Alguém que der um rasante pela nova música brasileira irá se deparar com o nome de Kiko Dinucci. Ele que compôs para Elza Soares e integra projetos como Metá-Metá e Passo Torto prepara o lançamento do seu projeto solo Cortes Curtos, com previsão para este mês.
Acompanhado de Marcelo Cabral no baixo e Sérgio Machado na bateria, ele apresentou esta semana versões de No Escuro e Crack para Ninar, em dois vídeos ao vivo para a série Stripped Sessions, do site redbull.com.
Em relação álbum de 15 faixas gravado no Red Bull Studio São Paulo e como chegou até seu conceito, Kiko revela a maneira intuitiva que trabalha. “Nunca pensei em conceito. Componho e toco, o resto vem na medida em que o trabalho vai ganhando forma. Depois de feito, enxergo que Cortes Curtos é uma espécie de regressão que passa por todas as minhas fases: punk, sambista, experimental. Queria muito que falasse da cidade também”, afirma.
No Escuro
Crack pra Ninar
Sobre a importância que a linguagem do cinema e da literatura têm para sua estética e como faz para aplicar estas ideias na prática, o músico dá algumas pistas de compositores que o inspiram.
“O cinema é a arte que eu mais gosto e sinto prazer. Acabo usando a linguagem cinematográfica em tudo que faço, seja nos desenhos, música ou literatura. A literatura pra mim é fundamental pra usar a ferramenta da escrita, mas no caso das canções eu me inspiro muito mais pelas letras de cancionistas feito Noel Rosa, Aldir Blanc e Douglas Germano“, diz.
Nunca elitista, como denotam suas raízes no punk e samba experimental, a escolha de Kiko sobre o que está acontecendo de mais novo na música brasileira mostram que suas antenas se assemelham com a parabólica na lama, de Chico Science, ou mesmo da atitude tropicalista de confundir os pólos do que é definido como supostas alta e baixa culturas.
“MC Beijinho. Tirando ele, acho novidade o quanto artistas fora de gravadoras e grande mídia estão conseguindo gravar coisas boas”, conclui.