O cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil declarou na tarde desta sexta-feira em Avilês, na Espanha, que nunca se considerou um político e que hoje, com quase 70 anos, seu único projeto “é viver”.
Gil fez estas declarações durante sua chegada ao Centro Niemeyer na cidade espanhola, onde realizará um show, e manteve com uma centena de fãs um encontro prévio no qual falou sobre música e outros aspectos de sua vida.
“Jamais me considerei um político, quando estive no Governo estava como um gerente público, era um administrador de um Ministério e não tenho interesse pela política”, declarou o cantor.
Gil acredita que Luiz Inácio Lula da Silva, responsável por sua nomeação, alcançou “grande parte” de seu objetivo como presidente porque “as elites brasileiras o rejeitavam a princípio, mas depois comprovaram que fez coisas interessantes em defesa da dimensão pública”.
Em relação a seus projetos imediatos e futuros, o compositor confessou que não tem nenhum, por considerar que, com sua idade, o que mais gosta “é viver, seguir a sequência natural das coisas, cuidar da saúde e amar a música com o violão sempre por perto”.
Gil acrescentou que se sente afortunado por poder se expressar através da música. “O som é algo não-permanente, em poucos segundos vai e vem, mas tem a força de se manter no coração, na memória física mais profunda que temos”, explicou.
Para o cantor, a música é a forma de expressão “mais doce, mais sutil e saborosa” e que quando um intérprete compõe, “manifesta algo que passou por seu coração, e a magia é que se conecta com outro coração, com outra mente”.
O compositor também fez um repasse de suas influências musicais, começando pelos pássaros que escutava quando criança, passando pela música dos camponeses e tudo que veio depois, como as grandes orquestras americanas, o jazz e toda manifestação “no mundo todo”, inclusive a Espanha e sua zarzuela.
Gil se mostrou satisfeito com o Centro Niemeyer porque gosta de “curvas, coisas singelas e espaços amplos”. O músico compartilha a ideia que o local seja “uma ponte” entre Espanha e Brasil, e destacou o interesse que muitos intelectuais mostram pelo trabalho do arquiteto brasileiro.