Dizem que gravar acústico, fazer álbum conceitual ou fazer cover de clássico da bossa nova é sinal de que uma banda está atingindo a maturidade. Pode ser, mas não tem nada mais “maduro” para um grupo de pop/rock do que gravar um disco para crianças, por mais paradoxal que isso possa parecer.
É que artistas que fazem isso geralmente têm entre suas inspirações o fato de que constituíram uma família estável e tiveram filhos. O Pato Fu, que acaba de lançar Música de Brinquedo, é um desses casos.
O disco é todo tocado com instrumentos de brinquedo, como pianinhos, guitarrinhas, um kazoo (espécie de corneta de plástico) e até o clássico jogo eletrônico Genius, hit nos anos 80. Crianças também participam: entre elas, a filha do guitarrista John Ulhoa e da vocalista Fernanda Takai, Nina.
O repertório é feito apenas de covers: desde Primavera, do Tim Maia, Todos Estão Surdos, de Roberto e Erasmo Carlos, e Sonífera Ilha, dos Titãs, até Live and Let Die, de Paul e Linda McCartney.
O site da banda traz vídeos mostrando as gravações de algumas músicas.
Pelo telefone, John Ulhoa explicou melhor a brincadeira ao Virgula.
Por que Música de Brinquedo é um disco de covers?
Porque isso deixa a música fica mais potente, a característica emocional fica mais forte. Então, o resultado fica não só divertido, mas emocionante. Se fizéssemos só músicas do Pato Fu, seria um pouco “medo de ser feliz”. Também imagino um pai colocando o disco, pensando “pô, eu conheço essas músicas, vamos ver como fizeram”.
Você fala no release que as músicas tiveram que obedecer certos pré-requisitos para entrar no disco. Quais eram?
Músicas conhecidas, que estivessem no inconsciente coletivo, e que tivessem partes instrumentais conhecidas. Esse foi um elemento fundamental, Frevo Mulher tem uma parte instrumental reconhecível. Porque ao transpor para os instrumentos de brinquedo, uma coisa que é legal e ver como são resolvidas as partes instrumentais. Tinha também que ter gancho para as participações das crianças.
Como foi a abordagem inicial? Vocês ouviram discos infantis de outros artistas?
A primeira vez que falamos disso foi em 96. Eu e a Fernanda compramos em Londres um disco do Charlie Brown [os personagens de quadrinhos] cantando músicas dos Beatles e achamos muito bom. Daí, uns dois anos atrás, retomamos, só que com muito mais contexto, eu e a Fernanda com filho, nossos amigos com filhos.
Mas não é só esse contexto emocional, não. Eu também comecei a entrar em muita loja de brinquedo, conhecer os produtos pra crianças e ver as coisas que tinham. Comprei esse pianinho, que virou o instrumento chefe do disco. Demorei, mas achei um baixo em miniatura. Foi ótimo, porque um dos problemas dos instrumentos de brinquedo é o grave, eles são sempre muito agudos.
Vocês, como pais, sentiam falta no mercado de coisas desse tipo para seus filhos? Isso também incentivou o projeto do disco?
Tem um pouco disso sim, mas também de vontade artística mesmo. De ouvir os que existem, como o do [Edgard] Scandurra [e Arnaldo Antunes], da Adriana Calcanhoto, e querer fazer. Meio que nem antigamente, quando a gente ouvia discos de rock e ficava com vontade de formar uma banda.
É um disco para crianças e adultos, é infantil mas não infantilóide. Dá para ser apreciado em camadas diferentes. Comigo foi assim com o Muppet Show, gostava quando criança, adolescente comecei a curtir o duplo sentido das piadas e mais velho gostava da parte musical, os caras eram realmente excelentes.
Tem coisas na TV e na música hoje em dia que vocês acham que são má influência para as crianças? O que vocês preferem que sua filha não veja?
Me incomodam as coisas consumistas, com mensagem duvidosa, propagando um comportamento duvidoso, essa coisa de fazer das crianças mini-adultos. Mas é o mundo em que vivemos. Eu nunca proibiria nada, o máximo que posso é combater isso com boa influência.
Como é que foi levar Música de Brinquedo para o palco?
No show nada é eletrônico, levamos os brinquedos para o palco e tocamos todos. Vamos levar o elefante, o macaquinho. Demos uma pequena encorpada no som, mas não muito, achamos que tinha que ficar o mais cru possível. No lugar dos vocais das crianças, teremos bonecos tipo Muppets, feitos pelo pessoal do Giramundo. Os shows serão em teatros, mais cedo.
E bufê infantil vocês vão fazer?
(Risos) Não, não, mas podia né? Porque o som que rola nos bufês geralmente é terrível.
E no próximo disco, o Pato Fu volta a ser “adulto”?
Sim, o próximo será “normal”, não pretendemos começar uma linha de álbuns infantis. Já estamos compondo para o próximo álbum. Foi muito engraçado agora, pegar a guitarra agora, achei ela imensa. Tinha acostumado com a de brinquedo, que era metade do tamanho.
Por que Música de Brinquedo é também um disco de covers?
Porque deixa a música fica mais potente, a característica emocional fica mais forte. Então, o resultado fica não só divertido, como emocionante. Se fizessemos só músicas do Pato Fu, seria um pouco “medo de ser feliz”. Também imagino um pai colocando o disco, pensando “pô, eu conheço essas músicas, vamos ver como fizeram”.
Você fala no release que as músicas tiveram que obedecer certos pré-requisitos para entrar no disco. Quais eram?
Músicas conhecidas, que estivessem no inconsciente coletivo, e que tivessem partes instrumentais conhecidas. Esse foi um elemento fundamental, Frevo Mulher tem uma parte instrumental reconhecível. Por que ao transpor para os instrumentos de brinquedo, uma coisa que é legal e ver com foi resolvido aquele instrumental. Tinha também que ter gancho para as participações das crianças.
Como foi o approach inicial? Vcs ouviram as iniciativas de outros artistas?
A primeira vez que falamos disso foi em 96. Eu e a Fernanda compramos em Londres um disco do Charlie Brown cantando músicas dos Beatles e achamos muito bom. Daí, uns dois anos atrás, retomamos, só que com muito mais contexto, eu e a Fernanda com filho, nossos amigos com filhos.
Mas não é só esse contexto emocional, não. Eu também comecei a entrar em muita loja de brinquedo, conhecer os produtos pra crianças e ver as coisas que tinham. Comprei esse pianinho, que virou o instrumento chefe do disco. Demorei, mas achei um baixo em miniatura. Foi ótimo, porque um dos problemas dos instrumentos de brinquedo é o grave, eles são sempre muito agudos.
Vocês, como pais, sentiam falta no mercado de coisas desse tipo para seus filhos? Isso também incentivou o projeto do disco?
Tem um pouco disso sim, mas também de vontade artística mesmo. De ouvir os que existem, como [Edgard] Scandurra [e Arnaldo Antunes], [Adriana] Calcanhoto, e querer fazer. Meio que nem antigamente, quando a gente ouvia discos de rock e ficava com vontade de formar uma banda.
É um disco para crianças e adultos, é infantil mas não infantilóide. Dá para ser apreciado em camadas diferentes. Comigo foi assim com o Muppet Show, gostava quando criança, adolescente comecei a curtir o duplo sentido das piadas e mais velho gostava da parte musical, os caras eram realmente excelentes.
Tem coisas na TV e na música hoje em dia que vcs acham má influência para as crianças? O que vocês preferem que sua filha não veja?
Me incomodam as coisas consumistas, com mensagem duvidosa, propagando um comportamento duvidoso, essa coisa de fazer das crianças mini-adultos. Mas é o mundo em que vivemos. Eu n unca proibiria nada, o máximo que posso é combater isso com boa influência.
Como é que vocês conseguem traduzir Música de Brinquedo para o palco?
No show nada é eletrônico, levamos os brinquedos para o palco e tocamos todos. Vamos levar o elefante, o macaquinho. Demos uma pequena encorpada no som, mas não muito, achamos que tinha que ficar o mais cru possível. No lugar dos vocais das crianças, teremos bonecos tipo Muppets, feitos pelo pessoal do Giramundo. Os shows serão em teatros, mais cedo.
E bufê infantil vocês vão fazer?
(Risos) Não, não, mas podia né? Porque o som que rola nos bufês geralmente é terrível.
E no próximo disco, o Pato Fu volta a ser adulto?
Sim, o próximo será “normal”, não pretendemos começar uma linha de álbuns infantis. Já estamos compondo para o próximo álbum. Foi muito engraçado agora, pegar a guitarra agora, achei ela imensa. Tinha acostumado com a de brinquedo, que era metade do tamanho.