Um dos monumentos mais importantes do chamado indie-rock, o Pavement retornou em 2010 após um hiato de de quase onze anos, nos quais o legado da banda permaneceu nas sombras e pouco falado na mídia especializada e entre o público.

Mas bastou o grupo anunciar sua volta aos palcos para uma paixão avassaladora tomar conta dos fãs do gênero, que comemoraram a reunião e pediram por um show no Brasil. Assim como temos a tendência de transformar um passado cheio de altos em baixos em uma lembrança gloriosa, muito do hype em volta do retorno do Pavement (que, assim como o do Pixies, veio junto com uma vontade de lucrar) era exatamente isso – a glorificação de uma passado que havia sido bom, mas não propriamente histórico.

E o show do grupo em São Paulo reforçou essa teoria. Com um Main Stage repleto de buracos e bem menos público do que o esperado para um show tão celebrado (e headliner, aliás), o grupo comandado por Stephen Malkmus relembrou o auge dos anos 90 começando seu repertório com a clássica Gold Soundz, tocando também músicas como Grounded, Perfume V, Stereo, Range Life e o hit Cut Your Hair.

Embora tenha dito que estava feliz em finalmente chegar ao Brasil, Malkmus permaneceu distante e com uma postura puramente técnica durante toda a apresentação, interagindo pouco com o público e se preocupando apenas com a regularidade do repertório. Faltou emoção, faltou paixão o que é essencial para que uma turnê de antigos clássicos funcione, já que o que garante a qualidade é a sinergia entre a banda e o público.

Esta turnê que chega ao Brasil divulga a recente coletânea da banda, Quarantine the Past: The Best of Pavement. E é esse o recado que fica: faz sentido rever os hits da banda dentro desse contexto específico, a partir da ótica dos anos 90 e de uma consciência de que este é um olhar para o passado. E não para o futuro.


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Pavement mostra que é difícil resgatar o passado em show sem paixão no festival Planeta Terra