Padre Marcelo Rossi
Créditos: Pedro Carrilho
Ágape Amor Divino, o novo DVD ao vivo do Padre Marcelo Rossi, é uma verdadeira superprodução. Gravado no domingo 20 de maio, marcou o aniversário de 45 anos do padre, um dos maiores vendedores da indústria fonográfica brasileira, e é a versão audiovisual de Ágape Musical, álbum mais vendido do país em 2011.
O terreno está pronto, e caso siga a expectativa do Padre Marcelo – “uma obra-prima” – Ágape Amor Divino certamente estará entre os mais vendidos de 2012. Além do padre, sucesso por conta própria, o novo DVD ainda tem participações especiais de grandes vendedores do mercado nacional, como Belo, Xuxa, Alexandre Pires e o Padre Fábio de Melo.
Em tempos de pirataria e downloads ilegais, a música religiosa no país segue firme no mercado nacional: 7 dos 20 álbuns mais vendidos no Brasil no último ano têm origem na religião, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Disco (ABPD).
Segundo o último Censo do IBGE, de 2010, mais de 123 milhões de brasileiros se declaram católicos, e para o Padre Marcelo Rossi, esse expressivo número é uma das razões do sucesso dos padres cantores.
“Pirataria é roubo, e roubo é pecado. Você pode ver que muitos estão investindo nos CDs gospel, evangélicos, por causa disso. As pessoas que compram têm noção de que estão comprando aquilo que é verdadeiro, que não é ilícito. A pirataria é crime, e o povo católico não vai comprar o que é crime”, analisou o padre, em conversa por telefone com o Virgula Música.
O “projeto Ágape” começou em 2010, com o lançamento do livro homônimo, seguido do álbum musical e uma versão infantil do disco, o Agapinho. Combinados, os três lançamentos ultrapassam a marca de 10 milhões de cópias vendidas, e segundo o padre, foi a forma que o Criador encontrou para transformar maldição em bênção. Tudo começou no acidente em uma esteira ergométrica que imobilizou Rossi, em 2010.
“29 de abril de 2010: quebrei o pé. Eu não tinha o que fazer, irmão! Imagina você ficar preso por três meses na cadeira de rodas? Fiquei 14 dias sem tomar banho, porque não podia botar o pé no chão. No videogame, eu só apanhava. Aí surgiu o livro. Deus usou algo que seria mau para mim e transformou em bênção para muitas pessoas”, relembra.
É verdade, no entanto, que nos últimos meses o trabalho religioso e artístico do padre tem aparecido menos na mídia. Em vez disso, surgiram declarações polêmicas – como a admissão do uso de anabolizantes na juventude – e a presença de candidatos à prefeitura de São Paulo nas missas que preside.
“A Igreja Católica é apartidária. Eu não manipulo ninguém. Ninguém sabe em quem eu vou votar”, argumenta. “Por incrível que pareça eu sou amigo do [Celso] Russomano [candidato apoiado pela Igreja Evangélica], participei do batizado do filho dele, do casamento dele. O [José] Serra é um grande amigo. E o [Gabriel] Chalita é o prefaciador do Ágape. Todos realmente são amigos, e como amigos eu os acolhi”.
Seguro da isenção da Igreja, o padre rechaça a sugestão de que as ligações entre política e religião, mesmo sutis, podem confundir a cabeça dos seguidores.
“Eu deixei bem claro desde o início que [os candidatos] foram como fieis. Dei a palavra a eles, e nenhum deles, em nenhum momento, pediu votos. A Igreja Católica tem que saber acolher a todos”, respondeu.
Rossi completará 18 anos como sacerdote em 1º de dezembro, e apesar do sucesso comercial, rejeita o título de popstar: antes de cantor ou escritor, ele garante ser padre.
“Não dá para separar a carreira musical da vocação religiosa. É igual a relação de pai e filho. Ao se tornar sacerdote, você se torna pai espiritual. Mesmo que o pai renegue o filho, ele não vira ex-pai, ele é pai. A minha missão é ser padre. E isso é muito claro para as pessoas”, filosofa.
O DVD Ágape Amor Divino está à venda desde a última semana em todo o país, com preço sugerido de R$ 29,90.