência da banda Radiohead desde o nome, foi a responsável por encerrar as apresentações do palco MagicBus apresentando releituras da banda de rock britânica incrementadas com elementos do jazz.
Anelis Assumpção + Curumim
Responsáveis por se apresentar no entardecer do primeiro dia do PicniK, o festival trouxe a junção dos paulistanos para uma apresentação especial. Anelis Assumpção e Curumim embarcam em um novo projeto em que são apresentadas as faixas de maiores sucessos dos artistas em um show conjunto.
Academia da Berlinda
A banda pernambucana Academia de Berlinda, formada por Alexandre Urêa, Tiné, Tom Rocha, Yuri Rabid, Gabriel Melo, Hugo Gila e Irandê Naguê, foi responsável por fazer um dos shows mais enérgicos do festival. O grupo apresentou faixas do disco “Decompondo o Silêncio” (2020) que movimentou o público com cantoria, danças e palmas sincronizadas. A apresentação contou com a participação especial de duas fãs que subiram no palco e foram convidadas pelos músicos a fazer couro em algumas faixas.
Moscolês
A banda brasiliense Moscolês se apresentou no palco MagicBus durante a tarde do primeiro dia do evento. Formada por Marcelo, Jatobá, Tufas e Jhonny, o grupo traz faixas dançantes com presença de guitarras melódicas e sintetizadores. No show, o grupo apresentou faixas do disco “FRENESI”, lançado em abril deste ano.
PicniK Festival – Dia 02
O segundo dia de apresentações do palco principal começou com atrasos. O grupo Aguaceiro, formado por Nena, Lucas, Gabriel e Davi, trouxe Pedro Alex como convidado especial. O grupo, que se prepara para lançar seu primeiro álbum, traz letras intimistas com uma sonoridade com influências da MPB.
A banda paulistana BIKE, formada por Diego Xavier, Julito Cavalcante, Daniel Fumega e João Felipe Gouvea, contou com a participação especial de Guilherme Held, que está produzindo o quinto álbum do grupo. Com um rock alternativo que aposta em vozes atmosféricas, guitarras carregadas de efeitos e batidas potentes da bateria, o grupo apresentou os principais sucessos com influências da psicodelia e do shoegaze, além de faixas de Held.
Já o duo brasiliense ‘akhi huna foram os responsáveis por se apresentar antes de Letrux no encerramento do festival. O projeto formado pelos irmãos João Pedro e João Davi Mansur apostam na música eletrônica experimental carregada de grooves, ambientações e traços do hip hop.
Finalizando o PicniK Festival 2022, Letrux subiu no palco agradecendo a presença do público, apesar do atraso do show. Apresentando faixas dos discos “Letrux Aos Prantos” (2020) e “Letrux em Noite de Climão” (2017), a artista dominou o palco com performances que convidam o público a se entregar às emoções proporcionadas em cada música. Assim como no MITA Festival, a artista surpreendeu o público com uma técnica de ilusionismo ao retirar uma grande fita vermelha da boca.
Já o segundo dia do palco MagicBus contou com a primeira apresentação do Cientista Perdido, com uma sonoridade com influências do lo-fi e synthpop. Em seguida, a artista, produtora e compositora Pratanes dominou o espaço com a junção de beats eletrônicos e grooves acompanhado de sua voz suave.
Maria e o Vento trouxe músicas com influência da MPB junto com referências de elementos percussivos. Rogério Skylab marcou presença no palco MagicBus com um show frenético cantando seus principais sucessos. O encerramento no palco foi responsabilidade da banda brasiliense de rock alternativo Corujones, formada por Hélio Miranda, Marcelo Moura, Tarso Jones e Carlos Beleza.
Pato Fu
Provando que música também é brincadeira de criança, Pato Fu se apresentou no meio da tarde no PicniK com um show que reuniu faixas dos álbuns Música de Brinquedo (2010) e Música de Brinquedo 2 (2017). Além de faixas clássicas do grupo, foram apresentadas releituras de músicas como “Ovelha Negra” de Rita Lee e “Primavera” de Tim Maia.
O grupo formado por Fernanda Takai, John Ulhoa, Ricardo Koctus, Glauco Nastacia e Richard Neves apostou na apresentação lúdica com instrumentos de brinquedo e fantoches para chamar atenção dos pequenos, e também dos adultos empolgados com a apresentação nostálgica.
Medicine Singers + Yonatan Gat + Convidados
O guitarrista israelense Yonatan Gat apresentou um show especial com o projeto Medicine Singers que contou com as participações de Lee Ranaldo (ex-Sonic Youth),Ynaiã Bertholdo (Boogarins), Ava Rocha e o rapper Ian Wapichana.
A apresentação teve um aspecto ritualístico ao passo que era enfatizada a atmosfera pelos instrumentos percussivos chamando atenção do público para imergir no show. Os artistas ressaltaram a importância dos povos originários na construção do país, além de chamar atenção para a luta por território.
Lee Ranaldo e Yonatan Gat apostaram em performances com a guitarra tirando sons do instrumento de diferentes formas, como simulando que o instrumento era um violoncelo, ou dedilhando sons enquanto a guitarra era movimentada de cima para baixo. Palavras de luta também foram proferidas no momento em que a faixa “A treta é sobre território” foi estendida no centro do palco.
YMA
A paulistana YMA se apresentou no MagicBus ao anoitecer do último dia do festival. Com uma identidade visual inconfundível em tons de vermelho e rosa, junto com os membros de sua banda, a artista cantou sucessos do álbum “Par de Olhos” (2019). Além do vocal potente de YMA, a bateria marcada e as teclas frenéticas que seguiam as faixas chamaram atenção. A apresentação ainda contou participação especial de instrumentos de sopros.
Puro Suco
Representando o rap brasiliense, o grupo formado por Murica, Prs e Ronchi foi um dos maiores destaques do palco MagicBus. Reunindo uma quantidade considerável de espectadores fiéis que cantavam junto as faixas do grupo, o Puro Suco se apresentou no meio da tarde do segundo dia do PicniK entre pulos, saltos e incentivos para que a plateia participasse junto do show. Com uma bandeira do Brasil estendida na mesa do DJ, os artistas clamaram para que o público se aproprie da bandeira nacional como identidade da diversidade do país, fugindo da figura conservadora.
Com dois dias e um evento gratuito, o PicniK Festival marca a importância da cultura para movimentar a comunidade. Impulsionando os comerciantes e os artistas locais, e trazendo referências de outros estados junto com artistas consagrados, o festival se consagra como um evento obrigatório no calendário do brasiliense que procura um espaço de lazer e diversão para todos os gostos e idades.