ATR por Guilherme Di Curzio
Em fase eletrônica, a ATR, nome destacado da cena de música instrumental no Brasil, prepara o lançamento do EP Mood. As quatro faixas serão lançadas como single.
Quebec Breeze, a primeira, é uma co-produção com o compositor, produtor, arranjador e multi-instrumentista Fernando TRZ e aposta numa estrutura complexa, com diversas partes e timbres, mesclando alguns elementos orgânicos, mas sem deixar de ser música pra pista.
A faixa tem referência da house music e de progressive house, mas ainda consegue imprimir uma assinatura própria da banda, com harmonias e melodias características. Leia nossa conversa com Juliano Parreira, baixista.
De onde vem o som da ATR?
Juliano – Acho que de toda parte. Nós sempre fomos muito abertos a escutar de tudo e isso se reflete bastante em nossa discografia. Atualmente nossa sonoridade vem da eletrônica, da synthwave, da música pop e dos grooves em geral.
Que características diferem a nova música instrumental brasileira dos grandes heróis do passado?
Juliano – Acredito que a música está mais acessível e pop. Anos atrás as pessoas ligavam diretamente a música instrumental ao erudito, ao jazz, ao choro ou à música clássica. Hoje a gente encontra um espectro muito maior de estilos dentro dessa cena, passando pelo rock, eletrônico, experimental, guitarrada, etc.
O que tá rolando de mais interessante na música hoje, na sua opinião?
Juliano – A gente sempre busca pesquisar e ouvir coisas novas. Recentemente conhecemos o Shintaro Sakamoto, artista japonês que faz um som incrível. Photay, Bonobo e Tycho nos inspiram bastante também com suas linguagens dentro da música eletrônica. Podemos citar também algumas bandas e artistas que são mais contemporâneos, apesar de já estarem há algum tempo na estrada, como Flying Lotus, Vulfpeck, BadBadNotGood, Rincon Sapiência e Baiana System.
Que características crê que sejam mais marcantes da sua geração?
Juliano – Acho que a gente vive num mundo caótico, com muita informação, tanto com boas e más intenções. Existe um mar de possibilidades e isso, às vezes, nos deixa sem saber para onde ir. Por isso somos muito privilegiados em ter a música como um objetivo coletivo da banda em nossas vidas.
Crê que exista algo na sua música que seja específico do seu lugar de origem?
Juliano – Sim. São Carlos não é a cidade natal de nenhum dos integrantes, mas nos encontramos lá e conhecemos boa parte das nossas referências artísticas por meio do Festival Contato, da Rádio UFSCar e de outros coletivos de produção cultural como o Massa Coletiva, a Casa Fora do Eixo e o GIG. Todos esse lugares, sons e pessoas proporcionaram o surgimento e a evolução da ATR.
Quais são suas referências estéticas?
Juliano – Atualmente, as bandas que citei como interessantes com uma pitada de “O Encouraçado Potemkin” de Serguei Eisenstein.
Quais são seus valores essenciais?
Juliano – Acreditamos que estamos em constante evolução espiritual. Buscamos agir com amor, lutar por igualdade racial, de gênero, social e econômica como podemos. Acreditamos na arte e na cultura como ferramentas de transformação social.
